quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Logo se vê...

O fresco matinal despertou-me a alma. Salpicado de pingos teimosos e certeiros. Deixo o pequeno na escola, e o dia acende-se. No estaminé, a loucura habitual. Loucura, da verdadeira, com gente louca. Não a loucura que por vezes se profere por aí à boca cheia. Não sabem o que dizem, é o que é. Emaranho-me em papéis, telefones, gente que me cerca como se não houvesse amanha. Apetece-me entretanto desertar. Na verdadeira acepção da palavra. Daquela, definitiva, do não importa para onde, importa que se vá. Amo o meu trabalho. Já amei menos, agora amo mais. Por vezes penso se será aquela resignação que tanta gente fala, quando fala do amor ao marido. Do amo este por falta de outro. Se calhar é isso, é o hábito que me tolda. Se for isso, estou desiludida comigo. Não compreendo gente que se tolda por hábito, por inércia. Se eu estiver nesse caminho, estou mal. Muito mal. Mas estou em análise, já sabem. Vou consultar a minha bússola, meio desmantelada, meio partida, meio inteira. A determinada altura desertei. Não tanto quanto queria, não para tão longe. Mas ainda assim, desertei. Cedo, muito cedo. E desertei muito bem. Agora, findo o dia, deito alguém que me dá o beijo mais doce do universo. E me diz, anda mãe, aconchega-me. Fico tranquila. Pelo menos por esta noite. Amanha logo se vê. Mas o amanha é sempre assim. Logo se vê...

2 comentários:

  1. Gostei de ler este teu desabafo...
    Eu amo o meu trabalho mas curiosamente já amei mais, muito mais, agora estou apenas conformada.
    Estou na fase do...amanhã logo se vê por isso entendo essa tua frase final!

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  2. Desertar, torna quase sempre o amanhã do logo se vè, muito melhor, pelo menos aos nossos olhos. Desertores de véspera.

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