domingo, 28 de fevereiro de 2010

Formiga

Acabo de ver um programa de insectos. Eu, uma insectofóbica assumida, presto-lhes aqui um louvor. A todos, especialmente à formiga. Que daquele tamanho, consegue ter uma capacidade de trabalho acutilante. Uma força ímpar, e melhor, uma organização colectiva fabulosa. Deveríamos, eu incluída, ao invés de as exterminar, aprender com elas.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Diz que é uma espécie de feira...



Diz que sim, diz que sim. Estas, são daquelas que só visto...

Vencer

De vez em quando necessito de tomar contacto com pessoas vencedoras. Hoje encontro algumas numa revista de referência. Encontro ainda outras ao vivo. Coincidência ou não, chegaram exactamente na altura, em que eu precisava que elas chegassem. Destino, é o que é. Existem momentos do caneco, que nos fazem sentir que vencer é para os outros, porque nós, vamos mesmo é encostar. Era quase como eu estava, e agora já não estou. Nos entretantos comi um pastel de nata e bebi um cappucino. Com o aconchego, ainda que simples, senti-me ainda mais vencedora.

Filhos de quem?

Apanho num Jornal regional, o caso Esmeralda. Estou farta dele, e da ligeireza com que se tratam vidas em Tribunal. É ponto assente que os filho são para estar com os Pais. É ponto assente que eles são porto seguro, e devem zelar por eles. Pior, é que nem sempre é assim. Percebo que são assuntos delicados. Percebo que para quem avalia, nem sempre, ou melhor, quase nunca, é fácil perceber, onde está gente capaz, e onde começa o desleixo. Relembra-me uma das minhas lições de vida. Quando, ainda na CPL, me deparo com um caso que me marcou. De uma mãe, que surge numa reunião convocada por mim, e que não via o filho há cerca de um mês. Consegue chegar, entrar, refilar e reivindicar E consegue ainda não olhar para o filho, que se encontrava à minha beira, e a olhava com esperança. Nos olhos dela, apenas li ódio, desgraça. Até podia ter sido indiferença, mas não. Era ódio.
Aquela criança, estava confiada à Instituição, como tantas outras. Mas existem muitas que não estão. Que vão estando aqui, e ali. Entregues por ora a uns, para daqui a um tempo estarem entregues a outros. Os Pais, vão muitas vezes aparecendo. Dando um ar de sua graça, quando se lembram, nas férias, ou no Natal.
Sou extremista nesta minha opinião. Muito. Sou completamente a favor de cortes definitivo quando os progenitores não oferecem segurança, garantia, colo e protecção. E se eles se lembrarem 5 anos depois que são Pais? Paciência. Tivessem lembrado mais cedo, que ser Pai, ou Mãe, não é por fases, é para sempre. É que 5 anos depois, a criança tem história. Ás vezes família protectora e cuidadora. Acho um crime reverter situações assim, por um reinicio incerto, inseguro, e muitas vezes perigoso. E se os Pais mudaram, não têm direitos? Têm, claro que sim. De se reorganizarem, de se reconstruírem, de manterem uma eventual relação de retaguarda. Há oportunidades que a vida dá, que se perdem. E que uma vez perdidas, estão perdidas e pronto. Principalmente quando está em causa o bem estar de uma criança indefesa, a quem a sociedade deveria proteger a todo o custo. Já que quem o devia fazer, se demitiu. Temporariamente ou não, demitiu-se.
Preservo as crianças, em vez dos pais. Perturba-me quando a lei, preserva o contrário.
Quem não consegue olhar nos olhos, decerto não conseguirá olhar com o coração. Ando com os olhares eu. Gosto deles, e olho para o meu filho sempre com os mesmos, com que os meus Pais olharam para mim. Não imagino outros. Pena que na nossa Sociedade, não cheguem para toda a gente. Coisas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Bolachas de amêndoas e mel

Chove lá fora. Cá dentro, come-se bolachas com amêndoas e mel. É este um dos perigos do Inverno. Come-se, para aquecer o espírito. Ás vezes, faço outras coisas menos ofensivas à linha, como tomar chá, por exemplo. Mas hoje as bolachas impõem-se. E eu, submissa, deixo.

Olhares

A minha avó já dizia que quanto mais alta a subida, maior a queda. Quem me lê, já sabe que me valho amiúde dos seus nobres saberes. Eram, saberes de anos, aqueles. De anos e de sofrimento, que digam lá o que disserem, mas para mim, são os que melhor se aprendem, pela força que acartam. A minha maneira de estar na vida, leva-me a ter posturas que ás vezes me questionam. A mim mesma, pois, que para vergonha da minha existência, nem a mim me entendo. Quando me atingem a frio, reajo. Ás vezes brusca, atravessada, como dizem alguns. Mas o rancor não entra cá em mim. Ou se entra, perde poder, e arruma-se, ou algo do género. Pelo menos com o tempo. Sim, eu sei que o tempo cura, e assim, mas julgo que seria suposto, algumas marcas ficaram cravadas no corpo. Assim, como fica nos cavalos, quando se chapa a ferro quente. Eu sou em tudo diferente. Não me esqueço das coisas, não me volto a dar, mas consigo olhar para as pessoas com olhos de pena. Não que isso seja uma qualidade, ou uma mais valia. Até porque os olhos de pena são algo que me causam desprimor. Algo que dispensava sentir. Mas sinto. Ponho para trás o acre do orgulho, e olho para a Pessoa. Como ser, como miséria, como o que for. Mas voltando ás quedas, há quem já tenha estado alto. E quando se está alto, é fácil olhar de cima. Não é sensato, é um facto, mas é fácil. Diria mesmo que tentador. Depois, quando se cai, se se chegar a cair, claro, o olhar muda. Impressionante, como a mudança é profunda. Acho que é esse olhar, que já me olhou de cima, para agora me olhar de baixo que me incomoda e me faz sentir a tal da pena. Isso, e o facto de não perceberem que os olhares, deveriam ter todos a mesma altura. Sempre.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Paleontólogo, mas pouco

O meu pequeno J., quer ser Paleontólogo. Julgo que à semelhança de mim, que quis ser bailarina e cantora e outros sonhos de criança. Ainda assim, e não obstante ser talvez, apenas e só, uma ilusão infantil, todos o levam muito a sério. Foi-lhe pois ofertado, um kit de paleontologia. Com direito a esqueleto enterrado, do belo do dinossauro, martelo, escopo e óculos de protecção.
Dá-se pois inicio à nobre tarefa, de trazer a ossada, à luz do mundo. Morosa, é um facto. Tanto, que o petiz, tomou uma atitude. Desaparece, e aparece escassos minutos depois, já com o esqueleto cá fora.
- Olha mãe, pus dentro de água durante um bocado. Assim, saiu num instante. Já nem é preciso martelo, nem nada.

