segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ufffa...


Agora que já o cá tenho, e me sinto sossegada, posso partilhar os desaires a que fui sujeita nestas férias do rebento.

Segundo dia, após a chegada ao Algarve; na conversa telefónica com a Avó, descubro que o pequeno espirra desenfreadamente. Há parte das alergias habituais, na minha cabeça logo estoira de imediato a bomba da Gripe A. Calma C., calma, que deve ser só o habitual. Era, valha-nos isso. Dois dias depois, a primeira conversa foi com ele mesmo. Tinha enfiado o pé numa rocha, situada numa grande falésia ( meeedo, já só me ocorria a praia Maria Luísa, mesmo lá ao lado), e doía-lhe muito. Perguntei-lhe se tinha deitado sangue, responde-me que sim, e que tinha três pontinhos. Jesus. Tentava manter a calma, mas a minha mente de mãe, já só me levava aos Hospitais, senhoras de bata branca, e pontos no pé do pequeno. Não era. Os pontinhos, eram uns pontinhos vermelhos, tipo picada. Disse-me ainda que tinha um penso à prova de água, num golpe enorme que tinha debaixo do pé. Em conversa com o pai, percebi que o penso estava lá, mas o golpe não era assim tão enorme. Era assim tipo unha do dedo mindinho, e na superfície, dizia-me o progenitor. Enorme tinha sido o aparato, que levou toda a família à farmácia mais próxima a fim de comprar material de penso, para calar a boca do rapaz.
Último dia antes do regresso, mãe, pus o dedo numa lâmpada. Tenho uma queimadura enorme... Confesso, que a partir daqui, que comecei a ter sérias dúvidas se voltaria inteiro. Voltou. Quando me entra em casa, tinha uma ligadura no pé do tamanho do mundo. Eu, quase espumava da boca, enquanto desenrolava a ligadura, tal o desespero. Esperava encontrar, sei lá, um golpe majestoso, que o pai, para não me preocupar me teria escondido. Não, era mesmo só um arranhão, de tal forma enfaixado, que coitado até deveria estar com falta de ar. No dedo, uma pequena bolha, decorrente da "enorme queimadura". Já não espirrava.

Pronto. E ainda é só um pequeno projecto. Pela vida fora, tudo se acentua.

Meus caros Senhores, que por uma eventualidade lêem os meus devaneios, existe alguma hipótese de não serem tão maricas? Não, pois não? Não, eu sei que não... E não se atrevam a dizer que a culpa é nossa.

Dilemas...


Não sou acomodada. Quando não estou bem mudo-me, quando tenho um problema tento resolver.

Hoje, porém, estou num dilema. Não é desconhecido, sendo que já o tive há um ano atrás.

Gosto do meu trabalho, é perto de casa, relativamente dentro da minha área de formação, enfim. Mas quando surgem os primeiros concursos para o ingresso em escolas, morde-me o bicho com uma intensidade brutal. Porque é esse o meu mundo. É isso que eu gosto.
E é exactamente nesta fase, que a luta entre a estabilidade do que eu gosto menos, e um mundo de trabalho incerto, mas que eu amo de paixão, se trava, renhida, acesa, perturbadora...
Se há sentimento que me incomoda é o da indecisão. Não gosto da sensação que me faz, nem das consequências que acarreta.
Portanto, e porque não me apetece por ora grandes dilemas ( Que podem nem vir a por-se, porque posso não entrar) , vou concorrer a tudo o que me apetecer. Porque não gosto da sensação de deveria ter feito e não fiz... Se não for chamada, não sou e pronto. Se for, logo se vê. Luz se fará na minha cabeça. Com sorte dá para acumular ao que já tenho.

Boa semana, bom regresso para quem vem de férias, boas férias para quem ainda vai, e tudo de bom, tudo, tudo ( Estou tão mãos largas hoje)...

Inteira...

E cá estou eu inteira outra vez...

domingo, 30 de agosto de 2009

Verdades...

Numa entrevista que li, recordo o tempo em que trabalhei com prostitutas. Pessoas, com histórias, vidas duras, sonhos e ambições. Pessoas. Desdenhadas por tudo e por todos, postas à margem de uma sociedade, porque vendem o corpo. E postas à margem, até por quem as procura. Compreendo que as procurem. Não percebo porque as tratam sem respeito.
Enriqueceu-me trabalhar com elas. São, na maioria das vezes, Mulheres para as quais a vida tem sido madrasta. Na ausência de outras oportunidades, respondem como podem, como conseguem, com o que têm. Mas se vivemos num mundo onde a crítica se faz valer só porque sim, a prostituição representa um alvo fácil de mais. Pode criticar-se, por todos os motivos e mais um. Fala-se de pecado, de gente sozinha. É tão fácil, quase que apelativa, a crítica nestes moldes.
Dizia a entrevistada, que sim, vende o corpo. Mas num rasgo de extrema clareza, afirmava também, que muitas mulheres vendem mais do que isso. Porque mantém casamentos fictícios, ao lado de quem não amam, com o objectivo de manterem uma situação económica confortável. Ou seja, por dinheiro. Não só vendem o corpo, como vendem a própria vida...

