terça-feira, 29 de maio de 2012

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Encontro com frequência a preocupação com o pormenor. Não lhes retiro valor, constituem pequenas coisas que poderão até ser significativas, sendo que frequentemente nos debruçamos sobre elas e gostamos de senti-las, de cheirá-las, de as arrumar no nosso corpo de forma consciente e intencional, a fim de que nos aqueçam os dias menos proveitosos em termos de ganhos palpáveis, e nos substituam sentires que por vezes não estão. Fazem parte de nós, constatamos. Apesar disso, centro-me por norma no todo, faz-me muito mais sentido, sendo que faço por norma o caminho inverso na generalidade das minhas situações. A envolvência, o equilíbrio, a sensação geral do corpo assume-se como o centro da minha vida, sendo que só depois esmiúço os compostos. Quando paro e disseco vidas alheias ou não, preocupa-me honestamente o sentir, a generalidade do que se dá e do que se recebe, sendo que pequenas coisas desenquadradas podem passar-me despercebidas. Não deixarei por certo de as simbolizar e de as arrecadar cá dentro de forma particular e cuidada, mas evito transformá-las em cismas concretas que aniquilam saberes que tenho, conhecimentos que construo, realidade que apreendo, acções que tomo.
Valorizo igualmente os padrões de acção opostos, claro, mas honestamente falo nisto porque me parece que em termos sociológicos deveríamos tentar qualquer coisa semelhante ao que descrevo. Partirmos de um todo e deixarmos de nos centralizar apenas na nossa individualidade, que mais não é do que um pormenor quando inserida numa sociedade carente. Parece-me, e na minha humilde ignorância, que o único caminho será a saída do corpo e a inclusão do mesmo numa rede social e abrangente. Uma acção consciente do nós e não uma acção centrada no Eu. Senão vejamos; conseguiremos nós trilhar caminhos tortuosos, mantendo a postura centrada nas nossas necessidades? Ou ganharemos mais se  individualmente fizermos um trabalho de auto-análise, centrado na nossa capacidade de agir em consonância com o que poderá ser benéfico a todos, ao invés de embarcarmos na visão egoísta do cada um por si?
Perante estas questões chegam a responder-me ser a única forma sensata de sobreviverem. Se o outro age erradamente, farei igual, porque ao senão saio a perder, ponto. E será que não nos vem ao pensamento que se todos fizermos erradamente e individualmente, caminharemos para um caos social, onde os individualismos supremos nos transformarão em qualquer coisa estranha, isolada, oportunista e falível?

( Sim falível. Não existimos enquanto seres isolados, apenas existimos em sociedade. Vale a pena atentarmos nisto.  Aceito obviamente contrapontos e visões distintas, aliás, agradecia. É sempre bom que hajam ideias tão ou mais válidas do que as minhas, que na verdade são um tanto ou quanto pessimistas, por vezes até depreciativas.)

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