quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dos príncipes e das princesas...


Não percebo muito bem porquê, mas temos uma necessidade urgente de respostas, clarezas e certezas, e um medo terrível do desconhecido. É inerente à nossa condição, eu sei, mas julgo, a cada dia que passa, que talvez seja mais sensato, por vezes, partir em busca de algo que não se conhece, com toda a insegurança que isso possa trazer, ao invés de ficar à mercê do conforto conhecido, que não nos dá prazer, nem nos faz felizes.

O ser humano segue um percurso, não é estanque, e é necessário encarar mudanças, alterações de perspectivas e evoluções, não paralelas... O ritmo a que evoluímos é diferente, e mesmo numa relação a dois, por muito que até exista amor, por vezes segue-se para dois mundos separados, muitas vezes antagónicos. Por circuntâncias da vida, sem qualquer imputabilidade.

Ensinam-nos desde cedo, a história do príncipe e da princesa, que se amam, e que viveram felizes para sempre; e nós, principalmente as mulheres que apreendem estas histórias como ninguém, revêem-se nelas e assumem o seu percurso de acordo com estes contos de fadas, que na maioria das vezes não são a realidade. E depois luta-se, muitas vezes arduamente, para manter esta linha de pensamento que nos foi transmitida, por mães, avós, e histórias...

Sinceramente, por vezes interrogo-me da abordagem mais correcta a ter com os nossos miúdos ou adolescentes; se convencê-los de que a vida é um conto de fadas, e que devem lutar para que assim o seja de facto, mesmo que um conto de fadas fictício, em nome da família, e das relações; se consciencializa-los que nos dias de hoje, a possibilidade do conto de fadas existe, e se o conseguirem, óptimo, mas se não o conseguirem, não devem atracar, e desistir de procurar um outro conto, onde se sintam em casa, em nome da felicidade de cada um. Pela minha parte, opto pela segunda; correcta ou não, na minha filosofia de vida é a única que me faz sentido, com todas as dificuldades que possa acarretar. E é isso que vou transmitindo ao meu pequenito, por palavras e por actos. Eu ainda apanhei um pouco dos contos de fadas, mas não fiquei enfeitiçada. Pena que quando olho em volta ainda encontro feitiços poderosos, daqueles quase inquebráveis. Mas julgo que no fundo, no fundo existe por lá o bichinho da revolução. Só custa dar o primeiro passo... Vá, vão ver que não dói nada...

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