segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Crises ocultas

A fronteira é tão pequena que chego a assustar-me. Nem devia, bem sei, que o susto é uma grandeza sentimental forte e agressiva, que de nada nos vale em termos de solução de problemas. Poderá em alguns âmbitos mover mentes e passos, mas ainda assim, e na questão que por ora abordo, em nada consegue agir, pelo que o considero de facto inútil, sendo que o melhor que faria seria nem me sujeitar. Admito. Mas ainda assim, e de tanto sentir essa ligeireza de limites, fico um tanto ou quanto impotente. Talvez assustada, é isso. Temos dentro uma enorme proximidade entre o bom e o mau, o razoável e o exagerado, o inofensivo e o perigosos. Todos somos potencialmente ofensivos, em determinadas circunstâncias, e por muito que tenhamos arestas bem definidas. Uns mais depressa do que outros, é um facto. Mas a nossa natureza, defensiva, vingadora, dota-nos a todos de um instinto de sobrevivência suficientemente forte, para que em caso de necessidade, raiva ou revolta, sejamos capazes do que numa situação normal seria impensável. Todos nós. Isto estende-se a grandes dimensionalidades da nossa existência, que não vêm por ora ao caso, não por não serem importantes, mas porque hoje me preocupam outras questões. Hoje preocupa-me especialmente esta situação, esta facilidade de transbordo, quando a mesma se analisa à luz do estado de dificuldade em que se encontra o País. As atitudes cometidas pelos cidadãos poderão, sem entrar nos exageros que atrás refiro, começarem a integrar-se em patamares não desejáveis, numa tentativa de, desse modo, se superarem dificuldades. O que não se faria, pode tornar-se banal. Este caminho, aguçado por alguma ausência de objectivos e valores que já venho notando há tempo nos nossos jovens, só pode preocupar-me. A par e passo com a crise económica, perturba-me esta. Não tão evidente, mas tão ou mais assustadora.

3 comentários:

  1. Assustadora porque confere um caminho em direcção a um fundo negro, escuro, que é onde acabamos por ter de bater sempre antes de começarmos, novamente, a renascer. Veja-se a História. É que mais vale nem pensar nisso. Provavelmente é o inevitável e quantos mais pensamentos lhe dedicarmos mais depressa nos sentamos no buraco. É preciso ir lutando com as armas que temos e tentar a todo o custo manter a nossa integridade.

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  2. Não adianta invocar as bravuras de outros passados, nem basear-nos em exemplos recentes. Isto é grave, único, e sem rumo. Ninguém pode fazer prognósticos. Só depois do jogo. Se ainda houver estádio.

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  3. Sou professora e vejo e sinto isso todos os dias. Aflitivo...com belas exceções, mas aflitivo. Valores, não há. AEfetivamente

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