Encontro-me pois em acérrima pesquisa. De como adaptar estas fantásticas alternativas de rapidez, na minha querida profissão. Calma... Prometo partilha, em caso de descoberta.

Futilidades


Eu, que nem sou dada a publicidades, tenho de publicar por cá, a minha mais recente descoberta. Já experimentei 1001, e nada se assemelha. Fantástico. Para mim, claro.

Facetas

Ao abrigo da 3 Edição do Lisboa Restaurante Week, os Grandes da cozinha Lisboeta vão entrar em saldos. O meu coração encontra-se pois, dividido. Entre as grandes Tasquinhas, do chouriço e da orelha, da minha modesta Cidade, e o requinte e distinção de alguns dos aderentes, da minha querida Lisboa. Se o tempo me deixar, vou dividir-me. Sou amante de realidades distintas. Tanto me sabe bem a sangria no copo de plástico do pavilhão empoeirado, ao som da bandinha da alegria, como o mais distinto dos vinhos no copo grande de pé alto, num ambiente selecto e calmo. Diferentes facetas num corpo só. Maravilhas da vida, é isso.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

defeitos

ás vezes concluo que sou de facto preguiçosa. no meu humilde estaminé, não reside uma ficha tripla. o que faz com que rádio, termo ventilador e carregador do móvel, tenham apenas um poiso. comecemos. se oiço música, tenho frio; se me aqueço, estou no silêncio; se a bateria se esvai, nem música, nem aconchego.
é ela, a malvada da preguiça. há, e a cabeça no ar, claro. que ruma à loja para isto e aquilo, mas nunca, para a ficha tripla. defeitos, como quaisquer outros.
conforta-me saber que vem aí a primavera. e que a disputa vai passar a ser muito menos renhida.

Mensagens e polémica


Há imagens poderosas. Porque nos tocam no íntimo, porque nos despertam reacção. Porque imploram sentimentos, e não permitem indiferença. Quem não se lembra desta campanha de protecção contra o HIV? Esta e outras, tão bem conseguidas. A recente polémica na França, que insere num mesmo slogan tabaco e sexo oral, parece-me patética. Não discuto outros sentimentos implícitos, mas duvido que atinjam o alvo. Polémicas, mas bem conseguidas, parecem-me bem. Polémicas só porque sim, acho de todo dispensáveis.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Regressos

Os olhos no canal do pequeno transportam-me. Viajo no tempo com uma facilidade brutal. Nada me segura, se o assunto é regressar. Recordo os cheiros, as caras, os sorrisos. Na minha Escola fui muito feliz. No meio do quadro a giz, velhinho e gasto. Da biblioteca parca, fechada no armário. Das mesas e cadeiras de madeira lascada. Do recreio com grades altas. Dos desenhos feitos por nós, e colados na janela. Dos carimbos, que faziam as minhas delícias.
Na hora do intervalo, fazíamos uma fila para o leite escolar, e disputávamos entre nós, a caixa de cartão, com um desenho no fundo. Na hora da brincadeira, dividíamos o espaço dos meninos e das meninas, com invasões doces e ternurentas de ambos os lados. Fui pedida em namoro, pela primeira vez, no recreio, atrás de uma árvore do jardim. Disse que não, mas fiquei arrependida por muito tempo. Apesar da nega, ainda me roubou um beijo, o sacana. A minha avó dizia que eu era fresca, e mal sabia ela, a razão que tinha. Ele chamava-se Bruno, e não sei onde pára hoje.
No armário mais lindo da escola repousavam os fantoches. Fechado a sete chaves pela Professora. O Teatro surgia uma vez por semana. Os fantoches emergiam, ganhavam vida própria, e eu amava.
Hoje vi no Panda uns assim. Vou construir um com o meu filho. Os tempos agora são outros, e na escola, para além de aprenderem letras e números, eles jogam Farmville.

Chás

Os chás têm de facto poder. Se não no físico, pelo menos, no psíquico. Sempre gostei deles. Coisa que amo de paixão, é palmilhar a Baixa Lisboeta. Parar na Brasileira, não para o chá, mas para o café. Subir as escadas do Elevador de Santa Justa, passar na Carrinha do Fado, e ouvir a minha Amália a cantar. O verdadeiro Fado. Depois, passar na loja do chá. Onde encontro mil frascos ás cores, cheios de flores mágicas. De volta a casa, trago um pouco de Lisboa comigo. No saquinho, no ouvido, espalhada por mim.

Constatações

Nos dias em que aos meus olhos, o banal se torna insólito, urge-me pensar que o meu Eu está a modos que cansado. Olho em volta, e descubro isto e aquilo que me desagrada. Que me desagrada sempre, mas que vai acontecendo. E nos dias normais passa-se, corrige-se, emenda-se. Nos dias da minha neura, assumem um carácter tenebroso. Como se de assuntos extremos se tratassem. Sinto que perco clareza, e não, não gosto. Vou até ali, beber um chá de camomila.

Felizmente descortino, que o mal, não está nos outros, está em mim. É uma clareza, que me persegue. E que protege os outros, dos meus instintos de malvadez.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tranquilidades


A insónia da noite, e o cinza do dia, fazem-me querer férias. Férias de cá, do sítio, das gentes. Apetece-me cor e brilho com uma intensidade fugaz. Partir em busca do nada, senão disso mesmo. E da paz. Daquela que ás vezes, já desconheço. Por se perder, clandestina, nas ironias da vida.
Destino? Não me importa lá muito. Importa-me ir, e voltar em sintonia. Comigo. Numa ingenuidade latente, como se a tranquilidade fosse, uma realidade além. Ela, que é tão interna, como nada mais.

