quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Competências

Ontem um miúdo que me dava pela cintura resolveu colocar-me à prova. Confesso, é das piores coisas que me podem acontecer em contexto profissional. Aguento com choros, com raivas, com angústias e com fobias, como neuroses e esquizofrenias, com psicopatias e obsessões. Contorno-as todas com algum cuidado e muito rigor, e quase sempre acerto, ou no mínimo não falho, pelo menos redondamente... São os miúdos desafiantes que me testam a capacidade de resistência até ao limite, e me fazem sentir verdadeiramente a limitação. Não que ela resida só ali, mas é exactamente ali que a sinto muito. São eles que quase me vencem pelo cansaço, bocados de gente ainda a meio caminho, que se julgam, e quase que são, implacáveis. Respirei fundo muitas vezes. Contei baixinho e devagar, de forma certa a ritmada, a ver se a imposição que fazia ao meu corpo físico me chegava para todo o resto, enquanto medíamos forças em oposição. Não consigo muito bem definir o desfecho. Não me sinto perdedora, também não venci totalmente, mas ainda assim julgo ir no caminho. A gente pequena é de facto qualquer coisa com a qual é necessária mestria para se lidar. Melhor, para lidarmos connosco e com a interacção. Conseguem reunir dentro, formatados em cabelinhos leves, olhos doces e ares franzinos e angelicais, uma força que a deixarmos nos abate num minuto. Puxa, pá, não era precisa tanta competência.


4 comentários:

  1. Há miúdos difíceis. Têm mais competências? Não sei. Emocionalmente, deixam-nos de rastos.

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  2. :) Quando falo na competência, falo naquela específica, de nos testarem aos limites. Nas outras, depende... Os miúdos que testam fazem-no com um objectivo. Em terapia, e sempre, é preciso contrariar a tendência. E não é fácil. Nem em consulta, nem em lugar nenhum. Porque nos vencem, ou quase, pelo cansaço...

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  3. Esta competência vem toda da Natureza; é manifestação dela no bom e no mau. Não há nada mais competente, enquanto exame complementar, do que viver "um dia com um diabinho" para aferir quanto ao nosso estado mental geral. Faço demonstrações, caso necessário :)

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  4. Sei disso Paulo, mas há dias, confesso, em que alguns deles me levam ao limiar do desespero. Isto é dito aqui, claro, que no local mantenho a compostura, como não podia deixar de ser... :)

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