Olho para ele, deitado no quarto de chão e cortinas azuis. Um quarto aconchegado e acolhedor. Ali é que ele fica bem, disse-me ela. Tem vista para o lago, e ele pode olhar. Ele olha de facto. Fixamente, quase de forma incómoda, tudo porque nada diz. Mergulhado num silêncio tenebroso, olha-nos a fundo, como se nos penetrasse a alma e guardasse para si tudo o que lê. Sim, porque não tenho qualquer dúvida que ele lê. Ela chega, pega-lhe na mão. Dias antes, tinha-me dito que o melhor, teria sido Deus leva-lo, a deixa-lo assim, inerte. O carinho com que lhe toca, e a lágrima que lhe escorre do rosto, ao mesmo tempo que esboça um sorriso, dizem-me que o que mais quer, é que ele não vá.
Intriga-me deveras, que num corpo pequeno como o nosso, vivam duas línguas totalmente distintas. Dispares ao ponto de se contradizerem. Desafio-me diariamente a entender o Ser Humano. Quanto mais avanço, mais me convenço, que as minha vontades, não passam de magnas utopias.
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