Incoerências

Existem noites daquelas estranhas. Em que o sono aparece, para depois se sumir, como se não fizesse falta nenhuma. E não faz, de facto. Na hora em que me aninho no sofá, e pego no comando da televisão ( que lá em casa é muito meu), e faço o zapping que me apetece. Ontem, descubro a Jura. Novela tipicamente Portuguesa, com um elenco aceitável, e com uma história de relações, do melhor que há. Segui-a em tempos, sem lhe entender a fundo a essência. Agora, percebo-a ao pormenor. Há coisas que temos de ver, ou fazer, pelo menos duas vezes, para as encaixarmos. No meio de histórias de Homens e Mulheres, descubro as sozinhas, que gostam de o ser, as solitárias que detestam sê-lo, as acompanhadas, que no fundo, estão sozinhas, e as que não sabem muito bem se querem estar sozinhas ou não. Todas, devidamente acompanhadas da respectiva crise existencial.
O sexo masculino, como sempre, joga em casa. Sozinhos ou acompanhados, não importa. Alguns, dão-se ao luxo de várias companhias. Para que monotonia neste Mundo de obrigações? Invejo a simplicidade dos Homens. Não há dúvidas, de que possuem uma capacidade de adaptação muito superior à nossa. Para eles, tudo é simples. E nós, ou não fôramos Mulheres, invejamos-lhe esta capacidade até à exaustão. Por isso os criticamos tanto, claro.
Entretanto adormeço a tentar encaixar-me ali. Não entro muito bem em nenhuma das opções, mas quase. Descobri outro dia, quando uma amiga me perguntou, e agora, se ele quisesse? Fingi-me de parva, mas ela topou-me logo, a malvada.
Agora, na manha de chuva, irrito-me à brava. O sono de ontem faz-me falta agora, o bandido. Ainda um dia hei-de conseguir controlar estas coisas. Do sono, dos tempos, e da incoerência dos meus sentimentos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gato ou algo do género...



Hoje, fui para ali armar-me em gato, e comer peixe cru. Gosto de ambientes que não são meus. Talvez porque sei, que daí a pouco, volto à minha casa.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Será piroso?


Hoje fala-se de pirosice. Diz que são coisas de mau gosto e assim. Já que se fala, que se postam crónicas sobre, que dá origem a revistas, eu, CF Maria ( ophs, será piroso?) também posso opinar. De expressão profundamente relativa, é uma palavra que me faz pensar amiúde. Entra em diversos conceitos, formas de estar e opiniões. Crescimentos, personalidades e afins. O que para mim poderá ser piroso, para ti, pode não ser. O que em mim pode ficar piroso, em ti, pode não ficar. O que num contexto é piroso, noutro pode ser um must. E por aí fora. Eu, amo vestidos ás flores. Com os quais, fico deveras pirosa, na opinião de alguns. Amo ainda música brasileira, que há mais quem ame, e há quem deteste. Amo a Nazaré, local extremamente brejeiro e piroso, para muito boa gente. Não amo, mas já amei mini saias. Não amo, mas já amei brincos de tamanho considerável. Não amo, mas já amei o Bryan Adams. Não amo, mas já amei andar com a barriga à mostra. Hoje, para mim, tudo isso é de mau gosto. Ou seja, piroso. Na índia, por exemplo, veneram-se túnicas, cores, toucados. Em nada exagerados por lá. É hábito e basta. Por cá, se eu sair para a rua vestida de Indiana, decerto me acharão uma pirosa do pior calibre.
Obviamente, que existem coisas de mau gosto, e pronto. Uma camisola vermelha, com umas calças laranja e um chapéu azul bebé, será muito mau. Ontem, hoje, amanhã, aqui e na China. Mas isso serão as excepções. A regra, diz-me que, muitas vezes, o piroso está nos olhos de quem vê, e não no corpo de quem veste.
Importante ainda, é analisar a atitude de quem faz. Aí, é que, na minha óptica, reside a essência da pirosice. A naturalidade é uma coisa fantástica. E o saber postar determinada coisa com estilo, tem que se lhe diga. Adoro ver A Kate Moss, enfiada numas leggings, numa túnica, e despenteada como se acabasse de acordar. Assume essa postura com a maior naturalidade do mundo, o que lhe dá aquele ar kitsch inconfundível. Eu, pareceria um alien se saísse à rua assim. Porque não é o meu registo, e não estaria à vontade. Mas posso sair com uns salto agulha, um vestido justo e uma écharpe. Sentir-me-ei em casa, sem dúvida. Muitas, de corpo e pose para o fazer, não conseguem. Tremem e abanam em cima de uns saltos. Assustam-se com uma roupa mais justa. Fogem de um blazer, de um lenço, ou de uma jóia. E perdem a naturalidade, se os usarem. O que nuns é estilo, noutros nem tanto.
A pirosice, assume-se pois, como uma relatividade absoluta. Depende. De quem olha. De quem veste. De quem sente. De quem faz. Onde, como, quando, e afins.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tretas

O diz que disse tem uma força tacanha. O faço e aconteço também. Verifico-o sempre que dou o poder da palavra. A possibilidade do manifesto. É exactamente aí, quando tudo se impõe, que tudo se cala. Eu, apelido este estranho facto, de cobardia. E ainda, num Português rebuscado, de sabichonice da treta.

PAI

Em criança, tinha fama de pirata. De partir braços, pernas e cabeças do pessoal comparsa. Ao ponto da minha avó ter de o prender por uma corda, a fim de o sossegar. Então, numa de rebeldia, comia os feijões do prato do gato, e outras coisas assim. Talvez por isso, a sua inteligência ficou um pouco adormecida na adolescência. O que fez o meu avô, esperar noites a fio, na porta da escola, a fim de sua Excelência estudar. Tarefa difícil, essa. Ele estudar, estudava. Não era nos livros, mas que importava isso?
Conheceu a minha mãe, e foi para o Ultramar. Escreveu-lhe mil cartas de amor. Daquelas à séria, com papel, caneta e sentimento.
Regressou, casaram, e entretanto eu apareci. Em pequena, ele pegava-me ao colo, e gritava coisas estranhas, como viva o Sporting e assim. Eu, felicíssima, ainda sem compreender a dimensão da coisa, vibrava com os seus abanicos e gritava também. Foi sol de pouca dura, que acordei para a vida entretanto.
O seu percurso abanou-o, e fez com que quisesse evoluir. Estudou, desde o nono ano, até à faculdade, já com as duas filhas por cá. Trabalhou de dia e estudou de noite com um afinco inigualável. Sem repetições, ou interregnos pelo caminho. A sua capacidade de luta, sempre me motivou. Acho que lha herdei, e ainda bem que assim foi. Deixou-me ainda outra herança importante. A da hombridade, seriedade, e outros valores vincadíssimos que possui, e dos quais tento apoderar-me, a cada dia que passa.
Tenho um imenso orgulho nele. É um Homem com um H imenso. Faz anos hoje. E é MEU PAI.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

excessos

ás vezes sinto-me intolerante. defeito assumidíssimo, entre outros, que surge, principalmente, quando me dou em demasia. não que espere algo em troca, quando me dou. isso seria egoísmo. mas a extrema passividade de reacção, perante algum esforço que exerci, no sentido de alguém, perturba-me. a ausência de um sorriso, ou algo assim. como se o caminho que percorri, não raras vezes sinuoso, não fosse nada. e fosse exactamente igual, a ter ficado quieta. concluo, no entanto, que o maior defeito, não é a intolerância. é a dádiva desmedida, mascarada de qualidade. é um excesso e chega.

