quinta-feira, 1 de julho de 2010

Memorial

A noite clara rendeu um filme, um episódio de Clínica Privada, coisa mais fútil, mas que muito me agrada, e um bom avanço no Memorial de um Convento. Se há coisa que me fascina eram os hábitos e costumes de outras eras. O Rei que casava com a Rainha, prometida em tempos por um outro Rei, que seria o Pai, com uma qualquer conveniência emergente. O objectivo dos esposos seria constituir família, com um varão de preferência, e se tal não acontecesse avançava-se com novos ensaios, no dia e hora marcada, sob a guarda da criadagem que rondava os aposentos reais. Retrocedendo aos tempos em que lia livros de História de Portugal, e via os documentários do José Hermano Saraiva, que sim, gostava muito de ouvir, lembro-me das usanças de outrora. Lembro-me por exemplo de que não eram as mães que criavam os filhos, que eram entregues a amas, incumbidas dessa nobre tarefa. Os Homens por caças e guerras, assim se perdiam, e as Senhoras entre chás, costuras, e outras inúteis tarefas, se preenchiam, deixando o que de mais precioso tinham, em mãos alheias, terrível pecado, que nem à confissão ia. Embora me causem apelo os costumes, quase todos me causam ainda estranheza, pelo vazio que deveria existir naquelas gentes, os vazios perturbam-me, já sabem. E isso nem chegando a entrar na plebe, de vida miserável, embora mais animada, tenho para mim.
Desde esta minha época de interesse pelo que é histórico, que as vidas perfeitas dos Príncipes e das Princesas me causam algum enfado, como de resto, quase tudo o que é perfeito, se é que isso existe.
Quanto ao Memorial, vale a pena, que nem sei como, ainda não o conhecia a fundo. Diferente do que já tinha lido do Autor, mas igual na genialidade da escrita.

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