segunda-feira, 30 de maio de 2011

Impossíveis

Calço uma chinela de enfiar no dedo e dou-te a mão. O elevador de madeira leva-nos aos dois numa descida vertiginosa. Não gosto de alturas, e tu sabes disso. Olhas-me nos olhos, como que para me dizer que tranquilize. Eu não sabia, mas agora já sei, que tu voas e nunca me vais deixar cair. Ao longe, o mar mistura umas tantas cores, entre azul e verde, enquanto no céu, umas nuvens mirradas se tentam insinuar no calor do dia, as pobres, que nada podem perante um sol redondo e laranja, que as engole de vez, mal se lhe aproximam. Enquanto desço, pergunto-me para onde vou, eu, que nem sou de ir sem destinos. Ia em tempos, quando fui criança, e tenho saudades de ir sem medo. Hoje, e após muitos caminhos incertos por estradas perdidas, julguei-me capaz de certezas para sempre. De mapas com rota, de bússulas, na dúvida. Afinal, vai-se a ver, e a dúvida persegue-nos para sempre. Chegamos. A praia estava vazia, para além de mim e de ti. Possivelmente, poderia estar mais gente, mas eu não a consegui ver. A areia estava quente e queimava-me os pés, e resolvi correr para a água, fresca e limpa, onde apenas se boiavam uns limos, muito fininhos e dispersos. Sentamos, enquanto as ondas nos pincelavam os pés de alegria, de uma alegria doce e sincera, quase mágica e impossível. Gosto desta palavra. Quando acordada, teima em fugir-me, mas quando durmo, não pertence a mais ninguém.

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