sábado, 30 de junho de 2012

Quase

Não tem nada a ver com futebol, que nem sequer lhe ligo por aí além. Tem a ver com todas as coisas, comigo, com os dias, com a vida. Não gosto de quases. O quase é qualquer coisa que me deixa com uma sensação amarga na boca que insiste em intensificar-se ao invés de se atenuar com o tempo. Lembro-me perfeitamente da amargura de um nove, ou pior, de um onze, nota que antecedia o doze exigido em algumas cadeiras da minha faculdade, para que mesma fosse concluída com sucesso. Ninguém percebia que um três ou um quatro me deixaria muito mais tranquila e sossegada. Com o onze estava de facto mais próxima, só que não estava no sítio, estava apenas ligeiramente abaixo, ou seja, muito longe e muito perto. Trata isto um mero exemplo, que a realidade é que os quases são mais do que muitos, povoam os nossos dias, o nosso dinheiro, a nossa vontade, os nossos sentimentos. Quase que te vejo, quase que posso comprar, quase que fui, quase que dava. Mas a verdade é que não vi, não comprei, não fui e não deu. Tudo situações de um aquém desconfortável que ninguém parece perceber, mas que todos já sentimos um dia. Talvez seja por isso que eu considere que deveríamos aboli-lo de uma vez por todas do nosso reportório de discurso, ou pelo menos não o utilizar em momentos de tentativa de animar o próximo. Aquilo do deixa lá, estiveste quase, não anima ninguém. Pois é, estive quase. E isso é que é do caraças.


( Quase perfeito.)

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