Os olhos no canal do pequeno transportam-me. Viajo no tempo com uma facilidade brutal. Nada me segura, se o assunto é regressar. Recordo os cheiros, as caras, os sorrisos. Na minha Escola fui muito feliz. No meio do quadro a giz, velhinho e gasto. Da biblioteca parca, fechada no armário. Das mesas e cadeiras de madeira lascada. Do recreio com grades altas. Dos desenhos feitos por nós, e colados na janela. Dos carimbos, que faziam as minhas delícias.
Na hora do intervalo, fazíamos uma fila para o leite escolar, e disputávamos entre nós, a caixa de cartão, com um desenho no fundo. Na hora da brincadeira, dividíamos o espaço dos meninos e das meninas, com invasões doces e ternurentas de ambos os lados. Fui pedida em namoro, pela primeira vez, no recreio, atrás de uma árvore do jardim. Disse que não, mas fiquei arrependida por muito tempo. Apesar da nega, ainda me roubou um beijo, o sacana. A minha avó dizia que eu era fresca, e mal sabia ela, a razão que tinha. Ele chamava-se Bruno, e não sei onde pára hoje.
No armário mais lindo da escola repousavam os fantoches. Fechado a sete chaves pela Professora. O Teatro surgia uma vez por semana. Os fantoches emergiam, ganhavam vida própria, e eu amava.
Hoje vi no Panda uns assim. Vou construir um com o meu filho. Os tempos agora são outros, e na escola, para além de aprenderem letras e números, eles jogam Farmville.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixar um sorriso...