segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Livros

Memórias das minhas putas tristes, de García Márquez, é o que leio. Mais um dos que povoam a estante esquecida, entre as leituras obrigatórias, as leituras semanais, e um ou outro que surge nos entremeios e que fazem mesmo luzir-me os olhos. Pego nestas obras normalmente no verão, altura em que consigo algum tempo de concentração para ler os grandes da literatura. Deparo-me mais uma vez com o que encontro em tanto do que leio, e que trata histórias passadas em tempos distantes. Poderemos aqui considerar que neste caso específico se sente o facto por ter sido escrito por alguém com vida e obra feita, sendo o passado que lhe desperta a memória e a ideia, por ser esse que tão bem conhece. Ainda assim não me parece que os escritores da nova geração se descolem muito dos tempos de outrora, pelo menos em grande parte. Estou a lembrar-me sem grande busca do Livro, de José Luís Peixoto, onde se fala da emigração de há uns anos, ou da Máquina de fazer Espanhóis, de Hugo Mãe, que muito embora seja em parte de uma era mais actual, não deixa de esmiuçar um passado vivido em tempos Salazaristas. Não sei o que os move realmente, estou a limitar-me a constatar um facto que a mim me parece claro, mas não deixa de ser de elevado interesse de análise e debruce esta tendência que encontro frequente de contar vidas do antigamente, permanecendo os tempos modernos como qualquer coisa sobre a qual não apetece muito escrever, pelo menos em contexto romanceado. Poderão aqui entrar diversos desencadeadores, de ordem pessoal ou qualquer uma outra, e realço mais uma vez que não generalizo nada do que digo, falo apenas de uma tendência que encontro. A mim, parece-me que talvez trate a curiosidade e a vontade, quer do escritor, quer do leitor, de enveredar por terrenos que não nos pertencem, realidades que nos retirem do nosso espaço, do nosso mundo, da nossa vida, onde a experiência feita nos possa dar qualquer coisa nova, muito embora já seja velha. Mero palpite, claro, entre muitos outros que poderia dar sobre o assunto.

4 comentários:

  1. Gosto desse livro, sobretudo o humor que o personagem principal tem ao falar da ingenuidade da ninfeta diante dele, velho jornalista e narrador.

    Ótima semana para você!

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  2. Will Moa, votos de boa semana para si também. Quanto ao livro, parece-me de facto bom, como de resto todos os outros do mesmo autor.

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  3. Não foi dos que mais gostei, na verdade :). Quanto ao resto, podem existir duas razões para que se fale mais no passado, uma delas prende-se com o facto de ser necessária a devida distância das coisas. Quanto mais distante, mais rica pode ser a análise. Veja-se a Margarida, que tanto vende e conta coisas do presente - mais superficial e repetitiva não poderia ser e, no entanto, o povinho gosta (estou a pensar e a escrever ao mesmo tempo...Por outro lado o presente é sempre mais pesado - nós tendemos a esquecer as coisas piores do passado, a nossa memória guarda mais o que foi bom (isso sabes tu melhor do que eu), pelo que é mais susceptível de reflexão, de saudade, de melancolia - tudo coisas boas para a escrita :):) Beijinhos

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  4. Sim , passado tem sempre a melancolia que aguça a escrita como mais nada. A Margarida escreve qualquer coisa que não contabilizei aqui no texto que escrevi. Mas sim, vende, sem dúvida... García Márquez, bom vou a meio, logo se vê. O Amor nos tempos da cólera apaixonou-me, daí em diante gostei de quase todos...

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