sábado, 31 de outubro de 2009

Dados consideráveis

Fiquei estupefacta, com a quantidade de dados que a minha querida mãezinha, sabe sobre as personalidades da pacata cidade em que resido. E tudo isso, porque se encontrou na esquina, que demorou uma boa meia hora a cruzar ( tudo para mais), com uma digna Senhora, trabalhadora num popular Supermercado. Sabe tanto, mas tanto, desta, daquela, disto e daquilo, de quem terminou e de quem começou, que melhor, só uma revista Caras perdida aqui, neste lugar de nenhures. A Dona F ( que só aqui que ninguém lê, vou dizer que acaba em a, e no meio tem rancelin; sim, sim, porque se ela fala da vida alheia de arredores, Terra e Marte, eu também posso postar por aqui, ainda que discretamente, o nome dela), tinha emprego de Jornalista afiançado de certeza. Qualquer dia é caçada, por algum jornal ou revista que passe aqui ao lado e lhe sinta o cheiro. E a minha mãezinha, tadita, se se descuida, com tanta sabedoria, ainda vai à pendura. Eu por cá já a avisei.

Fim de semana e mousse de chocolate

Fim de semana de Halloween. Noite das bruxas, portanto. Planos traçados, e destraçados, ou semi destraçados, porque isto de se ser mãe é assim. De um momento para o outro, os planos mudam. Por motivos de uma força maior, e com o poder do tem que ser. Dedico-me pois a um dos meus grandes prazeres. Quis a sina da minha vinha vida, que eu nascesse, ou me tornasse, numa exímia cozinheira. E quis ainda que, por motivos diversos, pouco me dedique a esse prazer. Este mundo é muito injusto, e mal distribuido. Existem por aí matriarcas de casas cheias e ventre sempre inchado que não dão uma para a caixa nessa nobre arte. Eu, de casa quase vazia, dou cartas e muito boa gente. Posso dizê-lo. Não sou cá de falsas modéstias. Não combinam comigo que sou clara como água, no mau e no bom.
Sonho um dia poder dar asas a este meu predicado, sem pretexto e hora marcada, pré combinada com uma semana de antecedência. Tenho cá para mim que a minha vida seria recheada de bons e doces momentos, tal o prazer que me dá, ver nascer iguarias das minhas mãos. Canso-me ter de esperar pelas festas lá de casa, ou por algum almoço ou jantarada, para poder usufruir do prazer de construir algo que fará as delicias, da gula de toda a gente.
Pelo andar da carruagem, devo ter de abrir um restaurante ou coisa do género, se quiser executar este meu objectivo. É que com os dois que habitam esta casa, estou muito mal guiada. Uma, que sou eu, rendo-me aos prazeres da gula, mas muito comedidamente. Que isto de se ter trinta, ás vezes, não combina com ser magra. O outro, glutão de primeira apanha, gosta do mais simples que há na gastronomia Portuguesa. Carne assada com arroz, ou peixe com batata cozida, fazem as delicias do rapaz. Um bacalhau espiritual, ou um ensopado de borrego ficam na borda do prato. Esquisitices.

Por ora, ainda dedicando-me à culinária, não faço o gosto ao dedo. A minha vontade era a de executar uma cremosa e apetitosa mousse de chocolate. Batida com rigor e polvilhada com nozes. Acompanhada de um bom Cognac, ou simples, tanto faz.
A virose do pequeno não deixou. Fiquei peada. Mais uma vez. Bom fim de semana. Com broas e nozes e figos e mousses.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Portas...


Tenho uma vertente, a qual só posso chamar, de levada da breca. Sou do mais tolerante que existe no mundo. Tenho uma paciência infinita. Admito erros, actos falhados, dúvidas existenciais. Ouço tudo e todos, com calma, disponibilidade, e ouvido a sério. Escuto, portanto.
Não obstante tudo isto, admito ser dona de características peculiares. Demoro a atingir limites, é um facto. Mas uma vez lá, chapéu. Não sei bem se será defeito ou qualidade. Sendo o que for, sou eu. Não admito que me digam que não dou segundas oportunidades, seja a quem for, e no que for. Porque dou. Segundas, terceiras, ás vezes quartas. O problema, reside, quando tudo o que para mim é razoável, se ultrapassa. Aí, sim, temos um assunto sério. É que uma vez fechando portas, o caminho terminou ali. Pelo menos por tempo indefinido, senão eterno. Admito futuros, não pronuncio, por opção e convicção a palavra nunca. Nada é estanque, tudo muda, e as pessoas também. Mas na hora da ferida, acabou. E acabou, significa acabou. Na verdadeira acepção da palavra.
Acabei de fechar uma destas.
E peço o favor de, a quem ousar fazer-me chegar a este estado limite, que me poupe aos choradinhos. Paninhos quentes, chás e bolinhos é no durante, não no depois.

Lalalalalas e assim.

Sou ecléctica. Em muitas coisa. Maneira de vestir. Pessoas de quem gosto. Músicas que oiço. Não tenho um único padrão definido sob o qual me rejo. Mas há coisas onde o hábito se instala em mim de forma intensa. Pela manha, por exemplo, gosto de ouvir música alegre. Acende-me o dia, enaltece-me a disposição. Mais para o entardecer, prefiro a música mais calma. Hoje, bem cedo, e após deixar o rebento ( aquele que gosta mais de mim de cachecol e gorro), ouço numa qualquer rádio, uma música fantástica para ouvir de manha. Que me fez cantar e dançar, abanando a cabeça e sacudindo o rabo no banco. Quem por mim passou, não sei que pensou. Mas importa-me o que sinto e não o que pensam. Lá vai aquela maluca, decerto alguém julgou. Cá vou eu, inundada de alegria e bem estar, senti eu.
Por isso, rádios que me lêem ( que serão muitas, decerto), faz o favor de terem atenção e cuidado, com o que postam pela matina. Deixem os Michaels Bublés para o final de dia. E comecem com uma Amy MacDonald, por exemplo... And You're singing a song thinking this is the life lalalalalalalala.....
E passarão a ser responsáveis pela alegria matutina de um pais que, por norma ( salvo as devidas...), amanhece carrancudo.
Uma boa sexta feira. Com lalalalalalas e assim.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

...


De cachecol e gorro novo na cabeça, passeio-me pela casa. No auge da minha vaidade, qual pavão de cauda alçada, pergunto ao rebento A mãe está gira filho? Retira os olhos da TV, por escassos dois segundos e remata, Estás mãe. Assim, gosto muito mais de ti. E de imediato volta a postar os olhos no Panda.


Ou eu estou baralhada, ou o petiz já sabe muito bem dar a volta ao mulherio quando o quer despachar... Não sei. Digo eu...

Será que dramatizo??


Há dias em que devería ser mais do que uma. Para poder estar em vários lados ao mesmo tempo. Hoje, por razões extremas não posso abandonar o estaminé. Mas queria, agora mesmo, estar sentada no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a ouvir os Especialistas a falar sobre Alzheimer. Porquê? Porque a par com o Cancro, ou a Depressão, é uma das doenças do Século, que atinge milhares de Idosos. Não se fala tanto. Pois o alvo são os idosos. Mas existe.
O nosso País, como em tantas outras coisas, não está preparado para albergar dignamente estas pessoas. A minha veia, não direi crítica, pois não gosto da palavra, mas analítica, depreende no dia a dia diversas conclusões sobre o assunto. Quando os Serviços onde trabalho, são procurados por pessoas, em busca de respostas para os seus familiares, e que não conseguem economicamente suportar o serviço. Porque as reformas são baixas. Os apoios quase inexistentes. Porque o estado não apresenta soluções eficazes. Porque as unidades criadas com vista a responder a estas questões não chegam. Quem não tem casos por perto, não abrange a dimensão real do problemas. Um problema concreto e sério, que atinge diversas famílias, e onde Idosos e Cuidadores vivem uma angústia constante. Quem me lê, e não conhece a problemática, poderá julgar que dramatizo. A quem o julgar faço um convite.
Imaginem-se com 65 anos. Agora imaginem que vão ás compras e não sabem o regresso a casa. Imaginem ainda que querem pedir uma colher para a sopa, e que não se lembram, do nome. Imaginem também que chega alguém de sempre, que os aborda, e que vocês não lembram quem é, o nome, ou de onde vem. E agora, ponham-se no lugar do Cuidador. E imaginem o que é deixar alguém em casa, que poderá muito bem esquecer de tomar os medicamentos. Ou que pode pôr comida ao lume e não mais apagá-la. E que pode ainda sair, sem destino, e não mais saber voltar. E agora, sigam o fio condutor da imaginação, e imaginem que procuram auxilio. E que os sítios acessíveis não têm vagas. E que financeiramente, não conseguem atingir os outros.
E agora, se conseguirem, imaginem o que vão fazer. Conseguem??
Boa. Então sou mesmo eu que sou dramática...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Armada aos cucos...

