domingo, 11 de dezembro de 2011

Oportunidade

Existem coisas simples às quais todos deveríamos ter direito. Serei eu conhecedora de algumas, serão vocês de outras tantas, provavelmente diferentes, dadas pela vida, proporcionadas pelas oportunidades. Ainda assim a poder, e do que tenho conhecimento, seleccionaria umas tantas, que todos os seres do mundo deveriam poder experimentar. Coisas simples, nada de grandes ou complexos sentimentos, que ainda que essenciais, não vêm por ora ao caso. Deixo a exemplo as corridas em prados verdes, que não mais acabam e que por isso, nos dão uma liberdade para além dos limites do corpo, um alargamento sem fim, uma sensação de pertença ao mundo, numa osmose muito perfeita. Corri tanto em prados verdes e hoje correria outra vez. Estas emoções, as sentidas no momento, são por vezes desvalorizadas, centramos os objectivos em grandezas tocáveis, em feitos conseguidos, esquecemos porém de sentir o ar que respiramos, até à chegada ao destino. Um desperdício, um viver enfraquecido, onde se perde tanto apenas por ambição exacerbada, e talvez por pressa. Esquecemos, que a contemplação do mundo não nos limita a acção, permite-nos sim uma existência mais cheia, que julgo não caber dentro de muitos de nós. O mundo é grande, nós podemos ser pequenos. O mar, deveria ser dado a todos. As montanhas imensas, os bombons, os afagos na cabeça. Os presentes, os agrados, as partilhas. Os livros, as histórias que se ouvem, a papa cerelac. Mousse de chocolate. Uma bicicleta, a lua cheia, os rios que entram no mar. Atravessar uma ponte e ver que há outro lado. Há sempre outro lado nas pontes. Um aglomerado de gente que vibra com música. Dormir numa tenda, ou até ao relento. Um amigo daqueles mesmo verdadeiros. Dançar encostado. Tomar um banho numa nascente, e ver a água escorrer para o mundo, e perder a pureza que trazia. Às vezes pelas nossas próprias mãos. Subir a árvores para apanhar frutos, e comê-los ainda empoeirados. Sentir a fidelidade de um cão, perceber a independência de um gato. Comer gelado, algodão doce, beber coca cola. E muitas outras. Bem sei, é certo, que as coisas não sabidas chegam a não nos fazer falta. Mas não creio haver algum ser neste mundo, que mesmo no desconhecimento, não sinta a falta do entusiasmo da existência. E de uma mousse de chocolate, de um bombom, de um presente...

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