E é por estas e por outras que me reservo ao direito de não criticar nada nem ninguém.

sábado, 29 de agosto de 2009

Das recepções...


Sempre adorei gatos. É de pequena, e julgo que tem a ver com o facto de me identificar em muito com a personalidade deles. De qualquer forma, hoje, quando chego a casa dos meus pais, deparo-me com o meu cão, em perfeito delírio. A minha irmã, tinha acabado de chegar. Ele estava a tomar banho aquando da chegada. Diz quem viu, que ia não aguentando tanta emoção. Ele a emoção, e o desgraçado do meu pai, a pressão para o segurar, e não o deixar fugir da banheira, envolto em bolhas de espuma. Estava o bicho a recompor-se, chego eu, cuja ausência lá por casa não foi tão longa, mas ainda assim, a suficiente para o deixar naquele estado de loucura. Por muito que goste da independência e altivez dos gatos, tenho de me render ás evidências. Nenhum animal no mundo ( e se calhar muito pouca gente) mostra tanto a sua alegria pela nossa chegada com um cão. Faz-me sentir bem o sacana do bicho.

...

Não em muitas, mas em algumas situações quase que admito o conceito de eternidade. Porque existem sentimentos assim, eternos. Que o tempo não apaga, e que nos corroem por dentro com uma intensidade brutal. Porque os empurramos, com todas as nossas forças para o fundo das entranhas, arrumamos, o melhor que conseguimos, mas que são como a caixa de bombons no canto mais recôndito do armário. Está lá, e vamos lá bater, uma e outra vez. Porque existem ligações cujo nome não sei bem qual é, mas arrisco chamar de amor, que são de tal forma profundas e perfeitas que são nossas para sempre. Pode atenuar-se, esbater-se, com a ajuda do nosso esforço, mas só. E por isso sinto-me plena ao acreditar que para além do corpo existe a alma. E ai, tudo o que eu quero pode ser meu. Pertence-me quando quero, onde quero, como quero. E porque a alma não tem fim, uma vez ligadas, as almas perfeitas estão ligadas e pronto. No nosso mundo imperfeito podemos não conseguir levar ao expoente máximo os sentimentos, as vontades. Por isto, por aquilo, por erros, ou qualquer outra coisa. Dói, corroí, magoa. Não, não é fácil lidar. Persegue-nos, tira-nos as forças, esta luta antagónica, entre o que queremos tanto, mas temos de não querer. E queremos, e queremos. Por vezes, quase julgamos vencer, para numa curva do tempo, num olhar ao acaso, tudo voltar a emergir, com o intuito supremo de nos atormentar a alma, já cansada, já desfeita. Ás vezes não entendo a crueldade do mundo. Nós somos humanos, erramos. O mundo não perdoa. O amor, também não, e o Miguel Esteves Cardoso sabe o que diz...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Da vida...

Pela escada, quase que voo. Atrasada, como sempre. Saco do lixo na mão, mala na outra. A vontade impiedosa de ainda me dar ao luxo de bebericar um café; talvez atenue os efeitos de uma noite pouco dormida. Porque ás vezes perco-me. E quando me perco não durmo, pouco como, só respiro.
A meio do patamar, encontro a Dona L. A senhora que limpa o condomínio. Bom dia Doutora, diz-me ela. Não gosto que me tratem assim no meu meio. Ela sabe, já lhe disse. Mas insiste. Julgo que me tem carinho já de longos anos, e não consegue tratar-me de outra forma. Olhos de sofrimento, mãos cansadas, ar pesado, que revela uma idade que ainda não tem. Alma de lutadora. De noite e de dia. Não raras vezes, apanhei-a, a limpar a escada ao Sábado à noite, de madrugada. Porque precisava de passar incógnita. Não fossem denunciá-la à Segurança Social. Porque o que ganha a limpar, não chega para sustentar os filhos e o marido, que vive na sua beira, e na beira do álcool. E necessitava do subsídio que lhe era facultado. Continuo a descida. Na entrada encontro o neto do Construtor cujo escritório funciona no meu bloco de apartamentos. O Doutor C. Engravatado. Pouco fez pela vida, para além da licenciatura. Bom ar, boa pinta, sorriso de orelha a orelha, a olhar-me com ar de quem tudo quer tudo pode. Altivo, sedutor. Não me seduz, minimamente. Não sei porquê, mas também não importa.
Na saída, a bicicleta, que de verão ou de inverno, de noite ou de dia, transportam a Dona L., pela cidade que a vê lutar todos os dias.
Ás vezes apresento por aqui discursos pregados por quem, e não obstante a vida já ter pregado algumas partidas, no fundo tem sorte. E assim, é fácil pregá-los. Aprendi muito com o que me foi proporcionado. E foi-me proporcionado, de facto. Aproveitei, é certo. Mas há pessoas que quase não têm o que aproveitar. Ou que, uma vez errando, dificilmente se recompõem, tal a ausência de oportunidades. E para essas tudo será mais difícil. O nosso querer pode, é certo. Mas as circunstâncias também.
Doutora? Doutor? E o resto? A luta, o dia a dia? O acordar de madrugada já a pensar, em como ter o pão para a boca, de quem depende de nós? E sempre a sorrir. Gente que passa na sombra do tempo, que ninguém nota, que ninguém vê, senão a cidade. Mas que são gente que luta.
Admiro a Dona L. , já lhe disse. Mas deve ser tão raro, que acho que ela não acredita.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Duas ou três palavras...


