Sou da opinião que nos fazem falta, pena tenho, de muitas das vezes se tornarem demasiado tendenciosos, coisa à qual de resto, já me habituei. Pecam na generalidade, ainda que possam ser entendidos sérios nos assuntos que abordam, pela ausência de isenção. Será por certo uma característica muito nossa, que ao assumirmos determinada pele custa-nos larga-la, bem sei que sim, sendo que tal facto escapa para além da igreja, embora lá dentro, o carácter que assume seja demasiado forte e vincado. O Teólogo Pe. Tolentino Mendonça, que ouvi com gosto ontem, num programa que nem me atrai particularmente, despertou-me uma visão interessante do período que se atravessa. Todos nós conhecemos o discurso da moralidade, o facto da pobreza ser precisa ao mundo, entre outras conclusões básicas, das quais no dia a dia não queremos saber. Que nos importa a nós o que aprendemos com a falta, se o que queremos é o excesso? Que nos interessa o que poderemos dai desenvolver, se o que nos apraz é a fartura? Pequenas míseras questões levantadas, para as quais nem obtemos resposta concreta, porque de resto, nem nos apetece em tempos de crise entrar neste tipo de visões. No entanto, e não obstante o carácter severo das questões do País, não obstante o facto de carecermos de soluções sólidas e de medidas direccionadas a uma recuperação que só peca por tardia, necessitamos, enquanto ser social, de discursos do género. Não que nos dêem algo de novo, que as conclusões que reiteram, mais não são do que o seguimento dos ditos básicos que proferimos todos os dias. O que interessa é a saúde... , entre outros. Mas ainda assim, e em caso de real debruce, julgo constituírem um papel fulcral na evolução do Homem, enquanto ser individual e social.
Nenhum mal nos faz enquanto pessoas, se há medida que lutarmos contra um sistema em falência, crescermos com a angústia que isso nos trás. Nada nos impede, enquanto nos esforçamos para avançar, de deitarmos os olhos ao redor, e de apreendermos em consciência o que verdadeiramente nos importa. A avaliação e real consciencialização do que realmente nos faz falta, não deixa de ser um marco importante à nossa evolução enquanto Pessoas. A feição da vida, os percursos apenas e só lineares, mais não fazem do que construir gente pouco preparada para lidar com a adversidade, que mais cedo ou mais tarde, vai acabar por surgir.
Não quero com isto dizer, que deveremos louvar o desemprego, as carências, e todo o arrasto que aqui poderemos trazer dada a condição do Pais, e deixarmo-nos subjugar a isso, como se de um estado supremo se tratasse, porque nos faz prosseguir enquanto gente. Digo apenas e só, que nos deverá servir também para pensar, analisar, ponderar e evoluir também por dentro, que não existe crescimento maior.
Não deixei de apreciar, e ressalvo aqui, outras intervenção no programa. Especialmente porque, e na medida do possível, se ouviram perspectivas não direccionadas somente a pontos de vista políticos.
O discurso da pobreza tem de ser muito cuidadoso. É uma apologia que não se pode, nem se deve, fazer, a não ser que estejamos todos preparados para ser pobres.
ResponderEliminarA questão, na minha opinião, não se prende com a pobreza ou com a riqueza, prende-se com a satisfação das necessidades básicas (sendo que é necesssário que estejam bem definidas de forma a prover uma vida digna) e com as desigualdades sociais.
Eu raramente perco um Prós e Contras. Mas raramente, também, o vejo até ao fim. Ontem vi :)
Beijinho