O que me faz reflectir... Todos os textos que aqui publico são de minha autoria, e as personagens são fictícias. Excluem-se aqueles em que directamente falo de mim, ou das minhas opiniões, ou onde utilizo especificação directa para o efeito.
sábado, 24 de julho de 2010
Lugares
Ele não quer vir, vê o Dartacão, e eu tive azar na hora escolhida, que às vezes escolho mal. Insisto, numa saudade já sentida porque me falta o beijo da noite, o aconchego na manta, o remoinho no cabelo pela manhã. Poucos dias foram, mas chegou para que assim sentisse, que faz-me falta quem gosto, sou assim. Por insistência de alguém subo, não vá ter de esperar um bom bocado pelo beijo ansiado. Entro no corredor que nem via há anos, passo pela mesma porta, pela mesma mesa, entro na mesma sala, e encontro as mesmas coisas, mais uma, menos uma. Ele está sentado no puf da sala, bem de fronte para o ecrãn e sorri, com a ingenuidade, ainda latente dos sete. Anda mãe, senta-te e vê comigo. Dou-lhe um abraço, encosto-me a ele um pouco, nem olho muito em volta, por nada de especial, talvez por educação e respeito. Pergunto umas coisas, ele responde meio a fugir, enquanto fixa o olhar na TV, e me diz em tom animado, que eu também via aqueles quando criança. E via, e gostava também. Dou-lhe o beijo de despedida, vou por onde entrei, acompanham-me à porta, nem era preciso, que bem sei o caminho. Saio, e volto a casa. Não te incomodou?, pergunta-me alguém. Nada, respondo, podendo até estar a mentir, mas nem foi o caso. Há lugares e lugares, concluo. E há lugares que já foram e agora já não são. São sítios, talvez.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Não te incomodou a ti, e ainda bem, mas incomodou a alguém, isso sim...
ResponderEliminar:)
E se calhar esses sítios que já foram lugares, mostram hoje que a vida continuou, movimentou-se, saiu do sítio que já foi tudo e passou a nada e não nos acomodarmos a esse nada e procurar outra vez o tudo é um acto de coragem e respeito por nós e pelos que nos são mais queridos! Estou perto ou pelo menos a roçar o que é?
ResponderEliminarAinda ssim é sempre estranho. Fica-se assim entre o incómodo e o orgulho de se ter superado esse mesmo incómodo. Pelo menos eu ainda não cheguei à absoluta indiferena e nem sei se lá irei chegar algum dia...
ResponderEliminarSandra, estás lá :)
ResponderEliminar