E porque falei aqui nos meus grandes amigos que partiram cedo, ficou-me uma vontade a moer. De lhes dizer coisas, que tantas vezes já imaginei, mas que só posso dizer-lhes em pensamento. Porque já não me ouvem. Mas posso escrever-lhes. A dizer que vou adora-los para sempre.
Que fazem parte integrante do meu crescimento; que vivi com eles momentos fantásticos e únicos, naquela idade em que tudo é possível. Que tenho saudades.
Das boleias que apanhava com ele para Lisboa, e quando chegava ao carro dele deparar-me com um papel na alavanca das mudanças que dizia não esquecer a c., invariavelmente. Riamos os dois, obviamente; saudades de andar na pendura da acelera dela, e acelerar-mos até ela deitar fumo; saudades dos fins de semana, das tardes de praia; dos banhos de piscina, na casa dele, à noite, em Outubro; saudades da nossa Escola, dos nossos sonhos e projectos; saudades das cumplicidades, trocas e partilhas dos mais ingénuos sentimentos; na altura em que os sentimentos ainda eram ingénuos; saudades do sorriso dele; dos olhos verdes dela, lindos de morrer; saudades da garra com que sempre lutaram em vida, contra tudo e contra todos para ficarem juntos, numa sociedade que não entendia o amor que os unia. E ficaram, para sempre.

Não estou melancólica, embora possa parecer. Porque existem pessoas, que embora nos deixem cedo, dão-nos tanto, mas tanto, que ficam na nossa eternidade. Eles são sem dúvida alguma, dessas pessoas. Aprendi e vivi muito ao lado deles. Ainda bem meus queridos amigos, que fazem parte de mim. Vou lembrar-vos sempre...

Palavras soltas sobre saudade...


Palavra profundamente Portuguesa, com uma carga cultural com sabor a Fado e a sofrimento.

Pela minha parte, mantenho uma relação estranha; ás vezes subtil, outras vincada e de uma intensidade incrível.

Apeteceu-me falar sobre ela, porque hoje já me atenta. Do meu pequeno ser, que não vejo desde Domingo. É uma vontade de o ver incondicional, incontrolável, saudade, no seu esplendor.
Nada a ver com outro tipo de sentimento que por vezes denominamos saudade. Ás vezes sentimos uma falta, de qualquer coisa, de alguém. Que se não vier se atenua, e desaparece. Saudade, não é isso. A saudade não passa nunca, se não for aliviada. A verdadeira, crava e deixa marca. Tenho da minha avó. E vou ter sempre. Tenho de dois amigos que partiram cedo de mais. Tenho do meu rebento, que breve regressa. Isso é saudade...

Não estou a denegrir outro tipo de sentimentos. Simplesmente não são saudade. Serão qualquer outro nome. Não gosto de utilizar as palavras em vão.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Se não eu, quem???


Conseguem surpreender-me algumas pessoas que até julgo sensatas, ainda se deixarem levar pelas primeiras impressões. Por uma ou outra atitude, que parece valer milhões, como se as personalidades se analisassem assim. Como se as pessoas pudessem ser elevados a muito boas, num ápice, só porque ajudaram a velhinha a atravessar a estrada.
Não sou mesmo nada assim. Não dou pessoas por menos boas à partida, só com base em opiniões alheias; mas também não me iludo com pequenos nadas que podem esconder tanta coisa.

Pronto, há quem diga que exagero. Pode ser. Mas não me importo. Chamo-lhe protecção. E se eu não me proteger, quem o fará?

Revistas cor de rosa...

Ontem peguei numa revista cor de rosa, e deparei-me com uma série de gente, toda muito perfeita, muito feliz, muito realizada. Uma fachada, decerto construída, sendo que, é o que a sociedade quer ver... Ninguém quer pegar numa revista com um conjunto de Homens e Mulheres barrigudos e cabeludos, e saber a sua História de vida. Para quê? São uns infelizes de certeza. Os belos, os perfeitos, esses sim são felizes...


Na nossa sociedade, onde o culto da perfeição a todos os níveis, se apregoa como o patamar a atingir, o que fazem os imperfeitos, ou melhor, o que fazemos todos nós?

É uma situação que por vezes me preocupa... Não um culto de beleza saudável, se for vivido com peso e medida, como de resto, em tudo na vida. Mas o desejo da perfeição, e a consequente felicidade dai decorrente, transmitida a uma parte da população, que lê estas revistas, com uns olhos sonhadores.

Acabam muitas vezes por potenciar personalidades frágeis e débeis, pelo simples facto de não se atingir esse ambicionado patamar.
E incomoda-me ainda o facto, de ser uma realidade de difícil alteração, que reflecte problemáticas consideráveis na estruturação de personalidades, que, não tendo onde se agarrar, se agarram a vidas alheias. Vidas com uma perfeição fictícia, mas bela, que lhes dá um prazer momentâneo, alternado com uma frustração profunda, pelo facto de não pertencerem ao grupo da perfeição.


