quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Irmã...



Temos nove anos de diferença. Faz hoje 24. Lembro-me, perfeitamente, do dia em que nasceu. Já antes de postar os pés neste mundo, era teimosa, a sacana. Duas semanas depois do tempo, e a mando do médico, a fim de não perder um ano de escola. Ninguém sabia se era rapaz ou rapariga. Eu queria uma irmã. O meu pai queria um filho. A minha mãe abstinha-se. No dia 31 de Dezembro de 1985, o meu pai, chegou a casa da minha avó, e disse-me, com umas palavras que não esqueço nunca, já lá tens a tua maninha. Eu, naquela altura ainda não sabia, mas fiquei rica nesse dia. Fiz-lhe um desenho, a dizer para ti, querida irmã. Fui vê-la, e achei-a horrível. Tinha um cabelo preto, uma cor vermelha, e era gorducha. Nunca me lembro de sentir ciúme, ou assim. Não, nada disso. Talvez pela diferença de idades, o que sentia, era sempre vontade de a proteger. Tivemos alguns acidentes de percurso, sob minha guarda, com olhos negros, e quedas da cama. Enfim, faz parte. Cresceu. Evoluiu. Ao meu lado e eu ao lado dela. Hoje, é uma Mulher linda. Nada a ver com o bebé rechonchudo, vermelho e despenteado. E linda por dentro, e isso, isso sim, é de um valor extremo.
Não sei muito bem descrever, o que é isto do amor fraterno. É daquelas coisas, que não sei bem pôr por palavras. Sei dizer que é grandioso, pleno e magno, mas ainda assim, não lhe faço justiça. Senti-lo, dá-me muitas vezes vontade, de dar um irmão ao meu rebento. Porque não devia privá-lo de um dos mais belos e puros sentimentos que sinto. Quem sabe, um dia.
Deixo-lhe aqui um beijo enorme. Deixo-lhe o desejo de que continue o seu percurso de forma calma e inteligente, como tem feito até agora. Deixo-lhe um louvor, pela pessoa que é. Deixo-lhe uma enorme admiração, pela força de perseguir objectivos. Deixo-lhe aqui, agora e sempre, o meu ombro de irmã. E deixo-lhe uma palmada, pela lágrima que tenho no canto do olho. Isto não se faz, sua malvada.

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