quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desamor

O desamor sente-se tal e qual se sente o contrário, por quem está perto. O desamor nasce de um viver afastado por dentro, de percursos inacabados, de caminhos distantes. Há quem julgue que o desamor sobrevive na penumbra dos dias, sem que ninguém o veja e sem que cresça e dissemine. Temo que não seja verdade, muito embora não possa dizê-lo a viva voz, não o conheço muito ao pormenor, encontro-lhe apenas as consequências. Ninguém deveria ser obrigado a viver à beira do desamor. A carência interna deverá ser de tal ordem, e ainda que eventualmente camuflada,  que poderá contaminar a envolta e deixá-la submissa ao estado de ausência permanente, como se de uma normalidade se tratasse. A ausência não trata uma normalidade, pelo menos uma normalidade saudável e evolutiva. A ausência trata vazios de relação, que não são mais do que carências e privações, às quais ninguém deveria sujeitar-se. Fazem-no sempre em prol de, num percurso provavelmente descabido, também ele consequente.

2 comentários:

  1. Vejo o desamor quase como um castigo. Não para quem o sente, mas para quem persiste em dar. Oferecer desamor é quase tão desgastante quanto morrer aos bocadinhos em sofrimento contínuo e agudo...

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  2. Paulo, parece-me triste para ambos os intervenientes, que insistem numa proximidade longínqua e irreal. Um castigo, sim, sem dúvida alguma...

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