Já tinha escrevinhado sobre esse assunto. Hoje, resolvi desenterrar o rascunho, pelas mãos de um comentário que recebi que vai de encontro ao que sinto.
Preocupo-me com educação, enquanto mãe, enquanto profissional, enquanto pessoa. E sinceramente, quando me debruço a sério sobre as nossas crianças e jovens fico apreensiva com os caminhos que escolhem. E fico apreensiva, porque me parece que na nossa sociedade existem prioridades trocadas. Os pais de hoje, por motivos de diversas ordens, incutem valores e objectivos, quanto a mim, completamente desproporcionados ás necessidades do ser humano. Porque o materialismo substitui os sentimentos, a vaidade impera, o fim é ter cada vez mais, e não ser cada vez melhor. As profissões que ambicionam os nossos pequenos, são jogador de futebol, ou modelo, ou qualquer coisa de bem, onde pouco se faz pela Humanidade, mas onde muito se ganha. E onde o prestígio é palavra de ordem. Longe vão os tempos em que bombeiro ou polícia faziam os sonhos da pequenada, porque se salvava gente... É muito mais provável um adolescente saber quem é o Cristiano Ronaldo ou um Angélico, do que saber o que faz António Damásio, ou até, quem sabe, quem é o nosso Presidente da República. É mais do que certo, que exactamente a esta hora, se encontre uma percentagem considerável do País a jogar Playstation. Talvez uma meia dúzia jogue xadrez, e pouco mais estejam a ler um livro...
E o problema central, nem me parecem os interesses dos adolescentes, mas sim a banalidade com que se encara o assunto. Os jovens seguem os caminhos que sempre seguiram, fazem escolhas de jovens, têm interesses de acordo com essa idade. Mas precisam de uma voz de orientação. E o problema, é que não raras vezes, as vozes que ouvem (quando as ouvem) não são condutoras do bom caminho; porque os valores vigentes estão desfasados, perturbados, inversos.
Porque não é fácil o caminho do esforço, do conhecimento, da evolução. Porque é muito mais fácil o do facilitismo, da ignorância, do estático...
Não é fácil olhar para os jovens de hoje (meu deus, pareço um velho a falar) e ver a falta de hábitos saudáveis. Não falo da alimentação, mas sim da alma. A alma, o ser e o estar devem ser cuidados. São esses valores que tento incutir à minha filha. Mais do que explicar-lhe que deve ler, tento mostrar-lhe que ao ler podemos ser o que quisermos, estar onde quisermos. Saber falar é uma virtude. Não saber não é vergonha, perguntar não é vergonha, a curiosidade não é vergonha, é sinal de inteligência.
ResponderEliminarFaço o meu pequeno papel, como vejo que fazes o teu e espero, aliás, tenho quase a certeza, que um dia vai ser ela a olhar para o lado, e ver que é mais, não por soberba ou presunção, mas porque fez por isso e soube ser diferente.
Somos uma minoria, seremos sempre, mas estamos do lado certo.
Beijo
Ah pois é! É triste, mas é verdade. O que interessa é que se ganhe muito e se faça pouco... pode ser que seja o preâmbulo daquilo que o Homem, na verdade, sempre ambicionou. Não foi sempre esse o objectivo da tecnologia?
ResponderEliminar