Édipo

O Rei Édipo está no Dona Maria II. Um dos mitos da Antiguidade Grega, onde Édipo mata o próprio pai, e casa com a mãe. Mito recuperado, reformulado, e analisado até à exaustão por Sigmund Freud. Devorei livros de Freud, não por simpatia, mas por curiosidade. A teoria da sexualidade, é sem dúvida um dos seus trabalhos mais marcantes. A par e passo, com as teorias de interpretação de sonhos. Ambas peculiares, rebuscadas, e de enorme carga psicanalítica.
Estou capaz de ir ver a peça. Mais uma vez, por curiosidade. E pelo Diogo Infante, claro.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Grandezas assim

Tu já és grande querido.
Pois sou mãe, eu sei...
Isto era eu e ele, hoje na porta do ATL. Muitos meninos, mas nem um da turma dele. A ele custou ficar. A mim, custou deixar. Ser mãe também é isto. É o tem de ser. É o tem de ficar. É o tem de crescer. É o autonomizar. É o doer como um raio, mesmo quando eles já são grandes. Ou um pouco menos pequenos. Um pouco menos pequenos soa melhor. Grande, sou eu. E é para mim, não é para a minha mãe.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Valores

Era Doutora de Farmácia. A idade levou-lhe a clareza, e a demência apoderou-se do seu corpo, por demais magro e definhado. Ficou ali assim. Não ao abandono de todos, mas ao abandono de muitos. Daqueles que pôs no mundo, por exemplo. Não sei se existirá abandono maior. Tinha posses, geridas à distância, de onde se tirava o necessário ao seu sustento. As comunicações eram feitas por telefone, ou por email, que era o mais fácil. Uma vez por mês, no máximo.
No guarda roupa, e já com cheiro a naftalina, repousa o casaco de Vison, do melhor que pode haver, e motivo importante de disputa familiar. Era o bem mais desejado, aquele.
Entretanto morreu. Não o casaco, claro, mas a Doutora de Farmácia. Uns dias antes, lia a revista Caras na perfeição, e via as fotos com uma admiração e bom gosto, dignos de uma, ainda Senhora. A Agência vem, e veste-a. Estive quase a mandar-lhe a porcaria do casaco vestido. Era dela. Não mandei, não por falta de vontade, ou por receio de reacções. Mas por uma questão de bom senso, já que ninguém mais o tinha. Correria o sério risco, de em plena cerimónia fúnebre, lho arrancarem do corpo, sem dó nem piedade.
Já o vieram buscar, claro. Conheci-os finalmente, dois anos depois. Gente que olhamos, e até parece normal. Coisa estranha esta.
Tomei consciência, mais uma vez, da divergência de valores. Da fraqueza da vida e do poder de um casaco.

Da noite...

O meu blog anda guloso, como se pode ver. Ou é isso, ou é a autora que anda, mas não me parece, tamanha desgraça. Hoje, a coisa está especialmente assanhada. Depois de uma noite de folia carnavalesca, daquela mesmo à séria. Quando já na última da hora, o frio teimava em fechar-me em casa, eis que surjo eu, em todo o meu esplendor. Gosto do Carnaval, que se há-de fazer? Não enfio nada de especial. Não planeei máscaras a rigor, e a alternativa que me propuseram, era demasiado fria para a noite de inverno que se fazia sentir. No baú das arrumações, descubro algo que me faz as delícias. Um vestido ás flores, estilo anos 60, uma peruca preta e esguia, na qual postei uma flor, uns óculos redondinhos minúsculos, e umas botas pretas. Por cima, o meu casaco de napa, quase tão velho como eu, e russo que se farta. E ai vou eu. Fui, e vim feliz. Olhei em volta, e vi mascados sem fim. Uns giros, outros medonhos, desde Diabos a Anjos, a Palhaços, e outros assim. Vi boas disposições, e outras aquém. Talvez seja isso mesmo um dos factos pelo qual regressei plena e leve. A minha capacidade de diversão. E a minha mestria em me esquecer do mundo, e saltar como se não houvesse amanha, mesmo quando o espírito estava frio. Aqueceu, o sacana. Sou uma Mulher cheia de capacidades fantásticas, pronto. E de defeitos também, como a gulodice, por exemplo. A minha avó dizia que a perfeição não existe, e eu acredito nela. Mas escolhi a rigor. Que seja gulosa e outras coisas, e que mantenha o resto. Se é um desejo profundo? É. Muito mesmo.

Nigella Lawson

Anda por todo o lado, é um facto. Nunca lhe tinha ligado muito, até porque nem sou muito de seguir modas. Acho que por ser do contra, ou por alguma afirmação de personalidade. Ultimamente, tenho-a apanhado. Na Sic Mulher, invariavelmente, canal que até nem povoa os meus favoritos. Um dia vou ser assim como ela. E vou comer languidamente uns mexilhões com linguini, rematados com um capuccino a sério.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Apetites indómitos






Pronto, apetecia-me. Deve ser do estado de alma. Acho que me vou pôr a caminho de Belém. Amanhã, possivelmente, apetecer-me -á uma água de coco, ou assim...

Estado de alma

Há estados de alma, que não nos apetece. Que mesmo sabendo que existem, mesmo sabendo que são uma consequência inevitável, fingimos passar ao lado. Até que o poder que ganham, se torna marcante. Impossível de esconder. E o nosso querer perde forças, para dar lugar à porcaria do óbvio. Que de tão óbvio que era, já esperávamos. Fingindo que não viria, mas no fundo, certos que sim. Porque a maravilha do incerto, nem sempre acontece. Por muito que detenhamos a incerteza da vida, sabemos a certeza da morte. Existem outras, que não tão certas, quase que são.

Ainda do amor...