Obviamente que, uma personalidade estruturada e coesa, não sofre estas mazelas. Falo aqui de pessoas já por si frágeis, que se deixam toldar por estas realidades manipuladoras.

Sim, a esta hora julgam-me um Salazar, capaz de mandar banir as revistas. Mas não, não é nada disso. Até porque me parece que a curto prazo não existe possibilidade de alterações de fundo. Não por mais nada, mas porque a nossa Sociedade ainda é mais frágil do que deveria, e talvez até precise destes sonhos. De qualquer forma, e se querem saber, eu, pela minha parte não gosto delas. Mas cada um lê o que quer, obviamente...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

:)

Hoje vim para o trabalho, atrás de uma mula, com uma carroça, e algumas crianças de raça Cigana lá dentro. Guiadas por um Homem de barba branquinha e chapéu preto a contrastar.
Fez-me regressar aos meus tempos de menina, quando brincava com eles, ás escondidas da minha avó, que teimava em proibir-me. Não sei se por algum traço de racismo, se pelo medo de que atrás de mim viesse algum piolho, ou mau comportamento. Eu, Senhora do meu nariz, e um pouco rebelde já de pequena, fugia sempre que podia; levava-lhes guloseimas ás escondidas, e ouvia as suas histórias, típicas de povo nómada, que acampava atrás da minha casa, algumas vezes por ano, e em muitos outros sítios, nos restantes dias. Lembro-me do nome deles; a C, tal com eu, o A., a F. Aprendi alguns palavrões com eles. Daqueles que me punham de boca aberta, não propriamente por ficar escandalizada, mas por não saber muito bem o que significavam. Mas aprendi também que para se cantar, basta vontade, para se ser feliz não é preciso fartura; que para se ter uma família não são precisas paredes, e que, se quisermos, o mundo pode ser a nossa casa. Como em todas as sociedades, culturas e tradições existem o bom e o mau. E de resto, nós somos inteligentes, e só retemos o que queremos. Logo querida avó, obrigada pela intenção, mas não te preocupes. Aprendi coisas feias, é um facto. Mas não só.

Dos 30...


Há uns anos atrás, imaginava-me com trinta. Uma vida nada a ver com a que tenho, outras realidades, outros sonhos, daqueles se calhar impossíveis.

Na chegada a esta temida faixa etária, encontrei algum pânico, algum desconforto, a emergir silenciosamente, perceptível apenas a mim. Curioso, como de repente se esvaiu em cinzas, e passados dois anos, já não me incomoda.

Abolia algumas coisas, é certo. Como os primeiros pés de galinha, a meia dúzia de cabelos brancos, que têm a mania que são gente, e outras pequenas coisas que vão surgindo.
Mas a verdade, é que sinto uma tranquilidade e uma paz com a minha forma de estar na vida, que anteriormente não tinha. A sofreguidão sempre fez parte de mim, e marcou a minha adolescência de forma determinante. Hoje, ainda cá está, mas consigo geri-la de uma outra forma. Consigo ter uma calma, uma paciência quase infinita, quando espero pelo que quero; como também consigo ter uma prontidão incrível a despachar o que não quero. Ajo de acordo com as minhas vontades e ambições, com as condicionantes da vida, obviamente, e não de acordo com o que os outros querem que eu faça... Sou muito mais EU.

Na aproximação ao meu aniversário, alguém me dizia ontem que estou quase nos 33. Como se eu não soubesse. Mas não me incomodou. E que boa esta sensação de adaptação.
Agora aguardo (não ansiosamente), pela próxima faixa. Diz-se por aí que também nos dá tanto...
O crescimento é isso mesmo, a descoberta na infância, a sofreguidão da adolescência, a estabilidade ( ou a busca dela), do inicio da idade adulta, a tranquilidade dos 30, e mais não digo, porque ainda não sei. A seu tempo, como tudo na vida...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O mundo do trabalho no feminino

É tramado, isto para não utilizar palavra feia, que era de facto o que me apetecia.
Ao longo da minha vida, já tive oportunidade de trabalhar com grupos de Homens, de Mulheres e mistos. E caros leitores, conta mim falo, assumidamente. Os mistos toleram-se, os de Homens são um paraíso ( pelo menos os que já apanhei eram. Pronto, não sei se fui só eu que tive sorte, mas não me parece), e os das Mulheres um inferno.
Actualmente, o grupo é feminino. Meu Deus, quase que já entendo os Homens quando dizem que não nos aturam. É que eu sou Mulher, e também já não as aturo.
Ele são os horários da vizinha que são sempre melhores, ele é fulana que não faz nadinha, ele é sicrana que tem a mania que é boa, ele é aquela ali, armada em carapau de corrida, que anda de panelinha com a chefe, e por ai fora.
Isto tudo, aliado ao facto de todas, quase sem excepção, tentarem sacudir a água do capote, mal sentem um calo apertado, quanto mais não seja para ver se alguém cai em cima da tão odiada colega de trabalho, que merece sempre o belo do raspanete.
Depois, destaca-se ainda, o facto de sofrerem de um crónico e acentuado mau humor por estas e outras atrocidades, como as que atrás referi, que lhes acontecem. A isto, junta-se uma pitada de malícia tipicamente feminina, e pronto, temos o meu local de trabalho.