A minha profissão é pior do que a dos Padres. Em termos de confissões, entenda-se. Não quero cá mal entendidos. Sem quase dar-mos por isso, descobrimos em contexto de consulta, intimidades e meandros, que só vendo para acreditar. Já assisti de tudo um pouco, em todos os âmbitos. Já ouvi choros, risos, lamentações e alegrias. Depois existem os temas recorrentes. Que aparecem vezes de mais, e dos quais quase concluímos, que se calhar nem são excepções. São a normalidade. No sentido de frequência, note-se.
Um deles, recorrente, frequente, e presente em muitas casas, são crianças que dormem na cama dos pais até tarde demais. Tarde de mais, será decerto um conceito de definição delicada, coadunado obviamente com diversos factores. Por comodismo, cedência, medos, ou outro qualquer motivo inerente, encontro no dia a dia, demasiadas crianças a povoarem o leito do casal. Não sendo defensora de cortes radicais, ou de paranóias excessivas na resolução de problemas do género, julgo, no entanto, que estas situações não devem ser prolongadas ad eternum.
Porque daqui podem surgir problemas de diversa ordem. Quer no casal, que perde espaço de intimidade, quer na criança, que não desenvolve em tempo correcto a sua noção de espaço e de individualidade. Com calma, deverá fazer-se esta separação em tempo útil, respeitando os tempos da criança, mas fomentado com afinco esta separação por demais saudável para ficar esquecida, como se de uma situação inócua se tratasse. A família agradece.

Ok, ok, hoje estou armada em Psicóloga. Foi só hoje, prometo...

Ser Mãe é ( Parte II)


Depois disto (http://umamulhernaochora.blogspot.com/2009/10/ser-mae-e.html), levar com isto:

Mããããeeee, dás-me um Gormitti??
Hoje não amor, já tens tantos lá em casa. Talvez amanha, ou depois.
Silêncio absoluto.
Entro numa loja, e experimento umas botas para mim. Ele fica à porta, recusando-se a entrar. Esconde-se atrás da montra, e amua.
Saio, sem adquirir as botas, porque a pachorra estava a esvair-se. Vá lá saber-se porquê.
Mas o que se passa J.?
Compras tudo para ti, e nada para mim. Agora amuei, que é para tu aprenderes.

Pronto. Coisas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Coisas. Mais uma...


A ausência de horários, tem destas coisas. Chamadas fora de horas, saídas frequentes depois das seis, fins de semana cortados a meio. E terças feiras em que o ócio ataca, e se instala clandestinamente, mas certeiro, por demais certeiro. E o corpo pede paz. Abandona-se o posto, e ruma-se até à praia. Porque nos apetece, e chega. E sente-se o mar. O cheiro, a brisa, os salpicos nos cabelos. E vê-se um pescador que pesca nada, a não ser o mesmo que eu. E é tanto, mas tanto... Coisas.

Morreu-lhe alguém minha menina?

Não obstante o calor que ainda se sente, o cinza do dia sacode-me. Desperto bem cedo, como de resto já é hábito. Abro a janela, e magico no que irei postar sobre mim. Ambiciono um dia vir a trabalhar num qualquer sítio onde a farda me substitua as dores de cabeça matinais. Uma farda como deve de ser, obviamente. Não uma qualquer bata fatela e descolorada. Qualquer coisa entre camisa branca e fato de saia e casaco, por exemplo. Que poderia compor com um lenço diferente todos os dias. Uma dor de cabeça muito mais comedida, do que a de uma toilette inteira. Nos dias em que a véspera não foi proveitosa em termos de composição mental de alguma boa opção, a manhã revela-se, por norma, pouco imaginativa. O básico assume-se, em todo o seu esplendor, e o risco é reduzido ao mínimo. Hoje, o look foi entre o cinza e o preto, rematado com uma flor na lapela. Valeu-me até agora um infindar de perguntas intrigadas, emitidas pelas minhas velhinhas. Morreu-lhe alguém minha menina? Faz-me pensar. Eu, que até gosto disso. Que nos dias de hoje, o luto de outrora perdeu significado. Se em tempos, Mulher que ficasse viúva deveria perseguir o preto até ao final da vida, sinal da sua eterna perda e tristeza, hoje, a sociedade evoluiu no sentido de uma maior libertação. Uma libertação possibilitadora da continuidade de um percurso, que ainda não morreu. O preto deixou de ser sinal de tristeza, para passar a assumir-se com uma cor obrigatória no guarda roupa de qualquer Mulher. Bons caminhos estes. Que separam coisas que por nada devem estar juntas, mas que, por vezes, o Ser Humano teimava em juntar. Cores e sentimentos não têm de ligar. Só se quem as usa assim o entender. Não minhas queridas, não me morreu ninguém. Sou só eu e o preto que combinamos muito bem.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dissertações. Muito sérias, assim como eu. A ver vamos até quando.


Por momentos, não raras vezes prolongados, julgo habitar num País que convida à bandidagem. Aquela bandidagem dissimulada, do desenrasca, do ardil. Quem por cá anda à séria, decerto já se deparou com os entraves grotescos, impostos por leis, leizinhas, leizitas, decretos, artigos e legislações. Quem por cá anda à socapa, anda muito melhor. Não se chateia um terço, não gasta um quinto, ganha o dobro, et voilá. Quem como eu, já vive nisto há uns anitos (sou velhota, portanto), decerto já sentiu na pele o bichinho de ser um fora da lei. Justificações para tal fenómeno? Residirmos num País, onde ser fora da lei é muito mais fácil do que ser cumpridor, e, pior, muito mais compensatório. Onde quem cumpre é identificado, logo cercado por tudo quanto é ASAEs, ACTs, e por aí fora, tendo de pagar impostos majestosos, e multas, no caso de falhas. Tudo muito certo, tudo muito bem. Eu, que até sou das boas práticas, não posso estar mais de acordo. Pior, é que os cogumelos que proliferam por aí à traição, onde lhes apetece, ou onde os deixam crescer, crescem de uma forma muito mais prodigiosa. Mesmo à cogumelo, pronto. Clandestinos qb, pelo menos no que toca a obrigações. Discretos o suficiente, para conseguirem sobreviver com mestria e arte, como só eles sabem ter. E é vê-los nascer, nascer e nascer. E crescer, e afins.

Espero, para bem da minha liberdade que tanto prezo, que estes ataques de fúria clandestina a atirar para a bandidagem, deixem de me assolar a alma. Pobre pecadora e já tentada. E que me contente nos entretantos, com a dura realidade de um País pequenino, do mais Primeiro Mundista que existe na face da terra. Há quem diga... Se não, entretanto, é ver-me por aí. Actriz principal num qualquer filme. Bonnie and Clyde, ou assim. Eu até gosto de chapéus.

Inexplicável


Sou gulosa, todos já sabem. Há dias em que me pelava, por uma fatia de bolo de chocolate. Hoje, findo o almoço, sou presenteada com uma, de alguém que comemorou ontem, uma quantidade significativa de primaveras. Não me apetecia ( estranho, muito estranho). Mas quando os meus olhos a miram, mais ao pormenor, a minha gula acende-se e zás... Nem as migalhinhas se aproveitam. Estou por agora aqui, com uma agonia que não se pode. Vá, aguenta-te aí que é para aprenderes. Pena que há coisas que a minha mente não assimila nunca. Ou melhor, talvez assimile, para num ápice esquecer.... Inexplicável, isto.

Um must...

Nas leituras de fim de semana encontro uma revista fantástica. Já comprada fora de horas, por mera sorte. Fala de resistentes. Dos que lutam. Dos que vencem batalhas consideradas perdidas. Depois leio umas cor de rosa desmaiado. Com falta de gracinha, e quase nenhum conteúdo. Já pela noite dentro, e porque o sono teimava em vir, voltei a postar os meus olhos nos Ídolos. Não tenho por hábito rir sozinha. Mesmo de coisas com verdadeira graça. Por norma rio para dentro, e deixo as boas gargalhadas para partilhar com alguém. Ontem abri umas quantas excepções. Com o apogeu num moçoilo a dar para o alto, estudante de bioquímica. Um Must.
Analisando posturas, vozes, figuras, penso no que faz determinadas pessoas passarem por ali. Apesar do entretenimento que usufruímos, com algumas das figuras presentes, no fundo, não consigo deixar de achar um espectáculo a roçar o deprimente. Começando pela necessidade de exposição, quando pouco se tem para mostrar no âmbito em questão. O que fará pessoas exporem-se daquela forma? Decerto o tal estudante de bioquímica será excelente a bioquímica. Mas convenhamos que a cantar, deixa um pouco (muito, vá) a desejar. Eu própria, se me desse ao luxo de ir até lá, decerto não conseguiria arrancar do Júri, algo mais do quem um mas quem é que te disse que sabias cantar? Isto com sorte... Se o Júri estivesse num bom dia.
Eu ri, é certo. Ou melhor, gargalhei sozinha, o que não é todos os dias. De qualquer forma, acho que alguma alma caridosa, familiar, amigo, inimigo, whatever, deveria dizer a algumas gentes que por ali passam, que ficassem, sei lá, na pastelaria da esquina a beber um café. Ou a estudar bioquímica numa qualquer faculdade. Qualquer coisa. Menos aquilo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Dias...


