sábado, 16 de janeiro de 2010

Memórias...


O meu filho quis, e eu deixei. Existem hábitos, intrínsecos de cada família, mais ou menos saudáveis. Que fazem parte, que se assumem como tradição, que se tornam lugar comum. Surgem, de acordo com as prioridades de cada um, que diferem, obviamente. Lembro-me de, em pequena, a minha mãe me barrar o pão com manteiga. Sempre com manteiga, e nunca com Tulicreme, que me fazia mal aos dentes, e outras coisas terríveis. Na casa da minha amiga C., o pão era caseiro, cozido no forno a lenha da avó, e barrado com Tulicreme. Não havia para mim melhor pitéu, que lambuzar-me numa fatia de pão quente, devidamente barrado com o dito chocolate. Que ficava assim, muito derretido, e com um sabor indescritível. Na casa dela, era saudável, na minha não. Como era saudável e normal, aos fins de semana, ela ficar noite dentro, com a mãe, que realizava tarefas de costura. Na minha casa, mesmo ao fim de semana, a hora de ir para a cama, era um ritual quase sagrado.
São normais estas diferenças. São normais diferentes ritmos, diferentes prioridades, de acordo com a vida de cada um. O que é vulgar numas casas, em outras é quase tabu. O meu pequeno J., bebe leite com mel, o meu vizinho de cima, bebe com chocolate. O meu J. faz desporto, porque considero importante, outros não o farão, pois não se encaixa nas suas prioridades. Terão outras, não melhores, ou piores. Simplesmente outras.
Ontem, ás 10 da noite, o meu pequeno foi convidado a comer pizza, na casa do vizinho, após já ter jantado, lavado os dentes, e afins. Resisti, mas cedi.
Eu, também lanchava, o tal do pão com manteiga, para depois me empanturrar de pão com Tulicreme na casa da vizinha. E nada me sabia melhor. Mesmo já de barriga cheia.

Nota: O rapazito não gosta de Tulicreme, Nutellas e afins. A minha linha agradece. Mesmo.

2 comentários:

  1. E é saudável quebrar as regras de vez em quando, para alargar horizontes. ;) (Detestava tulicreme quando era miúda, mas já o nucrema, lembras-te? hmmm...)

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  2. Lembro-me quando era pequena a minha mãe por volta das 18 horas tinha que ir trabalhar e só regressava a casa juntamente com o meu pai por volta das 23h. Deixava-me sentada à mesa com o jantar ainda a fumegar. Todos os dias me recomendava que só podia sair da mesa depois de comer tudo. Preparava quase sempre refeições do meu agrado, bife com ovo estrelado e batatas fritas. Assim que ela voltava costas corria para casa de uma vizinha que tinha uma filha mais ou menos da minha idade. Chegada a hora de jantar na casa da vizinha, a filha dela ia comer o jantar que a minha mãe tinha preparado com tanto carinho, e eu sentada à mesa com vizinha comia o jantar da filha dela, sopa de tomate com ovos, sopa de hortaliça com cheiro de carne, sempre sopa.Esse ritual manteve-se durante muito tempo
    Ainda hoje me recordo o paladar daquelas sopas, que eram tão deliciosas.
    Questiono-me seriam as sopas ou a companhia à hora de jantar………A minha mãe só muito mais tarde é que soube dessa troca, não ficou magoada mas muito intrigada ………….

    TIA COMPLICAçÕES

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