segunda-feira, 9 de maio de 2011

Amola tesouras




Ele usava tocar ainda ao longe, nas portas da aldeia. Vinha numa bicicleta de roda larga, e nas traseiras da mesma, arrumava a preciosa máquina que permitia às Donas da costura, o uso de uma tesoura em condições. Todas o esperavam com anseio, e mal o ouviam ao longe, apressavam as lides, a fim de regressarem a casa depressa, não fosse o dito passar em vão. Mais um mês se esperaria, coisa deveras insensata, que a roupa, a precisar de ser costurada, necessitava de uma boa tesoura, artefacto imprescindível, para que a tarefa saísse em perfeição. Lá vem o amola tesouras, ouvi vezes sem conta da boca de minha avó, que cortava peles a eito, para proteger casacos, calças e outros que tais, ou não fosse ela, da terra dos curtumes.

Não sei a que veio. Nem sei se em sonho, se verdadeiro, que por vezes, no calor da noite, fico na dúvida, mas quase, quase que o juro real. Ouvido ao longe, tocado não sei por quem, o som do homem que amolava tesouras. Provavelmente, a profissão já se extinguiu, e por certo, o som que ouvi, virá de algum artefacto que o imita, usado por algum jovem a quem a noite deu para aquilo. Ou então, terei sonhado.

1 comentário:

  1. Extinta nada! Aqui para as minhas bandas está viva e de boa saúde! Há pelo menos dois amoladores de gaita nos beiços :) Um anda de bicicleta, outro de motorizada, mas quando tocam a gaita, em frente às habitações, levam o transporte à mão. :) Os preços é que treparam, mas tratam de tudo, até das varetas dos guarda-chuva. Não há muito tempo mandei afiar umas poucas de facas e algumas tesouras e ia caindo para o lado quando foi para pagar. Não volto a cair noutra, a não ser que os instrumentos sejam tão caros que justifiquem o preço do arranjo. :):)
    (Grata pelas tuas palavras :):))

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