Há dias em que jornais, livros, e um qualquer filme, que até pode roçar o patético, nos fazem um bem, quase transcendente. Tudo isto regado com um chá de menta adoçado com mel. Gosto destes Domingos. Gosto da ausência de horas. Gosto de dormir e acordar quando me apetece. Gosto de quando me permito este dias sem regras e sem leis. Preciso deles como do ar que respiro. Há por aí quem diga, que deixam uma sensação estranha e enfadonha, porque nada de útil se faz. A mim, que sou do contra, são de uma utilidade extrema, e deixam-me a maravilhosa sensação de revigoro profundo. Coisas.

Saúde?

Entro, e sinto um arrepio na espinha. As paredes, claras, forradas a um qualquer azulejo sem graça. As plantas, as poucas que existem, tímidas e tortas. O chão, de um material rasco e banal, revelador por si só de um desconforto brutal. Aglomerados de pessoas nas salas de espera. Vazias de aconchego. Pouco mais do que cadeiras, e uma televisão presa lá no alto. Doentes de ar frágil, pijama azul e soro preso no braço, passeiam-se com ar de flagelo. Alguns fumam na janela. Vislumbro-a, lá ao fundo. Rodeada de familiares. Tem um robe ás flores, e, incrivelmente, apresenta um bom ar, dada a circunstância. Gosto dela. Há muito tempo. Não é daquelas que se gosta agora, para depois não se gostar. É das que fazem parte de mim. As visitas ficam na sala, porque a filhota não pode ir aos quartos. Só pode estar na sala, e somente durante meia hora por dia. O jantar é distribuído durante a hora das visitas. Passam umas Senhoras de bata azul, fazendo lembrar que tanto azul junto enjoa. Empurram um carro cheio de tabuleiros individuais. Não vi o prato, mas acredito que lá dentro, repousem postas de peixe cozido e uma qualquer batata requentada e mal cozinhada. De sobremesa, arrisco a maça assada. Sim, deve ser isso. O papo seco, com ar disso mesmo, vem embalado individualmente, em nome da boa higienização. A pequena tem de sair, mal batem as sete e meia. Eu fico, à revelia de um segurança de ar sisudo mais uns bons vinte minutos. Consigo ficar a saber quase tanto quanto sabia. Porque também ela nada mais sabe. O médico? Desde ontem que não aparece, responde-me. Talvez segunda, sei lá. Operam, não operam. Não sei... Entretanto tenho de sair, senão o jantar ser-lhe-á recolhido. Fico a vê-la afastar. Ela e outra jovem que chora compulsivamente com o afastamento da família. A minha amiga não chora. Acena-me com a mão. Pede-me que volte. Eu volto, respondo. Eu volto sempre a quem gosto. Deixo o edifício num elevador, e cá em baixo, os Seguranças olham-me de lado, como que a perguntarem-se de onde virei aquela hora. Eu, e mais meia dúzia de desobedientes. Não digo nada, obviamente, para além de um boa noite. Entro no carro, e vou até ao shopping. Tento executar uma dica que me deram, mas azar. Já tinha esgotado. Compro uma écharpe creme. Precisava de comprar uma écharpe, para me aquecer o corpo e a alma, depois daquele episódio. Falo com alguém sobre o assunto. Alguém entendido, que trabalha no meio. No meio dos Hospitais. Das pessoas doentes. Das famílias perdidas. No meu, não é assim. É velhinho, mas confortável. Deixamos ficar as visitas. Mas há excepções, eu sei. É a saúde que temos. Não, remato. É a doença que temos.

sábado, 24 de outubro de 2009

Fim de semana e berlindes. E objectivos também.

O fim de semana veio quase sem eu dar por isso. O descanso lança-me engodo, mas tenho afazeres. Entre os quais compromissos daqueles de honra. Que ninguém me pede, no verdadeiro sentido da palavra. Mas são compromissos. Daqueles muito à séria. Feitos de vontade, de coração, de alma.
Acordo pela manha com a chamada do rebento. Mãããeeee.... É hoje que me compras os berlindes? Sim filho, vamos lá já de seguida. Bom dia para ti também sua excelência... Respondo. Bom dia mãe... Ouço, ainda do fundo dos lençóis.

Escolhemos um saco, numa loja onde existe tudo quanto possam imaginar. Passamos na pastelaria para um café quente e um sumo de frutos vermelhos ( E um mil folhas espalmado, que vem aqui escondido, porque é pecado. Mas atenção, foi a meias. Valha-nos isso.). De seguida, e já na casa da avó, despejam-se os berlindes na mesa da cozinha. E fica-se, um tempo considerável de olhar feliz, bem fronte a eles. Penso. Já sabem que sou de pensar. Nisto e naquilo. Em tudo e em nada. Penso essencialmente, que gostava de ainda ser assim. Por vezes, já não consigo obter o devido prazer das pequenas coisas da vida. Outras consigo, e sou feliz quando isso acontece. Deve ser das correrias. Dos afazeres. Dos compromisso. De honra e dos outros. Tudo nos leva tempo, paciência, calma. Não raras vezes, já é necessário algo forte para nos arrancar um sorriso. Sou uma Mulher cheia de objectivos, eu. Eis outro deles.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Comichões...

Determinadas posturas põem-me aos saltos. Fazem-me comichões, como se de um ataque de pulgas se tratasse. Uma delas é a do eu já sabia, ou ainda a do eu bem tinha dito. Proferidas por norma, em contextos completamente impossíveis de prever. Como se num mundo de premonições habitássemos, e as certezas do futuro, fossem uma realidade. Expressões do género, são normalmente emitidas por alguém com ar de superioridade, como que a querer fazer parecer, que se é bom, nestas coisas da previsão. São ainda acompanhadas de um sorrizinho de satisfação, pela boa adivinhação. Um sorrisinho como que a dizer, vá, batam palmas, eu mereço. Será pedir muito, que me poupem a frases do género? Era bom. É que fico a modos que, com vontades estranhas em disparar bitaites. E olhem que sou boa nisso. Boa, mesmo boa. Muito boa, pronto.
Mas já agora, e à giza de conselho, adquiram uma bola de cristal. Uma mesa, uma tenda, e está o baile armado ( Com o devido respeito por quem trabalha à séria nas ciências ocultas, como é óbvio). Ainda ganham uns trocos e tal e coiso.

Foi hoje...


Hoje a minha écharpe pousou em mim. Aconchega-me, assim, de mansinho. Tinha tantas saudades dela. Sinto também outros confortos. A simpatia faz milagres em mim. O sorriso, um ar delicado e meigo. Pena que nem sempre surge. Pena que muito de quem me rodeia, insista no ar de enfado, carrancudo e deplorável. Lembro-me de imediato da minha querida Helena Marujo, que fala do Riso e da atitude positiva como ninguém. Ela própria de uma alegria contagiante. Que nos faz sorrir de imediato. Um dos meus sonhos, é que quem esteja na minha companhia, se sinta assim. Como eu me sinto ao pé de algumas pessoas. Por nada de concreto. Pela postura, pela simplicidade, pela simpatia. Ainda não estou lá. Digamos que vou a meio do caminho. Nessa e em tantas outras coisas. Bom dia.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Logo se vê...

O fresco matinal despertou-me a alma. Salpicado de pingos teimosos e certeiros. Deixo o pequeno na escola, e o dia acende-se. No estaminé, a loucura habitual. Loucura, da verdadeira, com gente louca. Não a loucura que por vezes se profere por aí à boca cheia. Não sabem o que dizem, é o que é. Emaranho-me em papéis, telefones, gente que me cerca como se não houvesse amanha. Apetece-me entretanto desertar. Na verdadeira acepção da palavra. Daquela, definitiva, do não importa para onde, importa que se vá. Amo o meu trabalho. Já amei menos, agora amo mais. Por vezes penso se será aquela resignação que tanta gente fala, quando fala do amor ao marido. Do amo este por falta de outro. Se calhar é isso, é o hábito que me tolda. Se for isso, estou desiludida comigo. Não compreendo gente que se tolda por hábito, por inércia. Se eu estiver nesse caminho, estou mal. Muito mal. Mas estou em análise, já sabem. Vou consultar a minha bússola, meio desmantelada, meio partida, meio inteira. A determinada altura desertei. Não tanto quanto queria, não para tão longe. Mas ainda assim, desertei. Cedo, muito cedo. E desertei muito bem. Agora, findo o dia, deito alguém que me dá o beijo mais doce do universo. E me diz, anda mãe, aconchega-me. Fico tranquila. Pelo menos por esta noite. Amanha logo se vê. Mas o amanha é sempre assim. Logo se vê...

