sábado, 15 de janeiro de 2011

Constructos

Seriam, seguramente, para lá de uns vinte. Entre pequenos e grandes, homens e mulheres. Enquanto eles falavam, fumavam e esbracejavam, elas tomavam conta da criançada, parte considerável do número que atrás refiro. Os pobres, tiritando com o frio da noite, bebericavam leite, brincavam, ou aninhavam-se no colo quente, entre saias compridas e negras, único refúgio permitido. Nem bem percebi, o porquê de não mudarem o poiso, coisa que não fizeram enquanto lá estive. Era um deles que lá estava dentro. Nem sequer cheguei a constatar devidamente, se o assunto era sério, embora isso tenha depreendido, pela amargura da cara de uns, pelas lágrimas nos olhos de outras. Sempre me lembro de assim serem, sendo que este, já nem foi o primeiro episódio do género, ao qual assisto. Já os tive bem perto, com tendas montadas nas traseiras da minha casa, embora não vá perder tempo a falar disso por ora, que já o fiz por cá de outras vezes.
Ficou-me uma sensação que tenho desde há muito. Numa tentativa rebuscada de um povo perfeito, por certo a selecção seria apertada, difícil, que começaríamos logo, nas diferenças de perspectivas, e nos vários conceitos de perfeição, completamente subjugados a cada cabeça, capaz, como se diz desde sempre, de dar a sua sentença. Ainda assim, e na luz dos meus olhos, que me parecem dignos de seleccionar, pelo menos, para mim mesma, tenho já definidas meias dúzia de particularides que sacaria amavelmente a alguns povos ou civilizações, deixando-lhes a eles os desperdícios, que terão tantos. Como todos. Um crime ímpar, por mim cometido, catalogado na lei, e bem, de roubo declarado.
Não tenho dúvidas, de que aos ciganos, roubaria a união.

Vim e eles ficaram. Os mesmos, pequenos, grandes, homens e mulheres. O outro continuava lá dentro.

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