As revistas que acompanham jornais de fim de semana, são sempre um must. Ou quase sempre. Normalmente, desenvolvem um tema de interesse, alusivo à data ou época do ano. A do DN de ontem, vai buscar o amor sem fronteiras. Entre diferentes etnias, idades, ou níveis culturais. É sempre um tema algo controverso, logo, é sucesso garantido. Os mais românticos, alistam-se nos que apregoam o sentimento, para além de todas as coisas. Os mais pragmáticos, encaixam-nos em valores e metas de vida.
Eu, na parte que me toca, acho que o amor é lindo e pronto. Se pode ultrapassar obstáculos e diferenças reais? Pode. Se não para sempre, pelo menos numa fase da vida. Se vale a pena lutar quando existe, mesmo quando diferenças fortes, podem toldar percursos, a longo prazo? Vale. O longo prazo é sempre relativo, e o que hoje é o nosso desejo, pode deixar de o ser.
Se eu era capaz de deixar tudo por uma amor daqueles de sonho, incoerentes, numa paixão assolapada por um Massai que me cruzasse o caminho? E pá, julgo que não. Não por preconceito ou outro tipo de sentimento menos Nobre. Mas porque iria exigir de mim mudanças profundas, que não sei se faria. Se há quem faça e que seja feliz com isso, eu acho que faz muito bem. Amor que é amor, de sentimento e não de interesse, é Nobre que se farta. Mesquinhes e preconceito, ficam aqui muito mal. Como em tudo, de resto.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

São Valentim


Já agora, e só à giza de retroespectiva, lembro-me de, na adolescência, ficar um pouco afectada pelo tal do São Valentim. Punha um sorriso pateta, daqueles de orelha a orelha, e olhava, deliciada, para aquele que ia ser o amor da minha vida. A quem eu dava uma prenda, invariavelmente. Uma prenda que era sempre uma dor de cabeça, porque o que eu queria mesmo, era dar uma coisa fantástica, e a minha mesada, coitadita, não esticava. Então poupava uns dias consideráveis no lanche da escola. Para poder reunir qualquer coisa. Que ficava aquém, do que o meu grande amor merecia, mas enfim. E esperava com ansiedade o dia, com uma doce paciência, que entretanto se sumiu, a malvada. Dava-me tanto jeito, ás vezes, se surgisse de novo. O crescimento traz-nos outras delicias, é um facto. Mas a delicia do dia dos namorados, a mim, sumiu-se. Mas consigo, no entanto, olhar para eles, para os miúdos e miúdas de sorriso parvo e olhar derretido, com carinho. Ainda bem, que não desenvolvi o sentimento de revolta. Não ia gostar, e o dia não ia merecer. Hoje, muito especialmente, desejo um sorriso daqueles, a quem quiser posta-lo. Que se estenda ao resto do ano, e blá blá blá e assim, claro. E mesmo que não se estenda para a vida, que apareça na idade onde tudo é possível, o mundo é cor de rosa, e a pessoa que temos ao lado, é aquela.

Do amor

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Florbela Espanca

Lindo, de facto. O Amor escrito e falado, será das coisas mais belas do mundo. Pena, que os sentimentos atingidos, nem sempre são felicidade. É no encontro, na sintonia, que reside a magia. E aí, sim, existe o sublime. O resto, é sofrimento.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Um dia feliz


Há sentimentos, não muitos, que não sei muito bem descrever. Por norma, são os mais magnos, o que me faz concluir que o ser humano atrofia com as grandezas. Perde as palavras, e assim. A minha avó, dizia que ser mãe, era a melhor e a pior coisa do mundo. Na época, olhava para ela com ar de intriga. Hoje, entendo na perfeição o que queria dizer. Só sentimentos deveras majestosos, potenciam preocupações e desgostos maiores. Uma situação antagónica de facto, mas que se a pesarmos a fundo, faz todo o sentido.
Faz amanha 7 anos que conheci a experiência. Que deixei de ser eu, para passarmos a ser nós. Que deixei de sentir o sossego da liberdade, para sentir um cordão umbilical, que os entendidos dizem que se deve cortar. E deve. Por fora, para os outros, para o próprio filho. Para nós, não me parece possível, mas quem sou eu. Noções como tempo, sítio, espaço, e tudo onde dantes me poderia perder, são agora conceitos ligados a alguém. Como se o Mundo e a minha vida, deixassem de ser só meus, para passarem a pertencer a mim e a outro. Um outro que se apoderou do meu Eu, mal surgiu no mundo, que me move, me faz correr, sorrir, chorar ou gritar, e afins. Me faz acordar, quando me apetece dormir. Me faz andar, quando me apetece parar. Me faz agarra-lo, encostar-me a ele, e sentir que estou no melhor sitio do Mundo. Uma das grandezas da vida, de facto, se não mesmo a maior. Gosto, e preciso dela, como do ar que respiro. Já senti e vivi muita coisa. Nada que se compare. Se a vida deixa de se viver por eles? Não, não digo isso. Vivemo-la, sem dúvida. Mas toldada. Sempre toldada. E julgo que mente, quem diz o contrário.
Acabando com o discurso lamechas, vou pôr mãos à obra. Amanhã tenho a casa minada de pequenas pestes aos gritos. Todas devidamente misturadas com avós, bisavós, e outras gerações assim. Parece-me, que há-de rondar o caos. Mas o que é isso para mim? Um dia feliz. Apenas e só, um dia muito feliz.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Foto

A minha cédula profissional, levou-me ao fotógrafo. É necessária uma foto actual, tipo passe, enfim, daquelas que há uns anos, seriam motivo suficiente para uma ida ao cabeleireiro, make up cuidadérrima e assim. Hoje, nada disso se impõe. Temos o photoshop, que queremos mais? Num instante, rejuvenesci 10 anos. A pele alisou, a tez iluminou, e até as teimosas das sardas, se sumiram. Venho feliz. Agora só falta, convencer o pessoal da Ordem dos Psi, que aquela ali da foto, sou eu. Lá iremos. Um passo de cada vez.

Manhãs

Num dia em que motivos chatos, servem de pretexto para uma chegada tardia ao estaminé, eis que aproveito a espera pelos exames médicos, para ler o Jornal. Uma das minhas ambições, é chegar à idade da reforma, poder sair de casa pela manhã bem cedo, bebericar um café numa esplanada, e ler o meu jornal. Já fui fiel a uns, depois fartei-me que isto da fidelidade é muito giro até se encontrar algo melhor. Agora, sou fiel a um que gosto muito, não sei até quando. Aí vou eu, armada de jornalito debaixo do braço, garrafa de água na mão, para beber como se não houvesse amanhã e óculos na ponta do nariz, que a pobre da vista anda cansada. Enfio-me umas horitas na sala de espera, enquanto criançada chora, velhotes passeiam, e umas quantas como eu, bebem água desenfreadamente. Não há gravidezes declaradas, coisa estranha, dado o contexto. Pouca gente a nascer, por cá, concluo. No meu jornal, descubro umas coisas interessantes. Que amanhã vai fazer sol, o que será óptimo para o desfile de Carnaval da criançada. Que o Sócrates anda numa hora má ( cof cof, coisa mais estranha); que no Cávado entidades patronais exigem dinheiro a desempregados para carimbar o papel do Centro de Emprego; que o Boucherie foi passar um dia à Assembleia, o que de facto me surpreende pela negativa. Com tanta desgraça que presenciou nas primeiras eliminatórias do Ídolos, não sei o que ainda foi fazer para ali. Deve andar mesmo desocupado, coitado. Descubro ainda, que os Hospitais Psiquiátricos de Lisboa andam a despachar pessoal por aí ao desbarato, e outras coisas giras do nosso belo Portugal. Concluí, que para bem do País, o melhor é nem me por a pensar no dolce fare niente de daqui a uns anos, e deitar mãos à obra por um cantinho um pouco mais digno. E ler o Jornal só de vez em quando. De qualquer forma, as novidades da nossa Política estão um bocadinho rançosas e não valem um euro diário. A vida tá cara.
Vale-me o meu Benfica. Eu sabia que ser Sportinguista é mau, e numa altura destas, onde tão pouco de bom se descobre nas páginas da actualidade, seria péssimo.
Uma boa descoberta, o filme Precious, contado ao pormenor. Diz que é duro como pedra. Tenho para mim que vai fazer o meu género. A ver, assim que possa.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Chuva