Eles, como em tudo na vida são do mais simples e básico. Normalmente, juntam-se, aliás, como de resto é sua postura. Se é para a desgraça, para a pinguita, ou outras tramóias masculinas, também é tudo ao molho. Mas enfim, é para o mau e para o bom. E quando é trabalho é trabalho, e se é para fazer, é para fazer, e ponto. Normalmente, todos a remar para o mesmo lado.
Nós, mulherio, juntas só para ir à casa de banho, e sinceramente, tenho cá para mim, que é só para ver se temos oportunidade de criticar qualquer coisita mais ao pormenor ( tipo a celulite do rabo da outra, que vestida nem parece, mas se a vissem em cuequinha, é que iam ver a desgraça que para ali vai; pfuuu, mania que é boa; nem sei como arranjou um Homem daqueles...), e não por qualquer outro motivo inocente, e despretensioso.

Quando nascer outra vez vou ser um deles. Nem sei se já vos tinha dito...

O meu tesouro...

Ser mãe é isto mesmo.
É uma não descansar, uma intranquilidade intensa quando não estão perto.

Mais uma vez, também aqui, se prega tanta coisa. Educar é isto mesmo, é uma autonomização constante. Um soltar linear e progressivo, que faz parte da lei da vida. Sim, é verdade. Mas só quem não é mãe não me entende. Quem é, conhece decerto esta dicotómica sensação de ir cumprindo o dever, de os ir vendo crescer, a par e passo com um bichinho que rói, quando eles vão, nem que seja só por um bocadinho.

Mas um Olá mãe. Já cá estou. Tenho uma cama enorme onde vou dormir. E agora vou brincar, tá bem ?Adeus, hoje deixou-me em paz. Não total, mas a possível na ausência dele.

domingo, 23 de agosto de 2009

Um bom começo...


Hoje, final de Domingo, inicio de semana complicada, resolvo, para desanuviar, rumar até ao cinema. A escolha, o ABC da Sedução. Uma comédia romântica, que faz sempre bem para distrair.

Para começar, uma série de olhos poisam em mim, estranhando uma Mulher sozinha no cinema. Não me incomodam, mas confesso que os dispensava. De resto, também já estou habituada. A maioria das minhas amigas, não são lá grandes amantes da Sétima Arte. Eu, amo de paixão, e se algum filme me fizer cobiça, na ausência de companhia, vou sozinha e pronto. Foi o caso.

E minhas queridas amigas, deixem-me que vos diga ( e queridos amigos, vá, porque a Katherine Heigl também vos deve arregalar o olho), não poderia ter escolhido melhor. O Gerard Butler, está um charme, que nem sei se vos diga se vos conte. Ali pelo meio do filme, já me imaginava na pele da Katherinezinha, a beber uns Mojitos, e a dançar uma Salsa, ou um Rumba, ou sei lá o que aquilo era, que os meus sentidos estavam de tal forma apanhados, que nem consegui destrinçar muito bem. Sim, o Senhor é sempre um must; é verdade, verdadinha. Mas neste filme, até arrepia. Ufa, ufa, que ainda estou com a respiração acelerada...
Para além disso ( sim, não pensem que passei o filme a olhar para o Gerard que nem percebi a História), a comédia é engraçada, bem conseguida, e toca uma série de pormenores masculinos e femininos, muito reais. Começando pela complicação das Mulheres, passando pela simplicidade dos Homens, e por aí fora...
Não se pode dizer que o inicio de minha semanita, assim a atirar para o negro, não teve um bom começo...
E pensar que tive quase a não ir. Ainda bem que ás vezes não me dou ouvidos.


Dos amores sem idade...

Hoje encontro um artigo que me despertou interesse, numa revista que por norma nem costumo ler. Não aprofunda o assunto, é um artigo leve, mas ainda assim, fez-me pensar. Fala em amores sem limites de idade. Já por cá falei no assunto, embora numa outra perspectiva. Não escondo, que julgo que iria ter dificuldades, em relacionar-me com alguém consideravelmente mais novo, simplesmente porque me parece que não me iria identificar. Só, e unicamente por isso. Mas poderei estar enganada, admito. E como também, de qualquer forma, no meu mundo não existem nuncas nem certezas, aguardo para ver, o que o futuro me reserva...
Fala-se de diferenças acentuadas. Diferenças que, de inicio, podem considerar-se pouco relevantes, mas que, com o tempo, podem tornar-se um tanto ou quanto constrangedoras aos olhos dos outros.
A meu ver, encontramos-nos hoje, mais do que nunca, num patamar da Sociedade, em que as diferenças de idades não deve de facto, ser determinante. As relações são no âmbito do presente, do hoje. Não quero com isto dizer, obviamente, que não existam projectos, percursos, caminhos e planos. Nada disso. Sem isso não há relações, há encontros. Mas na era em que vivemos, o deixar de percorrer um caminho ao lado de alguém que nos faz feliz, só porque é mais velho, não me faz qualquer sentido. A eternidade é hoje um conceito ambíguo, trémulo e incerto.