Da estima...

Sinto, pelas mão de alguém que muito prezo, que, na generalidade, o Ser Humano necessita de abanões para sentir que determinadas pessoas lhe fazem falta. Por momentos, num rasgo de possível loucura, penso que as entidades que comandam o Universo, lançam pragas e sofrimentos a fim de abrirem olhos. Que de outra forma permanecem fechados, turvos, para quem tanto os quer bem. Não consigo comparar este sentimento à luz do que sinto. Eu, quando gosto, gosto sempre. Estimo, protejo. Não desdenho nem escarneço. Trouxe-me à memória outros episódios. Que vivi de perto. Muito de perto. Ás vezes inquiro-me, porque resolvi estudar mentes humanas. Há mentes e mentes, é certo. E existem algumas que, por muito que tente, parece-me que não irei abranger. As mentes ingratas são umas delas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Do nosso trabalho.


Há quem tenha ideia feita de que nós, Psicólogos, mudamos mentes. Há quem nos consulte, esperando um click certeiro e eficaz, nas vidinhas medíocres que não interessam nem ao Menino Jesus. Há quem nos contacte esperando milagres. A esses, e a quem me quiser ler, deixo-vos umas palavras. Simples e concretas, só porque por vezes, a paciência já não me assiste. Nós não cabemos própriamente no saco dos Santos. Nem nos sacos das Curandeiras, Mães ou Pais de Santo e assim. Com todo o respeito por todos eles. Nós, somos Terapeutas. Dos que ajudam a analisar, a encontrar soluções onde parece que não há. Dos que ajudam a digerir os problemas que surgem, para depois regurgitar qualquer coisa válida, e exequível. Dos que ajudam a repensar caminhos e percursos de vida. Mas não obstante tudo isto, o móbil, na maioria dos casos, tem de partir do próprio ( Falo aqui de casos possibilitadores de mudança. Obviamente que existem doenças de carácter mais profundo que não cabem nesta minha análise, entenda-se). De nada servem correctas abordagens de problemas se, depois das conclusões, se fica na mesma. Parado, à espera que o mundo gire. Daqui a quinze dias, um mês, ou quando for a data da próxima consulta, se o paciente nada fez, tudo estará na mesma. Se não continuou o trabalho de auto análise iniciado no contexto terapêutico, quando volta, as queixas serão iguais. E a estagnação instala-se. Sob a guarda de alguém que tenta impulsionar, mas a quem só é permitido isso mesmo, um primeiro impulso.

Há quem nos chame duros, insensíveis ás vezes. Tenho para mim que não é bem isso. Não tapamos é sol com peneiras. Nem chamamos nomes doces ás amarguras da vida. E o ser Humano ás vezes não gosta lá muito disso.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Deixa ver...


Leio num blog que sigo, e penso. Penso que também me confunde esta incerteza de quereres. Já quis pertencer a alguém. Pertencer, de pertença. De protecção, e afins. E não pertenci mesmo a sério, porque esse alguém não quis. Percebi entretanto que não seria bem isso o ideal, e deixei de querer pertencer. Assim, incondicionalmente, fosse a quem fosse. A partir dai, pertenço a mim, e basta. Eu sou uma boa dona para mim mesma. Oriento caminhos, não me perco ás primeiras, e se me perder ás segundas, a minha bússola interna orienta-me o caminho. Que pode ser tranquilo, turbulento, sinuoso, enfim. Mas não obstante me sentir em casa com esta minha "independência" ( que vem entre parênteses, porque independência é um conceito matreiro, e delicado), existem momentos em que a tal pertença me acena com a mão. De longe, é certo. De mansinho, de uma forma comedida, e não no sentido real da palavra. Mas no sentido de partilha, de companheirismo. Engraçado, ou sem graça nenhuma, como até hoje, e após a tal pertença que idealizei, tudo quanto me cheire a grandes partilhas afasta-me. Resta-me saber, se, estando pertença de mim mesma, sinto mais vezes falta de alguém, do que se tivesse alguém sentiria de mim mesma. Não sei se me faço entender...


Mas como pertenço a mim, ou seja, sou minha, hoje vou espojar-me no meu puff, a ler. E vou ler até me apetecer. Porque não tenho peúgas e trusses ( nem sei se é assim que se escreve) para dobrar ou remendar. E quando me fartar vou deitar-me. E não tenho lá ninguém para me aquecer os pés. Pronto, é isso. Não se pode mesmo ter o melhor dos dois mundos... Eu, a eterna insatisfeita. Estou para ver como é que algum dia vou resolver isto...

Ser Mãe é...


Entrar numa sapataria, recheada de botas altérrimas e fantásticas. Passar tudinho em claro e ir directa à secção da Geox de criança. E desembolsar uma quantidade considerável de euros num par de botas. Quando fores grande, não me ofereças uns Manolos que vais ver. Vais vais...

Está quase....


E de volta ao mundo real depois da descontração, estou bem. Mais capaz de enfrentar o sofá do que a cadeira do escritório, mas enfim, apartes. E outro de extremo interesse, é que chove lá fora. Tenho destas particularidades. Ás vezes tenho saudades de pessoas ou coisas. Mas só quando as sinto ou vislumbro, percebo a verdadeira dimensão da falta que me faziam. A chuva fazia-me falta. Dispensava os caracóis teimosos do meu cabelo rebelde. Mas enfim. Conjugam comigo, e tenho de me aguentar com eles. Os meus pés já estão numas botas, e o meu pescoço num lenço de meia estação. O xaile de croché, já repousa nas costas da minha cadeira, com que a pedir para me abraçar. Calma, é só mais um bocadinho...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A borrifar...

Tão animadinha que eu estava pela manha, e o dia deu conta de toda a animação possível. Eu, que até sou do sorriso e da boa paz, já estava prestes a saltar em cima de alguém, e esmurrar focinhos com empenho. Sim, eu ponho empenho em tudo e mais alguma coisa, e o esmurro de focinhos que o merecem, não é excepção de certeza.

Ainda não conclui, se nestes dias manhosos, a tendência é mesmo que tudo corra mal, ou se somos nós que, em prol do sentido ser invertido, perdemos resistência, e abanamos ao primeiro sopro de vento. Mas isto hoje, foi mesmo rajadas, vá.
Inquiro-me com frequência, se gentes que por aí andam perdidas, não mais têm que fazer, do que por em causa decisões alheias. Daquelas que são tomadas sempre pela mesma pessoa, porque a outra de direito, foge literalmente com o rabo à seringa.

Não sei se é da idade, mas agora, e findo o dia, estou-me literalmente a borrifar para o assunto ( Ainda poderia aqui usar um termo mais adequado, e tipicamente Português. Mas pronto, borrifar também está bom). Isto de ter mais de trinta, não podia ser só rugas, brancos e casquinha de laranja nas coxas. Tinha de ter parte boa.
Agora, vou até ali ao meu sofá e ás minhas almofadas. Amanha, bem cedo, tenho à minha espera uma massagem oferecida pelas minhas queridas amigas Parolas. Delícias de Vinho. Com um bocadinho de sorte, ainda tenho direito a um copito :) O dia começa bem, portanto. Espero que a tendência se mantenha até ao fim.

Eterna insatisfeita... Sim, euzinha

Ás vezes concluo que sou refilona por natureza. Sou exigente, insatisfeita, e tal e coiso. Reivindico, e isso. Por momentos, encaro a realidade com outros olhos, e concluo que não estou assim tão mal situada. Pela manha, e após deixar o rebento na escola, desloco-me ao Banco, passo na pastelaria e no quiosque. Entre pessoas amigas e outras conhecidas, sinto um conforto tremendo e um calor humano, típico dos sítios que são nossos. Rematado com um Bom dia menina, proferido pela Dona R, que me fez ganhar o dia. Pronto, pronto, eu sei que isto é momentâneo. Eu sei que daqui a pouco já estou farta da pacatez. Concluo é que o mal não está na pacatez. Está em mim, que sou um eterna insatisfeita. Enfim, coisas... Bom dia, e até já...

domingo, 18 de outubro de 2009

Loooolllll

E perguntam vocês, e bem, o que faz a mulher que não chora a um Domingo à noite? Vê os Ídolos, como não podia deixar de ser. E porque se ri ela, perguntam vocês, mais uma vez? Não, não se ri das figuras ridículas dos cantores. Ri-se das caras do júri, ora pois...

Pra ti, que ainda me queres...

"Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade (...)
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional... "

Carlos Drummond de Andrade

Simples, não é? Não, eu sei que não...

Bode expiatório. Ou vários...

