quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ossos do ofício...

Hoje amanhece o sol. Já fora de horas, o calor matutino irrita-me. Rebusco nos recônditos do guarda fatos alguma réstia de um verão que já não me apetece. Escolho um vestido vermelho, umas sandálias, um lenço... Sou chata com estas coisas. Chata comigo mesma. Vezes sem conta me condeno pela minha necessidade de parecer bem. De condizer. Sinto uma necessidade de arrumação exterior, como se o interior estivesse de tal forma desordenado, que necessito de compensação. Num estudo profundo do meu ser encontro as mesmas lacunas e fraquezas que descubro, sob a luz da ciência, em quem me procura. Quase nem gosto de me analisar, tais as semelhanças que encontro. Porque no fundo, já me julguei uma personalidade perfeita. Como se elas existissem...
Necessito desta ordem diariamente. Fico vazia na sua ausência. Uma harmonia suave e serena, sem grandes aparatos. Subtil, penso eu. Mas onde me agarro como as lapas se agarram, e onde me refugio sem limites. Um dos meus maiores medos, é que a sua perca, que talvez chegue um dia, me abale de uma forma profunda. Num desespero das horas más, auto-convenço-me, que quando esse dia chegar, esta necessidade já tenha sido substituída por outra. Que poderá ser qualquer coisa, como ver televisão, ou fazer pão de .

4 comentários:

  1. "Sinto uma necessidade de arrumação exterior, como se o interior estivesse de tal forma desordenado, que necessito de compensação"

    com esta frase dizes tudo... once again, i see my self in your words....

    Beijo

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  2. Se eu não soubesse que não escrevo tão bem como tu, quase que diria que sou eu a escrever os teus textos, tal é a identificação com os mesmos (ainda por cima és CF - tal como eu!!)...
    Jokas

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