Este dia de chuva incessante, com caracóis no cabelo, e saltos de bota dentro de poças, podia já ter passado. E logo agora que comprei um vestido ás flores, embora por perto, tenha quem me ache uma cortina, quando o ponho. De facto, algo de estranho povoa o meu closet. Calças direitas, blazers, blusas lisas e cortes clássicos. Tudo clean. Menos os vestidos ás flores. Montes deles, com montes de cores e assim. Do mais romântico que há.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Magias assim

Estranho o meu filho quando o vou buscar aos avós. Um doce, um amor, uma ternura, ao contrário das habituais refilices, do deixa só acabar o Benten, ou não vês que eu estou a brincar com o Putchi. Desço as escadas e insiste em trazer a mochila, em abrir-me a porta, e eu começo a ficar aflita. Algo de estranho se passa, por entre o sorriso rasgado do meu pequenote, por demais refilão para tanta doçura junta. É quando chegamos ao carro que descubro a magia. Sabes porque estou a ser tão teu amigo, mãe? Não querido, mas estou a gostar. Diz-me lá então. Porque a avó disse que tu hoje vinhas cansada. E que se eu me portasse bem, me dava uma prenda.

Há coisas mágicas de facto. A sinceridade dos pequenos é uma delas. Outra é a chantagem. Nos entretantos já perdeu o efeito, mesmo na hora de lavar os dentes. Enfim, nada é eterno.

Utopias

Olho para ele, deitado no quarto de chão e cortinas azuis. Um quarto aconchegado e acolhedor. Ali é que ele fica bem, disse-me ela. Tem vista para o lago, e ele pode olhar. Ele olha de facto. Fixamente, quase de forma incómoda, tudo porque nada diz. Mergulhado num silêncio tenebroso, olha-nos a fundo, como se nos penetrasse a alma e guardasse para si tudo o que lê. Sim, porque não tenho qualquer dúvida que ele lê. Ela chega, pega-lhe na mão. Dias antes, tinha-me dito que o melhor, teria sido Deus leva-lo, a deixa-lo assim, inerte. O carinho com que lhe toca, e a lágrima que lhe escorre do rosto, ao mesmo tempo que esboça um sorriso, dizem-me que o que mais quer, é que ele não vá.
Intriga-me deveras, que num corpo pequeno como o nosso, vivam duas línguas totalmente distintas. Dispares ao ponto de se contradizerem. Desafio-me diariamente a entender o Ser Humano. Quanto mais avanço, mais me convenço, que as minha vontades, não passam de magnas utopias.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eu egoísta

Há dias que surgem com desafios grandes. E é nesses dias que nos questionamos se estamos à altura. Apriori, concluímos sempre que não. Para aposteriori, descobrirmos no nosso íntimo, que sim. É uma das magias da vida. A nossa capacidade de adaptação ás adversidades. A minha é do caneco. Ainda não descobri, é o porque de não conseguir expulsar, o mau estar que me deixam. Acumulo-o, arrumo-o, trabalho-o. Tudo internamente. É o cúmulo do egoísmo, só pode.

Momentos

E quando narcísicamente, julgo que o momento alto do dia, me pertenceu a mim, e à minha lâmpada, eis que surge o Laurent e a sua gravata, o que de imediato me levou a concluir, pronto, já foste. Falando agora muito a sério, porque o assunto assim o exige, e reportando-me a verdadeiras mestrias, venho realçar o Filipe, que me trouxe de volta um saudoso Kurt Cobain, com Lithium, uma das minhas favoritas. Faz parte da lista daquelas, que ouvia sem parar, na parte de trás da escola, a cada intervalo. Boa Filipe. Muito mesmo. Mas como não sou nada tendenciosa, e como considero a Diana quase tão boa como o Filipe, venho aqui reforçar o pedido do Boucherie. Os dois para Londres é que era. Não me lembro de uma final dos Ídolos com tanta competência junta.

Pela negativa, o facto de não ter sido desta, que vi os olhos do Abrunhosa. Com o aparato podia ter deixado cair os óculos. Não sei, digo eu.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

E fez-se luz outra vez

Tenho um quarto cá em casa, no qual, por acaso, durmo de vez em quando, que ficou sem luz há um tempo considerável. Sou quase de sete ofícios, capaz de trocar lâmpadas, mudar chuveiros, aparafusar coisas, e outras efemérides dignas de Mulher sozinha. Ou melhor, Mulher que vive sem um Homem (grande) em casa. Soa-me melhor assim. A tal adaptação das espécies que tanto apregoo, fizeram de mim um qualquer Ser de extrema habilidade doméstica. Só vantagens, portanto, embora ninguém perceba. No caos do Mundo, e numa eventual desgraça, sou pessoa capaz de engendrar mecanismos fantásticos, qual MacGiver ressuscitado, e fazer luz ou fogo de um qualquer artefacto inútil e descabido. No entanto tremi, quando arranco, com a minha natural sapiência, o abat jour do tecto, depois de considerável esforço para lá chegar, confesso. O cenário era no mínimo estranho. Nada estranho em si, como depois apurei, mas estranho para mim, que apesar de dotada, tenho as minhas limitações. A lâmpada era de alogénio, sendo-me completamente desconhecida, toda a arte subjacente à mudança. O meu digno pai, longe de ser amante destas lides, fugiu a bom fugir mal lhe falei em lâmpada. A Dona L., mestra nestas coisas, a última vez que me passou no estaminé, trazia a neura com ela. Nem ousei solicitar o que fosse, principalmente porque a cesta da roupa indrominada rondava o tecto, e bastava por si só, para a atazanar ao limite. A minha mãe intrigada, e também, ela pouco habilidosa, já se inquiria sobre o facto de ninguém hábil, me passar cá em casa, a mudar a lâmpada. Estive quase a dizer-lhe que tenho alguém hábil, mas hábil de mais, para ser desperdiçado com tão banal tarefa.
Julguei para mim, que o problema teria de ser resolvido com brevidade, sob pena da minha reputação começar a descer em catadupa. Já não estava só em causa a minha capacidade de viver sozinha numa casa, como também a de arranjar alguém para mudar a porcaria da lâmpada. E foi hoje, num Domingo de chuva, que, mesmo com a manhã curta, me empoleirei na cama, cheguei ao tecto, percebi os meandros da dita cuja, meti-lhe as mãos, e resolvi o assunto, com mestria e engenho. Modéstia à parte. É que já eram handicaps a mais. Não mudar a lâmpada, ainda vai, mas não arranjar quem me dê conta dos recados, é demais para o meu ego vaidoso.