A gula perseguiu-me até ao jantar de família. No prato, própriamente dito, nada de extraordinário. No pós, é que a porca torce o rabo. Broas, fritos, figos secos com nozes ( outra delícia que ontem nem referi). Começa a minha luta desenfreada.
Nos entretantos, e no meio da reunião familiar, surgem temas delicados. Na nossa família existem alguns. Porque temos abordagens diferentes, senão mesmo opostas. No mesmo jantar, falou-se de cuidados paliativos, eutanásia, interrupção voluntária de gravidez. Eu, recuso-me a assumir posições extremas. Porque, e ora não fora eu Psicóloga, não consigo deixar de pensar, que cada caso é um caso. São temas demasiado delicados para extremismos. Envolvem vida, morte, dor, e afins. Mas isto sou eu, obviamente. De um lado, uma Enfermeira, frequentadora de uma pós graduação em cuidados paliativos, e para quem lutar pela vida, é o objectivo supremo. Sempre e até ao fim. Do outro lado, uma cinquentona teimosinha, detentora de verdades absolutas, que diz de sua justiça, de forma atabalhoada, fundamentada apenas no seu senso comum. O meu rebento, nos entretantos fugiu para o Panda, e fugiu muito bem. O chefe da família, também desertou, levando consigo a fera guardiã da casa. Deixaram-nos a nós, Mulheres, cada uma com a sua perspectiva, ao molho na cozinha. E isto de Mulheres, falando cada uma de sua justiça, tem que se lhe diga. Tem tem. Pela minha parte, e apesar de respeitar pontos de vista diferentes, fico sempre um bocadinho em riste, com posições extremas. É de mim, que se há-de fazer. E essas posições assumidas pelas outras duas avezinhas lá de casa, causam-me urticaria. E foi delas a culpa do que eu ontem comi. Delas e só delas. Uma de cada lado, buzinando efuzivamente os meus ouvidos, e todas as iguarias acima descritas, dispostas, bem defronte a mim, na mesa da cozinha. Não se faz. Vou processá-las...

sábado, 17 de outubro de 2009

Da gula... Malvada


Hoje, a revista do Jornal que compro, é dedicada à Gula. Hum, mas que doce pecado... Desde pequena que como pouco. Diz a minha querida mãezinha, que, no tempo das vacas magras ( que já houve, antes de agora), comprava um carapau, na tia Gaiata ( que raio de nome; já morreu, a pobre peixeira), e que eu só comia os lombos. Já era fina portanto ( se for possível considerar fina, alguém quem come carapau).
Pela vida fora, sempre fui picuinha. Gordura na borda do prato, biqueira como só eu. Mas não obstante a parca alimentação que faço, que se prolonga até hoje ( salvo raras excepções), sou gulosa. Terrivelmente. E há coisas que me tiram do sério. Falo-vos sobre algumas. Bolo Rei; uma perdição daquelas que roçam o incontrolável. Simples, frio, quente com manteiga, enfim, seja como for, marcha. Castanhas assadas, cozinhas, guizadas, e por aí adiante. Bolo de chocolate, mousse, e tudo onde o chocolate for Rei. Branco, preto, o que for. Não sou racista em lado nenhum e aqui também não. Broas, daquelas que estão quase a chegar; de azeite, nozes, amêndoas, batata doce, enfim. Não me perco descontroladamente, mas quase. Leite condensado, com bolachas e natas ( Entretanto já salivo, vocês é que não vêm).
Na cozinha propriamente dita, perco-me com bacalhau, de toda a forma e feitio; começando pelo vulgar pastel ( lá em cima esqueci o pastel de nata. Ophs, grande gafe...), passando pelo espiritual, à lagareiro, gratinado, e por aí fora. Para o fim, deixo a minha grande paixão. Queijos, de cabra preferencialmente, acompanhados de pão alentejano, e regados com um bom vinho tinto. A estes, não resisto de forma alguma, e o melhor mesmo, é manter-me longe deles. Se não, é tomar consciência da minha fraqueza, no seu estado mais puro. É assistir em directo à derrota do meu consciente, que me grita pára, pára, em favor da minha gula, que grita muito mais alto, que não pare, a malvada.
Existem outras coisitas. Mais algumas, não tão importantes, mas ainda assim poderosas. Mas fico-me por aqui. Vou ali num instante à cozinha, lambuzar-me num quadradito de chocolate. Contento-me com pouco, vá lá. Ou não...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Livro de cabeceira...


Li de novo o Grande Do Amor e Outros Demónios, de Gabriel García Márquez. Não é dos mais conhecidos. Não foi o que lhe valeu o Prémio Nobel. Mas tem uma crueza de palavras, num estilo puro de literatura que me fascina. Terminei agorinha, e estou prestes a reler qualquer um outro do mesmo autor. Dizem-me por aí que é chato. Eu digo por aqui que é fantástico. A perspectiva, again...

Era isso...


Este calor fora de época levava-me agorinha já, a uma esplanada, algures na beira mar. Porto covo, parecia-me bem. Estimava essencialmente poder entardecer por lá. E sentir o fresco da brisa de Outono neste final de dia. Hoje para além de sonhar a dormir, sonho acordada. Parecem-me sonhos a mais. Decerto quererá dizer qualquer coisa.

Dos sonhos. Daqueles a dormir, mesmo.




O meu querido Sigmund Freud, chamava-lhe o guardião do sono. Necessário e importante, portanto. Confesso que nutro com eles uma relação de amor/ódio. É frequente sonhar com coisas boas, mas também com coisas menos boas. E não encontro própriamente ligação do estado de espírito com o que sonho. Posso estar num dia fabuloso e sonhar um disparate, e vice versa. São consideradas projecções do nosso inconsciente, sendo que, por vezes, atingimos nos sonhos determinados objectivos que nos escapam no período de vigília.


Hoje, particularmente hoje, apeteceu-me falar deles por aqui. Porque ultimamente me recordo deles ao pormenor, como se qualquer coisa me quisessem dizer. Misturo pessoas, situações, caminhos e opções. Pessoas presentes, pessoas passadas.


Lembro-me de, em pequena, julgar que se adormecesse a pensar em algo com muita força, sonharia com essa mesma coisa. Não me lembro se fazia efeito. Actualmente, e com frequência, acordo a meio de sonhos que quero continuar, e não consigo. E tenho outros que me apetece que desapareçam, e que parecem ficar latentes, num período de semi vigília, para depois me continuarem a atormentar enquanto durmo.


É um terreno pantanoso e misterioso, sem dúvida. Não posso dizer que não me deixem nos entretantos considerações valiosas. Identifico perfeitamente nas leituras que faço, situações que me preocupam, sonhos que quero atingir, entraves que se apresentam. E por vezes surge um qualquer pormenor, implícito, no qual ainda nem tinha pensado. Apesar de misterioso, é um terreno que gosto de explorar. Talvez por isso mesmo. Pelo mistério.

Estou tentada a logo à noite, experimentar a minha teoria de infância. Acho que vou adormecer, a pensar com muita força que estou algures em Bali. Sim, hoje apetecia-me Bali. Podia ser ali num dos sítios das fotos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Do dia...

O dia passa. Mais uma vez intenso e ao mesmo tempo sem graça. O calor, atafulha-me, como já vem sendo hábito. Eu também me atafulho. De ideias, sem nexo, sem roque, sem lei. Olho pela janela e vejo uma qualquer máquina pesada que trabalha insistentemente. Dois Homens de aspecto cansado manobram a maquinaria com perícia e engenho. Sempre gostei de ver gente a trabalhar com empenho. Lembro-me de, em pequena, perseguir a Senhora que limpava o pó lá de casa. Ela limpava, e eu ficava a olhá-la, horas a fio. Ainda hoje, gosto de observar estas coisas. Principalmente se forem trabalhos de mão, de habilidade. Posso também perder-me a olhar alguém a fazer croché, durante um bom par de horas. Desde que o faça com convicção. Por esta hora já pensam se não arranjo nada mais interessante para olhar. Arranjo sim Senhor. Mas sou ecléctica. Preciso de muitas coisas. E ás vezes, preciso de ver gente em acção. Tenho cá para mim que hoje, se alguém como eu me olhasse ao longe, não gostaria do que via. Rara esta minha postura, e talvez seja necessário que me debruce sobre ela com afinco. Não estou empenhada. Não vejo a hora de desertar o local. Vou agora, já de seguida, e já vou tarde. Os Homens das máquinas ainda ficam. Com o mesmo ar de eficiência que tinham pela manha, apenas acrescido do cansaço. Um louvor a eles. Amanha, prometo, que quem me vir de longe, vai ver-me diferente. Diferente de hoje, habitual de sempre.

Dos Homens que eu não queria ser...

