quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carta

"Olhas-me com ar de parvo, como se fosse óbvio aquilo que dizes, e fosse eu, a burra, ou assim, que não entendesse peva, porque tu explicas-te e muito bem explicadinho. Ora parando para pensar no que dizes, até que nem posso tirar-te a razão, que bom nas palavras, és tu que chegue, e só num aparte, que poderás considerar nem vir ao acaso, mas que me apetece por ora salientar, és bom noutras coisas também, é o que te vale. Numa imensa presunção a tua, caminhas na vaidade, por ser um caminho que percorres sem medo, no qual te encostas porque és bom como um raio, quando te vestes, quando te ris, quando falas, ai, quando falas então, julgas-te o supra sumo da humanidade, como se mais ninguém pudesse chegar-te, como se as tuas palavras, arrancadas lá de dentro de ti, fossem constelações iluminadas, de ideias e coisas interessantes, que só tu proferes e mais ninguém, porque mais ninguém consegue fazê-lo tão bem como tu. As tuas decisões também acartam qualquer coisa de grandioso, porque na envolta, esteja quem estiver, venha quem vier, ninguém te contesta, fazer o quê, tu és uma qualquer espécie magnânima, comparada, quiçá, áquele político, também ele fantástico, que nunca se engana, e ainda por cima, aquando do pensamento, raramente tem dúvidas. Nem importa o nome dele, que isso agora nem vem ao caso, importa sim, e muito, a capacidade de decisão, plena, concisa e precisa, que determinadas pessoas que são muito grandes, detém em seu poder. E isto ao ponto de toda a gente concordar, por nada haver para discordar, até porque, e se por mero acaso, algum lapso, improbabilíssimo, houver, depressa a tua capacidade de convicção, convencerá todos e mais um, de que o céu não é azul não senhor, mas sim de um creme acinzentando, uma cor quase indecifrável, que nem todos os olhos vêm, vêm os teus, que são especiais, os outros, pobres de Cristo, só vêm a banalidade. És grande, portanto. Gostaria ainda de dizer-te, que ao contrário do que pensas, a tua grandeza exacerbada, às vezes chateia, porque afinal de contas, bem vistas as coisas, e nem sequer és tão grande assim. Pronto, és grande mais ou menos, por assim dizer. E ainda, que existem algumas mulheres no mundo, não muitas, mas algumas, as suficientes, que acredito no equilíbrio, que são bem capazes de aturar um homem vaidoso por tempo indeterminado, por uma coisa chamada cama, na qual, aí sim, és de uma grandeza suprema. E isto para não me armar agora em Miguel Esteves Cardoso, que bem merecia aqui um elogio. Mas sou muito, muito, muito púdica com as palavras. Caso ainda não tenhas percebido."

2 comentários:

  1. LOL Agora imagina um gajo assim mas que até nem é assim tão grande...
    Eles andam aí...lol
    Um grande 2011 para ti.
    Bêjos (ando a treinar :):))

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