E lá se fez luz outra vez.

Domingos assim

Os Sábados de noite tardia, passam-se bem. Não se dá por isso, conversasse, risse, enfim. O Domingo é mais verdadeiro. Faz questão de me fazer lembrar, que já não tenho idade para grandes paródias. Estou na altura em que começo a sentir, desta feita sem imposição parental, que o melhor é regressar a casa à uma da manhã. Ou isso, ou perder a manha de Domingo, coisa que abomino fortemente. Gosto de todas as manhãs, é certo. Mas a de Domingo faz-me especial falta.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Pablo Neruda

Vai ser publicado um livro inédito do Grande Pablo Neruda. Não aqui, mas no País dos nostros hermanos. Tinha vontade de lhe pôr as mãos, e tenho para mim que ainda consigo. Nele, publicam-se as cartas de amor escritas à sua amante Matilde. Cartas de amor são sempre cartas de amor, é certo. Mas cartas de amor a uma amante terão decerto uma essência diferente. Pela distância, pelo furor, pela paixão. Aguardo-o por cá. Ou quem sabe ainda o busque por lá. Gosto de Pablo Neruda. Gosto de Grandes Poetas. Gostava de um dia pegar em um, disseca-lo e analisa-lo a fundo. Um poeta, ou uma outra qualquer personalidade, de significativa grandeza e intelectualidade. Um Mozart, um Picasso, também me pareceria bem. Nunca percebi muito bem as psíques caóticas, aliadas à genialidade. Entendo-as somente, como uma excessiva conversão num mundo de fantasia, onde a elevada concentração, dá origem a um apogeu. Com detrimento óbvio, de outras vertentes. Estarei aquém, decerto.
De qualquer forma, Neruda era diferente. Sabia bem como se distrair.

Excepções


Adoro o Sol do Inverno. Como amo qualquer excepção boa, como uma paragem tranquila num dia de correria, ou uma música alegre num dia de melancolia. Por isso também amo a chuva de verão, e o cheiro que deixa no chão. Na areia especialmente. Hoje o sol pegou-me ao colo. E eu deixei-me ir sem resevas nem pudores.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De como eu também fico sem palavras...

-Mãe, porque é que só dá violência e guerra na televisão?
-Não sei filho, mas tens razão.
-As guerras não prestam, pois não mãe?
-Não filho, continuas a ter toda a razão.
-Então não percebo porque é que vês.

Esta coisa de educar gente pequena, parece fácil, mas não é. Isto de julgarmos que certas coisas lhes passam ao lado, parece verdade, mas é mentira.

Um favorzito, ok?

Um defeito assumido é a minha frontalidade. Tento alia-la à assertividade, a fim de não melindrar, ou mesmo, atingir a rudeza, feito que ás vezes me escapa. Não fico atacada por ela assim ás primeiras. Tenho um saquito considerável, que aconchega e aconchega. Existem no entanto situações que me tiram um pouco esta capacidade de controlo. Quase que raio o furioso, quando ouço alguém desdenhar do próximo. Seja por que motivo for, o desdém é deplorável e profundamente desumano. Uma completa falta de respeito pela pessoa, pelas suas crenças e pela sua integridade.
Hoje, necessitei de treinar a fundo o meu auto controlo. É que esta minha vertente, aliada a outra que detenho, e que trata de descobrir com facilidade, onde atacar ferozmente o intimo de alguém, fazem de mim um ser temível, tenebroso e assustador. Poupem-me a este estado de fera, evitando situações como as que atrás descrevo. É capaz de ser melhor. É que eu sou da boa paz, e não gosto nada de me enervar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O dia


Hoje o dia terminou cedo. Gosto quando me organizo ao ponto de conseguir retirar bocados para mim ao longo da loucura da semana. Isto dos bocados para nós mesmos, tem que se lhe diga. Há quem não lhes dê valor, há quem não os consiga, há quem não os aproveite. Eu, dou-lhe um valor imenso. Costumo consegui-los, embora nem sempre na melhor altura. E aproveita-los, é o que melhor sei fazer. Intriga-me que haja quem não sabe o que fazer com esses momentos.
Eu, decerto não saberia, era como me organizar sem eles.

Nós por cá

O Nós por cá, é o típico programa de lavagem de roupa suja. Terá a sua utilidade, sem dúvida, mas ainda assim, lava roupa suja, pronto. Nem consigo muito bem identificar a Conceição Lino com ele, mas enfim. Ontem, passei por lá, e encontrei uma coisa útil. No Nós por cá, entenda-se. Estavam no Restaurante do Pão, algures na Serra da Estrela. Retirei uma receita que me fez crescer água na boca. Salmão recheado de camarão e broa de milho. Vai ser menu de fim de semana. Regado com um bom vinho, e rematado com um requeijão adoçado com doce de abóbora e polvilhado com nozes. Isto está bonito está. A minha gula anda travessa. Macacos me mordam, se não dou cabo dela entretanto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Inadaptações, ou quase

Ás vezes irrita-me a minha inadaptação. Existem mundos típicos de Mulheres, aos quais por mais que tente, não consigo pertencer. Empresto-me, com cuidado e acomodação exterior. Oiço, rio, partilho, em nome do companheirismo, ou mesmo da amizade. Exterior apenas, eu, que nem gosto nada de falsidades. Tenho pena, mas não me interessa a mim, com quem vive a A., com quem dorme a C., ou quem é que anda a arrastar a asa à minha vizinha do lado. Acho que já nos tempos de escola esta minha costela estranha se manifestava. Sempre tive grandes amigos Homens. Na altura não, mas agora entendo porquê.