Já sabem que por vezes profiro que gostava de ser Homem. As vezes, e alguns Homens. Hoje, experimentei a forte sensação, de que não queria ser determinados Homens. Passo defronte a um grupo de engravatados, a fumar na porta de um qualquer Banco. Um espectáculo que por si só não me agrada. Não tenho nada contra quem fuma. Eu própria, por vezes, rendo-me ao prazer de uma cigarro. Mas confesso que não gosto de ver gente a fumar aos montes na rua. Nem Mulheres que andam e fumam ao mesmo tempo. Não combina. Manias, reconheço, entre tantas outras. Mas adiante. Um molho considerável de Homens, vislumbravam a manha, deitavam fumo pela boca e olhares lânguidos a quem passa, num cenário a roçar o deprimente. Oiço um piropo rançoso e desagradável, da boca de um deles, e fico enojada. Presumo que não fosse para eu ouvir. Mas ouvi. Tenho bom ouvido, sempre disseram.
Fico pensativa, e verifico internamente, que existem muitos assim. Com necessidade de se afirmarem perante o olhar cínico do comparsa do lado. Mais uma vez a minha vertente profissional acende-se de imediato. E reservo-me no direito de, internamente, julgar cruelmente discursos destes. E introduzi-los quase inconscientemente no compartimento de determinadas frustrações. Que patentes e vincadas necessitam de compensação. E, no seguimento dessa compensação, assumem-se figuras ridículas e patéticas. Julgo que ficam a perder. As Mulheres, no geral, não gostam dessas abordagens. Eu não gosto nada. Não que me intimidem, pois por norma, e se quisesse descer o nível, tinha resposta na ponta da língua. Mas porque me repugnam. Intensamente.

E como já não falo disso há muito tempo, e porque nunca é de mais falar, aproveito para reiterar o valor do Cavalheirismo. Deveria decerto ter nascido numa outra era, eu sei. Mas nasci nesta, e não há nada a fazer quanto a isso. Vale-me ir vendo alguns, ainda em número considerável, por aqui e por ali. Qualquer dia guardo um só para mim.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Muitas e boas


Travo sérias lutas com futilidades. Hoje, leio no blog da mini saia, sobre a importância de uma boa mala. Esta é de facto uma das minhas sérias batalhas. Gosto de malas. Muito. A mini saia aconselha a ter uma melhor, ao invés de uma parga delas de fraca qualidade. Pois sim, pois sim. Gostaria de saber, é o que faz, quem quer muitas e boas. Assim, como eu.

Do jogo de hoje. Para além de outros... Pargas deles.


Hoje joguei xadres. Já não o fazia há anos, e amei. Não jogo mais por falta de parceiros. Jogo a um nível médio, muito longe do ideal, mas ainda assim gosto. Das estratégias, das jogadas de mestre. Impulsiona-me especialmente jogar com alguém superior. Que o faça com sabedoria, e me ensine qualquer coisa. Há semelhança do que li há tempos num blog que acompanho, não posso deixar de o comparar ao jogo da vida. Dispomos de peças, que jogamos para um lado ou para o outro. Ganhamos umas jogadas, perdemos outras, e no final podemos ter um forte, ou uma casota de palha, daquelas dos três porquinhos. Há uma conjugação de factores determinantes, que vão desde a sorte, à sabedoria, ao saber aproveitar oportunidades e erros dos outros, e ao arquitectar a melhor jogada perante as circunstâncias.
Perdi. Mas como em tudo, sou boa perdedora. A quem me venceu, cá estou para a próxima. Tenho cá para mim que o cheque mate ainda será meu. E na vida também sou assim.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Do início...

O período de reflexão teve inicio conturbado. Como de resto, só podia. Os inícios, seja do que for, são sempre intensos. Deve ser por isso que gosto tanto de começar coisas. Debruço-me essencialmente sobre profissões, e, ironicamente, encontro-me ainda agora com uma antiga Patroa. Com o seu ar característico de matrafona inchada. Não obstante ter-me feito a vida num inferno quando trabalhei com ela, ao ponto de saltar fora sem ter para onde, entendo-me com ela na perfeição. Quando se fala de igual para igual e não de superior para subordinado. A minha recusa à situação, depois de analisada com afinco, traz-me conclusões interessantes.
É de louvar, como em pleno séc. XXI, uma Mulher consegue monopolizar massas, como a Dona F. E quando falo em monopolizar, não falo em controlar minimamente. Falo em Feudalismo, na mais pura essência, onde a vassalagem se assume em toda a sua grandeza. Onde a vénia e o aval se prestam e se pedem. Nunca vi beija mão, mas acredito que exista. De filhos, noras, e público em geral. Sim minha mãe, sim minha sogra.....Tem poder. Na verdadeira acepção da palavra. Começando no seu aspecto, espaçoso e majestoso, passando para a manipulação de quem a rodeia. Ás vezes penso se estas posições, não têm também a ver com isso mesmo. O aspecto austero e imponente. Que por si só não chega, mas que aliado a uma personalidade intensa e autoritária dão resultados tamanhos. Embora também não ambicione, rápido concluo que nunca lhe chegaria aos calcanhares. Tenho uma aparência demasiado frágil, e uma figura que passa despercebida. Nada poderosa, portanto. Nada a ver com a das grandes matriarcas. Como a Dona F.
Seria impossível trabalhar com ela. Não sirvo para prestar vassalagem. Penso, penso, e ainda não descobri se é defeito ou qualidade. Se pegar na minha consciência, é qualidade. Se pegar nos objectivos que atinjo, ou não, é defeito. A perspectiva, essa malvada cerca-me de todas as frentes.
Mas no fundo, e não obstante as incompatibilidades fervorosas entre mim e ela, admiro-a. Talvez não pelos métodos que utiliza, mas pelos objectivos que consegue. Se tivesse nascido noutros tempos, figuraria decerto os nossos livros de História de Portugal do 6º ano, na secção de Mulheres poderosas. Ao lado de uma Padeira de Aljubarrota, ou assim. Eu, seria decerto das ilustres desconhecidas que ardiam na fogueira por desordem e afins.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dos sonhos...


Em cima da mesa, para além de petiscos e afins, viagens e destinos de sonho de cada uma. Estados Unidos, povoa muitas mentes. Egipto e Índia, outras. Austrália, Cuba, Brasil, outras. No meio dos devaneios de simples férias, introduz-se, à laia de intruso algo mais sério. O mudar de País para trabalhar e viver. Umas repugnam por completo, e só se lembram, como alternativa de vida, abraçar um Monte Alentejano. Daqueles com lagos, vacas e galinhas. Outras só vêm capital. Algumas mudavam de ares, se fossem acompanhadas. Outras até mudavam sozinhas se assim se proporciona-se. A minha vertente analítica trabalha no que ouve e percebe que neste conjunto de mulheres, existem diferenças monumentais. Na abordagem das situações, nas ambições, nos objectivos. Se uma se acharia feliz no meio do nada, outras acham que só estariam bem no meio de tudo. Transparece um atafulho de emoções, num Brainstorming de ideias soltas que convergem e divergem, em direcção a tudo e a nada. Porque as que seriam felizes no monte, acham que Nova York, seria também uma boa solução. Porque as que iriam até Angola, ponderam também Barcelona. Porque tudo isto me faz pensar que sonhar é fácil e ainda bem que sim. Porque podemos projectar, ambicionar, quase sentir a parte boa, sem passar pela parte má. Porque funciona como um prolongamento do brincar na infância, que assume factor determinante para um crescimento saudável. Agora também se cresce. Se não por fora, por dentro.
Ainda bem que sonho. Peco por, não raras vezes, assumir o que sonho com tanta intensidade, que quase me imagino a realizar proezas inimagináveis, e quase concretizo o inatingível. Não faz mal. Em pequena também fazia castelos de rainhas com pratas de chocolates. E eram castelos. Venha quem me diga que não.
E por falar em Castelos, não sei se já vos disse. Um dia ainda vou ter um...

domingo, 11 de outubro de 2009

Reflexão...