De resto, a nossa felicidade e a de quem nos rodeia, parece-me por si só, motivo suficiente para se assumir o que for. Cada vez mais concluo que não é fácil, caminhar ao lado de alguém. Caminhar, e ser feliz com essa pessoa. Podemos fingir que se caminha, sobreviver; podemos suportar pessoas, podemos tanta coisa. Mas ser feliz ao lado de alguém? Encontrar interesses comuns, estados de espírito, intimidades? Difícil; por vezes muito difícil, salvo as devidas excepções... Logo, se encontrarmos uma pessoa com a qual isso acontece, não é sensato deixar a censura interferir. Que importa o que possam pensar, dizer, ou especular? Nada, rigorosamente nada... Importa sim os sentimentos que cada um sente, e o bem estar a que consegue chegar.
Ser feliz já é por si só tão complicado. Para que dificultar as coisas com preconceitos impostos, não raras vezes, pelos infelizes sem coragem para mudar?

Da semana...


Sim, vou ter uma semana longa. Daquelas em que a vontade que acabe depressa, me faz querer que comece o quanto antes. Não gosto propriamente destas sensações. Uma antecipação do desconforto tal, que, quase me apetece vive-lo o quanto antes, para que depressa acabe.

Diariamente, lutamos contra o que sabemos estar errado. E depois, umas vezes conseguimos, outras nem tanto. Sou uma felizarda, acho. Quase sempre consigo não sofrer a antecipação e a coisa.

É um disparate, digo. Ás vezes até em contexto de consulta. Vamos sofrer mais tempo. Sofremos o inevitável, com a situação em si, e perdemos a calma dos dias antecedentes, que nos perturbam o espírito. A ansiedade inerente, quase nem nos deixa vive-los em pleno. Como se os dias se pudessem desperdiçar...

Porcaria de vida. A certeza cruel de que ás vezes, nem sempre pomos em prática o que ensinamos. E ainda de que nem tudo o que está escrito, e sabemos verdadeiro, é fácil de fazer. E isso, não é porque somos burros, é porque somos gente. Ainda não somos assim, amaquinados. Por estas e por outras imperfeições humanas, é que eu consigo manter a paciência de ouvir os erros dos outros.

sábado, 22 de agosto de 2009

O carrinho da leitura...


Ontem, sem esperar, surge-me uma memória de infância. Daquelas que já não me assaltavam, julgo que há anos. Veio de mansinho, clandestina, e engraçado como a presença de pormenores se fez notar, assim, como se tudo tivesse sido vivido ainda há pouco. Não sei o que a fez emergir. Mas sei o quanto me fez sorrir, só de se fazer lembrar.

Em criança, residia com os meus pais numa aldeiazita no sopé de uma Serra linda de morrer; com carreirinhos de pedra branca, por onde passeei inúmeras vezes. Longe de cidades, no meio do nada. Sim, as minhas origens são essas mesmo.
Ficava aos cuidados da minha avó, que bordava, costurava, e aturava as manias do meu avô, hipocondriaco e mulherengo de nascença. Muito defeito para um Homem só, mas enfim, era, e é, o amor da vida dela.
Uma das parcas animações da aldeia, era uma carrinha, que por lá passava uma vez por semana. Uma carrinha carregadinha de livros, sob a custódia da nossa querida Fundação Calouste Gulbenkian, de nome Biblioteca Itinerante. O objectivo primordial, era levar livros e Histórias, a sítios, onde de outra forma, decerto não chegariam. Tinha um toque engraçado quando chegava, a assinalar a sua presença. Lá dentro, um Mestre de Barba Branca, orientava a criançada, e aconselhava o que de melhor havia para nos fazer sonhar. Tinhamos direito a escolher três livros, que levavamos para casa, e entregariamos na semana seguinte. Por vezes, o tal mestre, reunia-nos e contava-nos umas histórias de encantar, com um ar misterioso e enigmático. Daqueles, de contos de fadas... Era assim como que uma carrinha mágica; a mais mágica de todas, embora existisse outra que me fazia sorrir. A do vendedor ambulante que tinha uns chupa chupas de cereja que eram uma delícia.

Obviamente, acabei a deambular por uma série de outras viagens à minha infância; lembrei o meu baloiço, feito com uma corda num ramo de oliveira, a casa velhinha da minha bisa, que recordo com um carinho enorme; o jardim da casa dela, recheado de violetas pequeninas, que emanavam um cheiro delicioso; o meu cão Piruças, e o vadio Camões, baptizado assim por ser cego de um olho; a minha gata Lolita; a casa da minha querida N., que me embalou horas a fio, me viu nascer, baptizar, crescer, e que ainda hoje deixa cair um lágrima quando me vê, e revivemos juntas tanta e tanta coisa; a minha escola primária, que recordo com uma terna saudade...

Porque sou do hoje, do amanha, é certo. Mas porque foi o ontem que fez a minha História e tudo o que sou. E é tão doce recorda-lo...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Das fraquezas...

