quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Da relatividade dos dias...

Há dias em que somos leves, outros em que pesamos, sem que isso tenha qualquer ligação ao tamanho do corpo. Ocorre por norma esta diferenciação, logo pela manhã, podendo o dia dar-lhe contornos suficientes para uma qualquer alteração, ou seja, passarmos de pesados a leves ou vice versa, ou não nos dar nada disso, e deixar-nos à mercê do estado matutino, que se prolonga até nova noite, novo sossego, hora em que o corpo desliga até novo despertar, que pode ou não estar condizente com a véspera. Nos dias em que estou leve, não peso nada, e embalo numa fluência que me sustenta, e que me torna os dias num doce deambular, deambular esse, que nem me suga qualquer tipo de energia, dado que o estado de espírito é de tal forma ligeiro, que a decorrência surge por si, sem qualquer preocupação, sendo que tudo acontece na hora exacta, no momento devido, no segundo esperado. E mesmo que tal concordância de tempo nem exista, que nos encontramos num mundo real, e perfeição é coisa que nem por cá tem cabimento, a leveza é tal, que o encaixe surge perfeito, e na falha do tempo perante nós, sucumbimos-nos nós a ele, numa doce entrega que em nada nos amargura. Nos dias em que peso, peso muito. Peso logo pela manhã, que insiste em tirar-me a cama que tanto me falta, para me atirar ao dia que parece engolir-me, ainda mal começou. A cada passo, pareço pesar mais ainda , para no final, já noite, acartar em mim um peso tremendo, admitindo aqui, como devem depreender, a ausência de um volte face misericordioso, capaz de me livrar da carga, e me deixar leve outra vez. Pesa-me tudo. Pesam-me os olhos que se querem fechar, pesa-me a boca que nem quer abrir, pesam-me as pernas que querem parar, pesa-me o intimo, que num apogeu da força me comanda o corpo, fraca coisa esta que nos encerra, que nos parece guardar, para no fundo, no fundo, não mais fazer do que o que lá de dentro se desmanda, numa supremacia interna tremenda, que tantas vezes negamos. Deveríamos ser complementares. Uma qualquer fusão corpo e mente, que nos possibilitasse uma coerência efectiva, e não nos deixasse subjugados ora aos desígnios de um, ora aos desígnios de outro, que pode também o corpo, pobre de si, quando em enfermidade mortal, emanar então de seu poder, para nos deixar num âmago de tristeza, e numa falência da mente. Divaguei entretanto, perdoem-me. Hoje peso que me farto. Pode ser que amanhã já não.

3 comentários:

Deixar um sorriso...


Seguidores