E num período reflexivo pós eleitoral, ou seja, nada normal, mas vocês já sabem que sou do contra, encontro-me oficialmente pensativa. Sobre tudo e sobre todas as coisas. Sobre objectivos, metas e sonhos. Sobre ambições, sobre pessoas. Sobre o raio que me parta e mais alguma coisa. Porque existem momentos assim, que nos fazem uma falta imensa para ordenarmos o nosso interior. Porque o mais ou menos faz-me uma comichão do caraças, e eu não gosto lá muito delas. Porque o assim assim é um estado morno e inútil que não condiz comigo. Porque o banho Maria é giro na vida dos outros, se eles assim o entenderem, mas na minha atafulha-me o espírito. E de espíritos atafulhados está o mundo cheio.
Porque por vezes surgem oportunidades que nos assustam de tão tentadoras. Porque nos obrigam a ponderá-las, e ficamos assim como que, sem saber o que fazer. E indecisões intermináveis também não são para mim. Nem aqui, nem em nada. Coisas em curso eternamente são coisas com tendência a acabar. De monotonia, de stress, de cansaço. Não sei quanto tempo demorarei em pensamentos profundos. O tempo que precisar, até porque estes pensamentos só a mim dizem respeito. E quando os pensamentos são muito nossos podemos dar-nos ao luxo de pensar neles mais tempo. Ou menos, enfim. O tempo que nos for preciso, sem arrastar decisões. Quando os pensamentos influem com outrem, o cuidado deverá ser outro. Deverá, nem sempre é. Porque o ser Humano tem sempre um umbigo majestoso. Enorme e único. Os outros umbigos são sempre outros umbigos, muito mais pequenos que o nosso. Quase sempre. Pelo menos vezes de mais.
Agora vou até ali sentar-me no sofá, e encontrar uma qualquer série estapafúrdia para ver, antes do meu período oficial de reflexão iniciar. Preciso de uma dose de futilidade, a fim de limpar a alma, constantemente absorta com coisas demais. A teoria da tábua rasa sabia-me agora que nem nozes. Não obstante não concordar com ela, apetecia-me tremendamente. Também não gosto de leite simples. E ás vezes apetece-me muito, e bebo. Enfim, coisas.

Ora vamos lá ver...


É oficial que o poder mudou de mão aqui para estes lados. O meu voto foi nessa direcção, e espero não me sentir defraudada. Pelo menos a velha guarda arrogante e presunçosa desceu do pedestal. E subiu uma Senhora ao poder. Não posso deixar de me sentir orgulhosa disso. Não que ache os Homens incompetentes, mas agrada-me sempre posições de poder no feminino. Só lhe posso desejar um bom trabalho.

Até daqui a quatro anos.

Mais um dever...

Isto de cumprir deveres cívicos a toda a hora aborrece-me. Ainda por cima ao Domingo, dia de descanso. Bem podiam eleger um outro dia da Semana, e decretar feriado. Isso sim, seria uma boa ideia. Recuso-me a falhar, e lá vou. Com uma boa dose de indecisão, em quem votar, acrescida de uma de certeza de que, vote em quem votar, não voto lá muito bem. Enfim, adiante. Chego ao local, e deparo-me com um espectáculo a roçar o deprimente. Candidatos e Candidatas, em comité de recepção, num dia em que deveriam estar em todo o lado menos ali. De todos os Partídos, e para todos os lugares.
Esta patética campanha de última hora, soa a ilícita e a desespero. E não soa nada bem.
Cada vez me convenço mais, que a minha fase anti política se vai prolongar no tempo. Como outras.
Bom Domingo. Vegetem por mim, que eu hoje não posso.

:)

Jantar de amigas e manas e primas. Com direito a bolo de chocolate vindo directamente do aniversário da mesa ao lado. E com velas que marcavam 32 em vez de 33, o que deveras me agradou. E um relógio lindo e uma massagem de presente. E afins e afins. Obrigado meus amores.

sábado, 10 de outubro de 2009

Os Bravos


Os Bravos. Fazem hoje uma revista, fariam muitas outras. Há gente brava, que ás vezes, quando há tempo, pensamos sobre. Não se vêm por aí ao desbarato. E chega a pensar-se se será bravura, ou falta de amor à vida, tal o risco. Cada ser tem um móbil, uma ambição, um objectivo. Para uns, esse objectivo prende-se com coisas simples, como ter uma família, um emprego, um lar. Para outros, é saltar de Para Quedas, escalar picos montanhosos, ou praticar saltos para a água em cascatas. A ambição, o objectivo final, será o mesmo, ou idêntico. A satisfação pessoal, sentimentos de felicidade, de plenitude. A diferença é o que se faz para os atingir. Se os mais banais implicam uma dose controlada de risco ( será?), os mais ambiciosos implicam um risco elevado. Que é necessário correr, sob pena de não se atingir o objectivo.
Cheguei a pensar, o que mobiliza alguém a subir montanhas no meio do gelo e da neve, onde um passo em falso, um descuido, seria o fim. Cheguei a julgar que estas pessoas seriam pessoas sem objectivos de vida, sem algo de mais palpável para se agarrarem. Hoje, acho que pensava mal. São simplesmente pessoas que têm necessidades diferentes das minhas e do comum dos mortais. Sim, porque eu sou uma comum mortal, das que não precisa de saltos ou outras tropelias. Pelo contrário. Tudo quanto se prenda com o inseguro, o arriscado, foge de mim. Ou o contrário, enfim, não sei muito bem. Mas há quem precise. Há quem atinja realização pessoal a saltar, a caçar, a pescar, e afins.
Desafiam a vida, a morte, e tudo e tudo. E se são felizes assim, desafiam muito bem.

Só uma ressalva importante. Eu também sou brava. Não assim, mas experimentem pisar-me um calo...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

É só...

Há um buzinão a assolar-me a porta. Um filme na televisão a assolar-me a alma. E pronto, é só...

Desprevenida...


Não gosto assim lá muito, ou melhor, não gosto assim quase nada, de ser apanhada desprevenida. Naquelas situações, onde ficamos sem saber, o que dizer, o que fazer, o que é certo, o que é errado, e por aí fora. Normalmente, a espontaneidade está do meu lado, e até me desenrasco qualquer coisita. Mas ainda assim, e depois de ultrapassar o momento, acho sempre que uma qualquer outra resposta ou atitude, teria sido mais adequada. Raios.
E não, ninguém me ofereceu flores sem eu estar à espera. Antes fosse. Isso era impulse, e isto não sei muito bem o que é.

Conversas soltas...

O assunto surge de mansinho, nem sei porquê. Traições. Daquelas sérias, sentidas. Decide-se que se quer continuar com a relação, e esquecer a pessoa secundária. E agora? Conta-se ao traído, em nome da sinceridade? Ou esconde-se, em nome da paz?
Sou do frente a frente, da clareza, do respeito. De qualquer forma, esta situação é delicada, e merece que me debruce sobre ela. Obviamente que entre casais a sinceridade, a confiança e o respeito são alicerces fundamentais. Certo. Mas num caso de traição, todos estes valores se quebram. Conte-se, ou não. Ficam quebrados, danificados. E esta quebra vai ficar vigente. Se o mentor da traição, optar por continuar, tem dois caminhos. Ou conta, arriscando não ser perdoado, ou ser perdoado com todas as consequências que acarreta. Ou não conta, arruma o assunto, e pronto. Omite, é certo. Esconde. Sim, esconde. Mas ser-lhe-á permitido investir de novo na relação, se esta fizer sentido. Atenção que falo de situações isoladas, que aconteceram como consequência de lacunas sérias, e onde a relação merece ser investida. As outras, as executadas porque sim, continuamente, e por carácter do traidor, não merecem as minhas palavras.

O ultrapassarem os dois, como se de uma tarefa simples se tratasse, parece-me por demais utópico. O fosso instalado demasiado profundo. O caminho a percorrer demasiado longo. Se já tanta coisa correu mal, ao ponto de se chegar a trair, o contar ou o esconder, sinceramente, não me parece o mais relevante.

Na minha perspectiva, o cerne é não chegar aí. Porque se duas pessoas não estão bem, o melhor é assumirem que não estão, antes dos estados limite. Porque a traição é um estado limite. Porque surgindo a necessidade de trair, coisas falharam. Muitas coisas. E as pessoas afastam-se, isolam-se, traem. E depois, no final, assumem mazelas profundas. Quem traiu, quem foi traído, e pior, o casal.

É só um ponto de vista. O meu ponto de vista. Vale o que vale, obviamente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

:)


E o dia foi assim a modos que bom. A modos que muito bom. Com gente que eu amo muito e que também me ama. Com direito a refeições especiais, tratamentos vips, prendinhas amorosas e bolo de chocolate daqueles de cortar a respiração. E muitos miminhos de perto e de longe. Fico particularmente sensível nos meus dias de anos. Não pelo dia em si, não propriamente pelo significado. Mas porque a extrema dedicação dos que me são próximos sente-se muito. No dia a dia, sou eu que amparo, sou eu que acompanho, sou eu que aconselho, sou eu que mimo. Neste dia, por norma, todos se viram para mim. Todos me mimam, todos me fazem as vontades. Vergo. Vergo muito.

Por estas, e por outras, fico feliz de fazer anos só uma vez por ano. É o que chega.

Amanha, a C. do costume regressa. Até lá.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Clap clap...