Há dias em que me questiono se vale a pena ter uma postura de vida activa e determinada. Não baixar os braços, seguir em frente, quer doa, quer não doa... Todos temos mazelas, todos temos momentos de fraqueza; é inerente ao ser humano. A diferença muitas vezes, encontra-se na postura em encarar os problemas. Uns encaram-nos de forma positiva, outros nem tanto.
À medida que avanço, não raras vezes, deparo-me com situações em que o mais fraco, menos forte, ou outro nome que se possa aplicar, ganha o cuidado e a protecção alheia, em situações adversas. Porque pode não conseguir seguir em frente. Pode ir abaixo. Alguém tem de o proteger. O forte, por sua vez, aguenta tudo. É forte, pronto. Não precisa de ser protegido; pelo contrário, protege. Parece-me injusto. Existirão casos de alguma fragilidade genuína, é certo; existirão os que o são porque é mais fácil. E existem ainda os fortes, que, como qualquer ser humano, também fraquejam. Mas por norma ninguém dá por isso...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os caras de pau...


Existem Homens com uma certa pinta; assim, o que chamo, em tom de graça, obviamente, de caras de pau ( por serem assim um bocadinho a dar para o sem vergonha); e existem os sem pinta nenhuma, mas com a mania que têm muita, ou seja, os armados em caras de pau.
Aos primeiros, perdoo; por serem, sei lá, donos de algum je ne sais quoi, um certo charme atrevido. E ressalvo que este charme nada tem a ver com beleza, ou outro atributo isolado. É um conjunto de situações, intrínsecas à pessoas, e que por norma, saem naturalmente... Surge-me assim, de repente, um exemplar, que não esqueço; mítica figura de uma novela brasileira ( sim, via muitas nessa altura, decerto já perceberam), e que povoou a minha adolescência. Jorge Tadeu, de seu nome. Papel estudado, é certo, protagonizado por um actor daqueles interessantes, mas sem nenhuma beleza especial. Tinha o tal ar de malandreco, misturado com alguma timidez. Fazia as mulheres da aldeia engolir flores como se não houvesse amanha, só para sentirem um ar de sua graça ( chamemos-lhe assim, pronto), durante os sonhos. Eu suspirava; acho que suspirávamos todas ao perto, e acho que até eu teria comido uma flor; sim, euzinha, se alguém me afiançasse que dai decorreria uma visão de tal personagem.
Pior, é que não é para qualquer um, conseguir este estado genuíno a dar para o interessante. E num instante, quase sem darem por isso, alguns Homens, que têm a mania que são bons e engraçados, entram no patamar dos armados em caras de pau.
E estes, são os que não têm interesse nenhum, e a quem me apetece desatar à porrada de forma desenfeada ( hoje estive na eminência, vá lá teve sorte, contive-me). Tudo, porque ainda por cima são um bocadinho a atirar para o ignorante, e jogam o seu charme baratucho, tipo perfume patcholi, e ficam a olhar para nós com cara de Tás caidinha de todo, quando eu estou tudo, menos isso. As minhas ganas nessa hora, são de o esmifrar, mas não como ele pensa.
Pronto, pronto, nem todos podem ser charmosos, bem sei. Mas para os que não são dotados desse jogo de cintura, o melhor é a simplicidade; aliás, nos verdadeiros, ela também reina, mas naturalmente. Logo, ela é sempre o melhor remédio. Protege-os a eles, de fazer figuras ridículas e protege-nos a nós, de levar com elas. Ainda para mais, recheadas de bocas pindéricas e foleiras, mas de tal forma expectantes que, por momentos, chego a julgar, que estão mesmo convencidos de que o papel a que se prestam vai dar frutos, e que são os reis da cocada preta. Vamos lá simplificar Senhores; fica sempre tão bem, em tudo, e aqui também...

Da escola da vida...


Longa a conversa, onde o passado emergiu, e doeu, como se fosse presente. Porque há coisas na vida que doem sempre, por muito que as julguemos resolvidas, que as tenhamos armazenado nas entranhas do nosso ser. Essencialmente porque aprendemos com elas. As agruras são isso mesmo, boas professoras. Deixam marcas indeléveis, que nos perseguem no tempo e nos fazem manter a distância. Para não repetir, para não tornar lá. As paredes estão vazias, é certo, as portas fechadas. Pela janela entra uma nesga, teimosa, perturbadora, que nos tira o sono e o sossego. Por vezes atenua, para, oportunamente, emergir de novo, e nos iluminar o suficiente para evitar caminhos em falso, pisadas traiçoeiras, enfim. A nesga atingiu-me certeira. Sou incrivelmente boa aluna. Pelo menos na escola da vida.

Um selo...

Não tenho por hábito publicar selinhos. Mas como este vem de um dos meus blogs preferidos aqui vai. Diz que devo dedicar a sete. Como as colinas da minha cidade. Como o número de vidas do meu animal preferido. Mas como sou do contra e o dia não me está de feição, não vou especificar. Dedico a todos os que leio regularmente. Abro uma excepção, que por tudo e mais alguma coisa merece ser premiada; a minha querida http://chinelonopeoucandaliadesalto/, porque a adoro, e ela sabe disso.

Obrigado Antígona.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A minha Cidade...


