terça-feira, 21 de junho de 2011

Memórias

Ganha sempre comichão quando a mandam esquecer. Mas esquecer porquê? É certo que por vezes o passado a marca quando lhe vinha à memória, e lhe acende um lume forte e pungente, que a consome devagarinho por dentro, ora mais de um lado, ora mais do outro. É certo também que a vontade é por vezes amaina-lo, torna-lo mais leve, e consequentemente mais suportável, que de pesos estamos nós cansados, e a leveza, é o que por vezes tanto procuramos, sem sequer o sabermos. Ela porém já sabe. Mas ainda assim, e para que lhe chegue, carece das experiências idas, por fortes que sejam. Tem presente, que o esquecimento do que a trouxe até hoje, não se afigura como um caminho possível, para quem quer crescer ainda mais. E se para isso tiver de lembrar memórias tristes, que lembre. E se para isso tiver de conviver com fantasmas perdidos lá dentro de si, para que de quando em vez os encontre, e os transforme em gente, que conviva. E se para tal tiver de remexer e transladar resquícios de substâncias mal cheirosas, que lhe empestam a alma de negro, para depois sentir mais ao perto a clareza, que remexa. Assim, olhando-a de frente, pequena e franzina, ninguém dá nada por ela. Às vezes, nem a própria. Mas só até se lembrar do que lá traz dentro. Está de tal forma cheia, que nos entretantos percebeu, que quanto mais cheia, mais espaços ganha. E desde esse dia, resolveu deixar de esquecer.

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