segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dos empregos, dos trabalhos, e do nada se faz que assim é que é bom

A par com a tal da crise, que não gosto nem de falar, já sabem, deparo-me com episódios caricatos, dignos de quadro de honra. Eu, um humilde ser na casa do trinta, mãe de filho, farto-me de trabalhar, valha-nos isso. Às vezes, não tanto quanto queria, que mais umas consultazitas não me fariam mal nenhum, e a malta precisa de orientação, acreditem. Se me surgissem, desfazia-me, como de resto, me desfaço sempre, em simpatias e soluções de horário, que pode ser logo às sete da matina, se tiver que ser, que levantar o couro cedo da cama dá saúde, já dizia a minha avozinha. A limitação, é ter lá por casa um dorminhoco inveterado, com o qual me vou desenrascando, às vezes com ajuda de chantagem, eu sei que não se faz, mas a lei manda desenrascar, e eu desenrasco-me, pronto. Intrigam-me por isso certas gentes, na minha faixa etária ou na anterior, maioritariamente, com as quais é necessário um quase requerimento, a fim de as fazer trabalhar. Que me levam um mês a entregar um orçamento, que me marcam serviços para não aparecer, que me dizem que podem para depois levarem um chá de sumiço eterno, apenas quebrado se for eu a tomar a iniciativa. Éh pá, fico intrigada, pois claro que fico. E leio jornais e falam em desemprego e em jovens licenciados que taditos não têm onde trabalhar e assim. E sabendo e assumindo, que muitos casos serão isso mesmo, não terem onde, também conheço muitos dos outros. Dos que não trabalham, porque não apetece. Porque hoje dói o costado, porque amanhã tá calor e na praia é que se está bem, porque ao fim de semana é para descansar, trabalha tu, que bem parva és. E a modos que é isso. E a modos que me apetece, quando me prometem para depois me falhar, senta-los todos ao redor de uma mesa, e ler-lhe em voz pausada a Crítica da Razão Pura de Kant, que é para eles verem bem o que é penar. Só assim, para começar.

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