sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ainda do tal


Nem sou muito a favor da estagnação, até porque nem acredito nela, que o que não evolui retrocede, nunca se fica igual indefinidamente, até quem parece ficar. Nas relações também assim funciona e no amor romântico também, que ou avança, ou recua, igual para sempre não me parece. Dai a necessidade de avanço, de percurso, de evolução, sob pena de se entrar numa rotina tenebrosa, não raras vezes ainda inundada de sentimento. De um sentimento que já nem se sabe onde arrumar, porque se encontra igual há muito tempo, e deixamos de saber que se lhe faça. Igual, nem diria, perdoem-me a incoerência que transmito, cabeça a minha. Um tanto ou quanto diferente, já talvez em retrocesso, porque não cresce no sentido devido. E isto do sentido devido é lógico por si só, que nenhum amor começa pleno e digno de nome. Num percurso coerente, a paixão chega primeiro, para inundar dois seres de borboletas na barriga, de sorrisos parvos e de palavras doces. Que segue num fio que conduz a uma aproximação real e concreta por dentro, e não só por fora, característica fulcral do estado apaixonado. E essa coisa da proximidade interna, já no amor, tem que se lhe diga, que a externa é inerente à condição humana, que com a ajuda hormonal, não necessita de esforços maiores. A interna, essa, onde a evolução continua e onde se segue ao infinito, já são necessários quês, e nos entretantos, também já a externa pode precisar de ajuda, da tal evolução, para não se entrar no temido retrocesso, que até aí pode acontecer. Complicados que somos, e eu sou também e estou ali no estado morno. Se desafios existem, o amor é um deles, que parece ler-se claramente para num ápice nos estranhar, que nos assola de forma arrebatadora, para depois nos largar, que nos leva ao fim do mundo para depois nos deixar. Queria ainda acreditar em Shakespeare e naqueles ditos que soam bem, que hoje mais não me parecem do que manifestações puras do mundo dos sonhos, onde habita um Peter Pan, e onde existe a Terra do Nunca, os Dragões e os duendes das Crónicas de Narnia. Fazia-me bem acreditar nele, e eu merecia acreditar, que quase deixo de lutar.

"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te."

William Shakespeare

2 comentários:

  1. Excelente CF. Como excelente a frase final.

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  2. Olha eu já deixei, mas lutei forte e feio durante uma grande parte da vida. Não aconselho a desistência a não ser que aconteça aquilo em que se costuma acreditar - ele aparece quando se desiste. Para mim isso ainda não foi verdade, mas pode até ser que tenha desistido há pouco tempo ainda...lol

    Um GRANDE sorriso para ti

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