quarta-feira, 8 de junho de 2011

Princípios

Admiro-lhe os traços do rosto. Apresenta-se bem, normalmente de boina, a condizer com o casaco de fato, sobre uma calça de fazenda e uma bolsa de mão. A altura entra em seu benefício, que digam lá o que disserem, mas gente grande tem uma maior probabilidade em se apresentar com consistência. Que não confundam minhas palavras quem me lê, que com isto não quero dizer, que só dos altos reza a história. Nem tampouco que todos os altos são grandes. Ou ainda, e apenas para terminar o raciocínio, que os pequenos em altura, não poderão ser grandes em estrutura. Tudo isso pode, obviamente acontecer, e acontece, em grande número por aí. Mas do que falo, é de que a haver concordância, a imponência de alguém grande, e grande, num corpo só, deixam uma impressão considerável, que se guarda para além da vista, e que se lembra amiúde, com admiração. Nem lhe assiste um respeito forçado a medo, subjugado a qualquer tipo de prepotência, que poderia ter desenvolvido pela capacidade de persuasão, muitas das vezes responsável pelas continências que por ai vemos. O respeito da envolta chega-lhe pela admiração. Todos os dias, bem cedo, é o primeiro a chegar ao local de trabalho, sede familiar à tempos consideráveis. Não se senta apenas e só, realizando as rondas necessárias para o controlo do funcionamento da produção, por forma a possibilitar um desenrolar sustentado. O telemóvel, artefacto ao qual aderiu por força das necessidades, é de imediato poisado na secretária do escritório, sendo utilizado somente, aquando da sua permanência ali sentado, que enquanto dá voltas ao edifício, e orienta a multidão que lhe trás préstimos, o mesmo não tem ordem para entrar, tal e qual como não entra, em qualquer outro compartimento da empresa. Por uma questão de principio, afirma-me, ao que eu aceno, em sinal de concordância. Toda a ladainha, para desembocar nos princípios, que agora, e de já tanto ter escrito, nem me apetece escrutinar. Mas digo-vos ainda, e para que não me julguem estouvada, que em tanto, mas tanto, lhes sinto a falta. Ainda que me tomem por obsoleta, aqui me confesso. As questões dos princípio, fazem parte de mim. E ouso ainda considerar, serem uma das principais crises que atravessamos actualmente, que deixam a era Socrática, num lugar abaixo do pódio. É que a dimensão da sua ausência, não é financeira, mas estrutural. E o estado de vulnerabilidade em que nos deixa, é muito mais considerável. E preocupante.

Só num aparte, que poderá suscitar curiosidade. Uso telemóvel no emprego. Os princípios, não têm necessariamente, de ser todos iguais.

1 comentário:

  1. Os princípios têm o condão da solidez. Sem eles tudo acaba. mais cedo ou mais tarde, por se desmoronar.

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