sábado, 30 de janeiro de 2010

Opinião...

Ontem de noite, apanho um programa que fala, sobre um assunto que me faz pensar amiúde. A preocupação com as doenças terminais, centra-se, por norma na dor física. Importante sem dúvida, e ainda assim, longe, muito longe do ideal. Mas e a dor Psíquica? Será que alguém se preocupa com ela? Será que alguém pensa, no que sentirá alguém com um diagnóstico de morte a curto prazo? Será que se tem em conta, as crises de pânico e terror, que surgem na mente de que sabe que vai morrer, e deixar para trás os seus? Alguém pensará, decerto. Mas a nível de saúde, pouco se faz. Apesar das evoluções ténues, ao nível dos cuidados paliativos, o cerne, continua a ser o físico. No programa de ontem, encontro cientistas, que utilizam morfina para as dores, é certo, mas que utilizam também outras drogas, como o LSD, para amenizar e alucinar estados terminais. Para quem quer obviamente. E agora, será um erro? Eu, numa opinião, que vale o que vale, acho que não. Se alivia o sofrimento interno de quem está prestes a partir. Ilícita, ou não, ameniza dores profundas.
Porque ao invés do que se pensa por aí, a essência da vida está na nossa mente, na nossa psique, no nosso intelecto. É ai que está o poder da vida, do caminho, da mudança. Através do corpo, é certo. Mas só através. Porque será, que a preocupação central, quando tudo já está perdido, continua a ser o corpo, e se esquece a alma, como se ela nada valesse? Não concebo. Eu, não concebo.

8 comentários:

  1. Concordo completamente com vc, o ser humana não se resume só ao corpo físico não viuh

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  2. Creio que ajudar as pessoas a partir é uma tarefa que deveria ser incontornável mas não me parece, sinceramente, que deva ser feita com LSDs. Estar rodeada por quem ama, aceitar a sua condição e partir na tranquilidade de saber que quem fica fica bem apesar da perda, pode ser um grande paleativo. Mãos que segurem a sua e uma voz tranquila faz com certeza mais milagres do que drogas que podem, inclusive, funcionar ao contrário. Bad trips é o que há mais para aí...

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  3. Concordo Antígona. Isso que falas será o ideal, dentro do drama da situação. Pior, é que nem sempre é possível, por n factores. Óbviamente que podem surgir reacções adversas. Mas tudo é feito com um controlo rigoroso, com doses adequadas ao efeito. De qualquer forma, entendo o que dizes. É uma droga, sem dúvida.

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  4. É verdade. Que se passará na mente daquela mulher, que dor lacinante, que angústia terrível pela certeza do que sabia inevitável, quando confinada ao leito, as lágrimas deslizavam silenciosas pelo ainda bonito rosto.
    Que lhe dizer? Como a confortar? Como a aliviar de uma vida que sabia perdida, do que deixava, das filhas que a adoravam e que eram toda a sua vida, da sua casa, dos seus amigos e até, talvez, do seu marido? Nada! Olhá-la silencioso e lutar para não me afogar nas lágrimas que escorriam para dentro.
    Mas, e depois? E quem cá fica? Chorar, talvez.
    Não é verdade. Estão enganados, todos se enganam. Chorar nada conforta porque não são essas as lágrimas que aliviam.
    O sofrimento continua porque quando as lágrimas se esgotam surgem aquelas que realmente magoam.
    As palavras que nunca foram ditas e aquelas que se disseram de mais. Isso nunca passa.
    Deus do Céu, meu amor. Era tão fácil.

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  5. Anónimo, não sei quem és, mas achei lindo o que escreves-te...

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  6. Sou alguém que sofre muito. Alguém que nunca se deita, que quando caminha para o quarto e vê aquela grande cama vazia, não tem coragem de lá entrar e nela dormir, e então acaba por dormir numa cadeira, num sofá, no chão.
    Sou ainda alguém que todas as noites nas suas orações, lhe pede perdão e roga a Deus que não lhe permita acordar.
    Mas acordo e arrasto a minha vida na esperança de que esse seja o último dia.
    Sou ainda alguém a quem tudo foi dado e que por estúpido orgulho nada desfrutou. E quando viu finalmente a felicidade, Deus disse-lhe: Já não é tua.
    Pela sua simpatia; deixo-lhe um sorriso

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  7. CF, recentemente, como sabes, perdi alguém que me disse, antes mesmo de entrar em estado terminal - as dores físicas vou-as suportando, com a morfina, as outras é que não, e isso entende-se no olhar para o vazio, de alguém que, com 45 anos, sabe que vai morrer, em cada beijo que dá na fotografia da filha de nove anos, que não verá crescer. Não deve haver pior dor. Nem revolta maior.

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