Fui ali assim

Acabo de me inscrever na Ordem, e de interiorizar que para poder concluir a inscrição, tenho de pagar 180 Euritos. Coisa pouca. E é se quero ser uma Psicóloga devidamente credenciada. Por causa disso vou espairecer. Almoçar fora e assim.

Excessos

Cada vez mais me convenço que excesso é sempre excesso. Ontem, e detentor do novo canal Panda Biggs, o pequeno da casa, olha com enfado para a Tv. Porque o que urgia mesmo era ver o Cubix, que não dava na altura. Dava outro, que não aquele. Reporta-me para a minha infância. Onde os desenhos animados davam duas vezes por dia. Ás sete da manha, é ás seis da tarde, durante cerca de uma hora. E eram fantásticos. Mesmo.

Rosa Lobato Faria


O ponto final da vida surge sempre na hora errada. Ela era uma Senhora. Gostava especialmente da capacidade de clareza. A capacidade de clareza é algo que admiro intensamente. Principalmente na geração da minha avó.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Momentos

Descubro que raio o estado de senilidade, quando guardo algo bem, mas tão bem, que não sei onde foi. Está guardado, pronto. Até de mim. A incursão pela casa, foi de tal forma intensa, que até as malas de viagens, e todos os sacos que povoam o quarto do fundo, respiraram ar puro. De nada valeu. Ou melhor, valeu sim. Num saco escondido no recôndito do armário, encontro a caixa de música do meu filho. Daquelas que nos cantam melodias lindas. Poucas coisas guardei comigo. Não sou de empacotar tudo, ou melhor, sou de empacotar muito pouco. Empacotei a caixa, e que bem que fiz. A música que toca será tão eterna que me seguirá para sempre na memória. Ouvi-la ao vivo, foi sem dúvida, o momento do dia.

Pout Pourris e sintonias



Gosto de Pout Pourri, e hoje estou cercada de saquinhos lindos e cheirosos. É a Primavera a chamar por mim. Ou eu a chamar por ela ou assim. Gosto especialmente quando chamamos uma pela outra. A sintonia é uma coisa fantástica.

Lugares


Pela manha, o rodopio de sempre. O acorda, ou tenta acordar, o duche, o come, o veste, o fazer tudo isso ao pequeno homenzinho lá de casa, que é péssimo nestas andanças matinais. O sai de casa, o deixa na Escola, o café num dos sítios do costume ( gosto de variar. Tenho mais do que um). O bom dia, o olá como está. A passagem na Segurança Social da zona, por assuntos laborais, e encontrar colegas de sempre, com o sorriso de sempre. O voltar pelo caminho conhecido, que nos abraça na passagem e chegar ao local que já é nosso, onde o sorriso, aquele que tanto gosto, vai surgindo nas caras velhinhas. Sim, gosto de mudar. Não, não tenho medo, e já mudei de muitas coisas, muitas vezes. Mas o apelo terá de ser forte, para eu deixar a minha zona de conforto. Os meus sorrisos, os meus caminhos, os meus sítios. Sim, porque todos temos um sítio. Podemos estar ou não lá, podemos mudar de sítio pelos caminhos da vida. Mas há sempre um que é muito nosso, que pode não ser eterno, mas é nosso. Naquela altura, é nosso. Pelo cheiro, pelas gentes, pelos afectos e por coisas assim. Não tenho dúvidas que estou no meu.

Um café, por favor, M...
Curto, como habitual?


Bom dia Dona R. O meu jornalinho já veio?
Olá menina ( Adoro o olá menina, que se há-de fazer. É um Eu que tenho, ainda por analisar) Sim, já veio... Hoje está frio, mas um sol lindo de morrer...

É isto... É meu... Por ora é meu, e eu gosto que seja.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sorrisos

Alguém me pede auxilio de forma autêntica e desesperada. Reitero para mim mesma que tenho a melhor profissão do mundo, embora ás vezes, egoísticamente, ache que não. Sei o valor do sorriso. Sim, sei. Mas existem sorrisos de tal forma escassos e impossíveis, que quando os conseguimos arrancar, ficamos felizes. Só por eles. Apenas, e só por eles.

Frutas, patos e outros assados


Quem me conhece sabe que adoro cozinha. Um adorar estranho, mas ainda assim, um adorar. E digo estranho, porque nunca cozinho, se for só para mim. Acho um desperdício, uma perca de tempo. Num dia de real fome, sou capaz de mexer um ovo, ou algo assim. O pequeno homenzinho lá da casa, é do mais básico que existe. Carne grelhada, peixe, um qualquer estufado. Um bacalhau no forno, ou um arroz mais elaborado, já fica no prato. Pouco me deleito, portanto, com esta minha arte, que apenas surge em algum jantar de amigas, ou nas festas da família.
Acabo por ora de descobrir, uma qualquer receita de pato, que me parece fantástica. Parece-me desta, que perco a minha tradicional preguiça, e cozinho algo para mim mesma. Se não for hoje, amanha, ou assim, porque os meus dentes querem muito entrar naquele pato, e quando eu quero muito, quero muito, pronto. Só cheguei a esta conclusão da minha preguiça intensa, há pouco. Muito pouco, embora a minha mãe já me tivesse chamado a atenção para ela, ideia que eu sempre desprezava. Agora, que me ponho bem no assunto, confirma-se de facto. Só isso justifica, por exemplo, o facto de eu não comer fruta em casa. Raramente o faço. Não que não goste dela, ou assim. Mas porque me dá mais trabalho a descascar, do que prazer a degustar. Sou um ser estranho, portanto. Eu, que até sou mimosa comigo, e que me trato bem. Respeito as horas de sono, não como gorduras, ponho creme todos os dias. Cozinhar para mim, é que... E logo eu, dada a gulodices e assim. É a malvada da preguiça, pronto. É um defeito, eu sei. Mas é meu.

...

Finalmente fechei portas semi abertas e arrumei assuntos chave. Apesar disso, a malvada da insónia apoderou-se de mim. Não por pensar no que deixei para trás, porque já não me povoa a mente. A minha dificuldade nas indecisões, é o pré, não é o pós. Mas porque o desconforto se assolou de mim. Enrolei-me, abafei-me, e afins, mas de nada valeu. Confesso que já anseio pela Primavera e pelos meus vestidos de flores. Para além disso, os ensinamentos de fim de semana, trazem-me realidades que não queria sentir. Confirmações apenas. O sentimento de impotência talvez seja dos piores que me assola. E ontem senti-me assim. Hoje, como para me fazer lembrar que a Primavera está longe, mas existe, o sol entra pela janela do estaminé. O corpo continua frio, mas a alma já aqueceu. Gosto de a sentir quente. Boa semana. E para mim também.

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