O meu blog é um pouco marado com as horas. No meu relógio, bate meia noite, logo, já é dia 8, sendo que, posso avançar. Há exactamente 33 anos, a minha querida mãe pôs-me no mundo. Pegando nas teorias mais esotéricas, posso admitir que fui eu que escolhi de onde queria nascer. Se o fiz, consciente ou não, escolhi bem. Se foi ao acaso, tive sorte. Valha-nos isso, algumas vezes na vida. Tenho um percurso um tanto ou quanto atabalhoado, marcado por um nariz arrebitado, um sorriso fácil, e um coração espaçoso, onde cabe quem nele quer caber. Faço o que gosto, embora se voltasse atrás, escolheria qualquer outra coisa onde o dinheiro fosse mais, e mais fácil. Dispunha-me a aturar os outros somente nas horas vagas, e já não era mau. Este meu constante altruísmo enche-me a cabeça de preocupações, e os bolsos ficam um cadito aquém das expectativas. Enfim, um dos azares, antagonicamente acompanhado da sorte, de ter sempre um coração cheio.
Tenho um tesouro enorme, que é a mais forte razão do meu sorriso.
Tenho rugas, cabelos brancos a dar com um pau, que escondo artisticamente com as maravilhas da estética capilar. Não sou magra nem gorda, sou assim assim. Aos trinta e três, orgulho-me de, quando me analiso a fundo, julgar que mudava pouca coisa em mim. Falando de interiores, obviamente. Talvez mudasse o clube de futebol. Sim, parece-me bem, pois preciso de alegrias, e o meu adorado Benfica tem andado adormecido. Parece que este ano acordou para a vida. A ver vamos o percurso.
Gostava de morar em Lisboa, e moro numa cidade pelintra, perdida no meio do Ribatejo. Com gente boa, má e assim assim, como em todas as cidades. Fugi da Capital atrás de um amor. Só depois percebi que o certo teria sido o contrário. Outro azarito.
Tenho a melhor irmã do mundo. Tenho umas amigas parolas fantásticas que eu adoro.
Sou vaidosa. As más línguas dizem que muito, eu digo que o suficiente.
Não tenho namorado, e as velhinhas do meu Lar não acreditam, porque acham que tenho ar de malandra. Eu, que até tenho um ar angelical. Mas pelo sim pelo não, e não seja eu um verdadeiro anjo, rezam novenas em prol de eu arranjar um noivo. Parece-me bem. Já são tantas na reza, que qualquer dia os ditos fazem fila. E eu sou um bocado má nestas escolhas. Não sei porquê, mas tenho uma qualquer queda para a desgraça.
Não sou loura, o que nesta coisa de arranjar noivo, pode ser um sério problema. Nem alta, o que poderá constituir outro. Inteligente, enfim, talvez qualquer coisita. Outro problema tamanho, senão o maior. Porque se fosse assim, um cadito aburricada, decerto já me tinha deixado ir em alguma canção do bandido. Assim, tou aqui. Encalhadinha, que só eu e Deus é que sabemos.
Tenho mil sardas no nariz, e gosto delas. Assim como das minhas mãos. Dizem que sou parecida com a minha avó paterna. Eu não acho, mas tenho pena de não ser.
Numa pequena retroespectiva, posso dizer-vos que aos 5 fui para a escola. Aos 9, mudei de terra, de escola e de amigos. Aos 15 apaixonei-me. Aos 17 fui para a faculdade, que acabei aos 22. Aos 23 tive o meu primeiro trabalho. Aos 25 casei. Aos 27 fui mãe. Aos 29, rompi com o amor apaixonado. Até hoje.
No fundo, não posso deixar de vos dizer, que sou feliz. Porque sou.
Parabéns a mim, e um bom dia para todos...
Há, já me esquecia. Presenteio-vos com uma foto meio desfocada da minha pessoinha. Só para terem uma vaga ideia, de quem é esta que vocês cuscam de vez em quando. Sou aquela alí, no canto superior direito... Serei??? Serei, sim Senhor.

Dispensava...

Empertiga-me um pouco a falta de competência. O fazer só por obrigação. Como interessada na matéria de vocações, entendo que nem toda a gente faz o que gosta. O mundo é mesmo assim, e contos de fadas são os da Cinderela, e não as histórias de vida comuns de cada um de nós. A nossa toca o real. O concreto, o necessário. Se pudermos desempenhar tarefas em áreas de eleição, ainda bem. Se não desempenhamos e temos possibilidades de lutar por fazê-lo, óptimo. Se nos é de todo impossível mudar o ramo, parece-me por bem agarrarmos com alguma, senão muita garra, o que nos aparece. Senão entramos num marasmo doentio, do fazer por obrigação, o mínimo exigível, sem ambição, sem brio.
Lembro-me de, nos meus tempos de estudante, já analisar esta realidade. Por me deparar com Professores e com Senhores Professores. Uns limitavam-se a despejar matéria. Outros também nos transmitiam conhecimento, mas com gosto, com empenho, com paixão. E não obstante, a carreira de Professor poder ter algumas condicionantes que afectem o estado de espírito, como a distância de casa, o cerne nem estava, muitas vezes aí. E é tão diferente aprender de uma forma ou de outra.
Hoje deparo-me próximo, bem próximo de mim, com essa grave lacuna.
Não gosto. Porque não gosto de a encarar. Porque não a suporto. Porque todos saímos a perder, incluindo o próprio mentor. Não entendo muito bem, como mais ninguém aqui nos meus arredores, percebe isto. E assim se deixe andar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dos tempos e das esperas...

Há vezes em que desespero quando espero por algo. Embora, presentemente a calma me acompanhe de perto, em quase todas as facetas da minha vida. Quase.
O tempo é um traiçoeiro clandestino, que me faz falar sobre ele vezes de mais. Porque é das realidades ambíguas. Existe. Não se vê. Sente-se. Muito... E é relativo, tão relativo como poucas coisas. Porque o que é muito para mim, pode ser pouco para os outros e vice versa. Porque a nossa personalidade assume sempre um papel preponderante. Porque obedece a ambições, perspectivas, vontades. Não falo num par de horas. Que embora se sintam de forma diferente, dependendo de serem bem ou mal passadas, são sempre um par de horas e pronto.
Falo de uma outra dimensão em que o tempo assume um carácter muito mais díspar, dependendo de quem o sente. Sendo que uma espera indefinida pode ser rápida ou longa. Subjectivamente falando, claro está.

Por vezes, num rasgo de utopia, chego a sonhar que o tempo não existe. Como se o presente, o aqui e o agora chegassem para mim. Ás vezes chegam, outras não. Espero um dia chegar a esse grau de plenitude. Ou isso, ou um dia em que nada espere, porque tenho tudo. Como se isso fosse possível... Digo uns disparates ás vezes. E penso, e sinto.

Reitero sempre o valor das pequenas coisas. Hoje, e não obstante ainda ser Outubro, umas castanhas assadas na saída do metro do chiado saber-me-iam tão bem...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Deve ser do tempo


Porque o tempo está propício, porque estive por casa all the weekend, porque vem aí o frio, andei armada em vasculha de fatiota. E deparo-me com o problema de sempre, que ainda não percebi se é só meu, ou se mais gente por aí o sente. As calças de cintura descida, que na falta de outras, também povoam o meu big closet. Para mim, são um problema tamanho. Não que ache que não tenha idade, ou corpo ou whatever para as poder vestir. Nada disso.
Simplesmente porque não gosto lá muito de me agachar e sentir a cueca a aparecer, à medida que a calça desce. É que vislumbro por aí, cenários deprimentes, sendo que muitas das vezes, nem é necessário agachamento. Basta sentarem-se et voilá, surge a cuequinha, que quer seja tanga, asa delta, lisa, ou aos corações, na minha óptica é para andar escondidinha dos olhares indiscretos.

Para além disso, uso e abuso de camisas, que nada condizem com as ditas calças.

Logo, faço uns jogos tamanhos de articulação de peças, guardando as de cintura subida para as camisas ou camisolas mais curtas, e adequando as que possuo de cintura mais descida para túnicas ou outras peças mais compridotas.

O problema, entenda-se, não é a sua existência, pois cada um usa o que entende, como muito bem entende. O problema, é a falta de escolha, pelo menos nas lojas acessíveis ao meu bolso, o que me faz andar que nem uma louca a vasculhar em tudo quanto é lado, a ver se encontro calcita que me chegue perto do umbigo. O meu umbigo é giro. Não pensem cá que o estou a tentar esconder por falta de predicados. Mas é meu. Bem como as cuequinhas. Ok, estou fútil hoje. Sorry. É do tempo.

Ora deixem lá ver...


Hoje, e sob influência da http://minisaia.blogspot.com/, no post http://minisaia.blogspot.com/2009/10/coleccao-de-natal-louis-vuitton.html descubro o que verdadeiramente queria para prenda de aniversário... Há coisas que fazem parte da minha wish list... Entre outras, obviamente. Falo por ora de futilidades, sim porque eu também gosto de futilidades. Uma mala Louis Vuitton, claro está. Um colar de pérolas. Um anel de diamantes. Um vestido Channel, daqueles clássicos, de uma elegância inigualável, preto e branco. Um Omêga. Uns Manolo Blahnik.
E tenho mais coisitas, mas julgo ser prudente ficar por aqui. Já têm muito por onde escolher...

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