quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Será que dramatizo??


Há dias em que devería ser mais do que uma. Para poder estar em vários lados ao mesmo tempo. Hoje, por razões extremas não posso abandonar o estaminé. Mas queria, agora mesmo, estar sentada no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a ouvir os Especialistas a falar sobre Alzheimer. Porquê? Porque a par com o Cancro, ou a Depressão, é uma das doenças do Século, que atinge milhares de Idosos. Não se fala tanto. Pois o alvo são os idosos. Mas existe.
O nosso País, como em tantas outras coisas, não está preparado para albergar dignamente estas pessoas. A minha veia, não direi crítica, pois não gosto da palavra, mas analítica, depreende no dia a dia diversas conclusões sobre o assunto. Quando os Serviços onde trabalho, são procurados por pessoas, em busca de respostas para os seus familiares, e que não conseguem economicamente suportar o serviço. Porque as reformas são baixas. Os apoios quase inexistentes. Porque o estado não apresenta soluções eficazes. Porque as unidades criadas com vista a responder a estas questões não chegam. Quem não tem casos por perto, não abrange a dimensão real do problemas. Um problema concreto e sério, que atinge diversas famílias, e onde Idosos e Cuidadores vivem uma angústia constante. Quem me lê, e não conhece a problemática, poderá julgar que dramatizo. A quem o julgar faço um convite.
Imaginem-se com 65 anos. Agora imaginem que vão ás compras e não sabem o regresso a casa. Imaginem ainda que querem pedir uma colher para a sopa, e que não se lembram, do nome. Imaginem também que chega alguém de sempre, que os aborda, e que vocês não lembram quem é, o nome, ou de onde vem. E agora, ponham-se no lugar do Cuidador. E imaginem o que é deixar alguém em casa, que poderá muito bem esquecer de tomar os medicamentos. Ou que pode pôr comida ao lume e não mais apagá-la. E que pode ainda sair, sem destino, e não mais saber voltar. E agora, sigam o fio condutor da imaginação, e imaginem que procuram auxilio. E que os sítios acessíveis não têm vagas. E que financeiramente, não conseguem atingir os outros.
E agora, se conseguirem, imaginem o que vão fazer. Conseguem??
Boa. Então sou mesmo eu que sou dramática...

2 comentários:

  1. É mesmo por aí, CF.Para nos aproximarmos da realidade das situações, nada melhor do que nos colocarmos "na situação", exercício que nos aproxima,embora de leve, do drama. Um dia, li isto + ou - assim, de um cego: para saberes como vivo, não basta fechares os olhos por um minuto, venda-os por uma semana e saberás um pouco, como é viver no escuro.

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  2. O meu avô tem alzheimer.
    Sinceramente, acho que ainda não me mentalizei ou ainda não interiorizei a verdadeira dimensão da palavra alzheimer...aos poucos...
    Quanto a ele, parece-me feliz, não se lembra que se esquece...
    Será?
    :(

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