
E quando se julga tudo estar bem, descobre-se que nem assim é, por muito que aparente ser. Temos o dom (?) de ocultar o que nos envergonha, ou que por alguma forma nos atinge tanto, que nem queremos que se saiba, e de resto, também para quê. E conseguimos transparecer a calma e a tranquilidade, quando o que se sente por dentro é o pavor e o desespero, o que julgo que bem feito, o disfarce, diga-se, nem é para todos, mas enfim, há quem o consiga. Considero por momentos, estar presente uma terrível mentira de má fé, de tão incoerente me parecer. Oiço a história, incrédula, quase me parecendo um boato, daqueles que surgem assim, sem se saber como, embora na maioria das vezes, até esses, têm um qualquer fundo verdadeiro. Não concebo que nos dias de hoje e dentro de uma sociedade que se diz de primeiro mundo, aconteçam situações de violência doméstica, física e psicológica, de forma repetida e terrivelmente nefasta para a vítima. Custa-me a entender a sujeição, muitas das vezes não absolutamente necessária, mas ainda assim, talvez até o seja um pouco, que de alguma forma, e quando o motivo não é familiar ou financeiro, algo, seja que algo for, segurará a vítima ao agressor. Percebo ainda menos, o que faz um Homem agredir uma mulher, admitindo também o contrário, obviamente. Um Homem e uma Mulher de vidas estruturadas, nível económico e cultural, que ainda que estes não constituam sinais de tranquilidade e respeito, deveriam ajudar um pouco, tenho para mim. O que será que lhes dá, para além do gozo da posse, completamente descabido numa mente saudável? Só justifico então com doença, que mais faça. E as doenças curam-se. Ou não, que temos as outras, as incuráveis, e estamos então perante alguém que chegou a um fim, ainda que não físico, ao menos social, que quem assim exerce tão terrível poder, está num estado limite dentro da sociedade. Estou incrédula. Nem devia, mas estou.

















