quarta-feira, 18 de abril de 2012

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Breivik é um assunto muito sério. Não ouso catalogá-lo do que quer que seja, não possuo meios suficientes para poder fazê-lo. Que se encontra em estado de doença, julgo ser assunto que não carece de discussão. Está doente, profundamente doente, com um equivoco interno relativo às responsabilidades que o cá trazem, crendo que o dever de repor alguma ordem no mundo, ordem essa, dele e talvez de mais ninguém, lhe pertence. Tratará provavelmente, mas sem certeza, uma mente de estrutura psicopática, em estado de séria descompensação, sendo o sentimento predominante a injustiça da envolta, perante um Eu inacabado, perdido no processo de evolução. Neste patamar psicológico é frequente a necessidade extrema de consertar o redor,  repor a justiça, uma vez que são mentes que ainda se encontram inseridas dentro de si, o suficiente para julgarem que a lucidez lhes pertence, e tudo o resto é um mundo sem razão e sem sentires.
O que fazer nestes casos poderá ser um assunto delicado, que carece de análises profundas ao indivíduo com vista a uma punição efectiva pelo crime praticado, mantendo o respeito pela doença, em caso de existência da mesma. De qualquer forma, permitam-me umas questões, daquelas que gosto de lançar por resposta não encontrar, e apenas para que se reflicta sobre elas. Em caso de crime, não estará o criminoso permanentemente em estado de loucura, nem que seja temporária, que lhe permite infligir sofrimentos, em casos de violações, assassinatos, torturas de carácter diverso? Alguém num estado de salubridade mental, ousa matar outro alguém, sem que a mente esteja a passar por algum estado de desequilíbrio considerável?
Não creio, não posso crer, até porque para mim, e mesmo o que se poderá chamar de pura maldade, vem indexado a alguns outros processos mentais próprios e doentios, que carecem de intervenção e investimento.
Numa outra abordagem e concretizando um pouco a minha opinião sobre o assunto, parece-me que a intervenção psiquiátrica seria pertinente em muitos dos casos que chegam aos tribunais. Que o acompanhamento individual e consistente poderia trazer-nos frutos a médio, longo prazo. Parece-me ainda que estas pessoas têm de ser retiradas da sociedade, independentemente do sítio escolhido para as colocar.
Temo porém, e sei ser possível, aqui como em tantos outros crimes, o encarceramento colectivo ou individual, em estruturas que mais não fazem do que destruir o pouco que ainda existe, sendo que daqui a 21 anos, poderemos encontrar Breivik, numa esquina, continuando coberto de razão, vivendo num mundo que é pouco mais do que seu, e onde todos somos invasores.

2 comentários:

  1. Este é um que escapa ao "coitadinhos dos criminosos, se tiveseem tido mais colo...". Tens toda a razão, penso eu de que, no teu diagnóstico do Breivik. E espero que insistam na "defesa" da insanidade, para o homem ir para um hospital psiquiátrico. Na prisão, se sobreviver uma semana, terá muita sorte. Num hospital psiquiátrico, duvido que lhe consigam dar a volta - ele estará, para ele próprio, sempre "coberto de razão, vivendo num mundo que é pouco mais do que seu, e onde todos somos invasores". Mas, espero, mesmo, talvez a Noruega consiga essa coisa espantosamente civilizada de separar o joio alto do joio médio e deixar as prisões para os não-(tão?-)loucos...

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  2. Também tenho esta esperança na Noruega. A ver vamos...

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