Planeio uma visita breve à minha linda cidade. Porque gosto dela, porque me sinto em casa, porque tenho saudades. De muitas coisas, das quais destaco as calçadas, as escadinhas estreitas, o fado na carrinha da Rua do Carmo; de gente que passa sem nos ver, e sem se fazer notar. Porque ás vezes preciso de estar incógnita. Saudades de um pastel de Belém, à beira rio, de um Mosteiro dos Jerónimos, bem coladinho a uma Casa que adoro e que já foi minha; saudades da esplanadas do Bairro, dos restaurantes da Madragoa, da vista do Castelo, do Museu da Arte Antiga; dos eléctricos, dos Pombos, da Avenida mais linda que conheço; saudades do sítio onde vivi, da Universidade em que estudei. Saudades de tudo, pronto. Porque há dias assim, em que a melancolia nos assalta; dias que nos fazem querer momentos de paz; momentos felizes... Porque quando me desiludo, não preciso de gente; preciso de lugares. E hoje preciso de Lisboa.

...

Lido um bocadinho mal, com diferentes tratamentos, em situações onde seriam esperados tratamentos iguais. Não é por nada, é o meu sentido de justiça, pronto. Pena que nem toda a gente é assim. E em âmbitos onde seria suposto igualdades, existirem pessoas de segunda e pessoas de primeira. Sim, eu sei que o mundo não é justo. Mas eu sou. E franca. Portanto é bom que não esperem cinismos da minha parte. Mas vão esperar. A ignorância é isso mesmo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

MIC


É sempre um bom passatempo, debruçarmos-nos sobre siglas. Há de diversos tipos, aplicações, umas mais engraçadas, outras de difícil dicção, e por aí fora. Algumas ficam famosas, como a do nosso querido cartão único, que se revelou um erro fatal. Não soava lá muito bem a sigla, vá, digamos assim. Portanto, agora temos um muito mais decente cartão de cidadão.

Ontem, no meu facebook, com o qual não perco muito tempo, porque também não o tenho, descubro um pedido de amizade do MIC. Ora, como boa cidadã, que até já se dedicou em tempos ás lides políticas da Autarquia, deveria saber correctamente o que significa a sigla. Mas confesso que, e apesar de ter uma ideia, ainda não me dei ao trabalho de a tirar a limpo. É um movimento, independente, para o concelho ( julgo que o significado é mesmo este), com pessoas que conheço da nossa praça ( algumas delas já pertenceram ao actual executivo, lado a lado, muito próximas, quando dava jeito, mas agora já não dá, ora bolas. Vamos mas é mudar, que quando a gente tá mal muda-se, e procura um poiso mais jeitosinho), e que se propõem a dar caminho a esta pequena balbúrdia, que por vezes mais parece aquelas terriolas patuscas de novela brasileira. Assim, do tipo Roque Santeiro, onde anda tudo ao molho e fé em Deus, e onde pouco trabalho se faz. Confusão, portanto, se me faço entender.
Mas, e voltando ao tema central, MIC, é uma sigla um tanto ou quanto matreira, se assim podemos dizer. Daqui, consigo tirar vários significados, todos muito adequados e necessários.
A ver, por exemplo, poderemos começar como Movimento Inibidor de Cunhas. Quem reside na minha cidade ( e se calhar em muitas outras), sabe decerto que este é um mal terrível, que urge disseminar. Se calhar, algum iluminado resolveu por pés ao caminho, e dar cabo da saúde dos compadrios, tachos, amizades e afins. Só podem contar com o meu apoio, ora pois. Problema será, se em vez de disseminação, surgir substituição. Mas isso é um assunto a ver mais tarde.

Soa-me também bem, um Movimento Intelectual e Cultural. Sim, porque de natações, marchas, corridas, saltos, futebol e etc e tal, tá a cidade cheia; mas se calhar investimentos noutro âmbito também não ficavam nada mal, não Senhor.

Surge-me ainda um outro nome interessante. Mostra Interna da Câmara. E é aqui, que contam maioritariamente com o meu louvor. Quando começasse a sair para a rua, o que se passa dentro daquelas quatro paredes, os graus de parentesco e afinidades entre funcionários, a quantidade de gente que é necessária para cada serviço ( Exemplo: três pessoas no atendimento ao pagamento da água; um para receber o papel, outro para procurar no dossier, e ainda outro para emitir o recibo, e ai que já não posso mais com tanta trabalheira, ufa, ufa...), e mais não digo, porque posso ferir susceptibilidades, é que ia ser o bom e o bonito. Ia ia...

Portanto, mais uma vez, hora de louvores. Aos impulsionadores de tão importante movimento ( ou não, vamos ver, haja esperança), alvissaras. É que não sei se já perceberam, mas MIC, leia-se como se ler, fica sempre bem na minha querida cidade. Vamos a ver se fazem jus ao nome iluminado e abranjente que as Vossas mentes brilhantes conseguiram criar.
E já agora, especialmente ás gentes da minha terra, deixo-vos uma sigla enigmática para passarem o tempo: MPDASS. Esta, esta é que era... E agora vou-me embora, não comece aqui a entusiasmar-me e a dissertar sobre ela... E este post já está assim a atirar pro compridote...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Do ócio...

De facto o ócio é uma coisa terrível. Atrofia o cérebro de quem atinge, e desenvolve patologias terríveis e avassaladoras, com sintomas incontroláveis e ás vezes irreversíveis. Tais como, meter o bedelho na vida dos outros; opinar sobre tudo e sobre nada, mesmo sem solicitação; criticar desenfreadamente tudo e todos, como se não houvesse amanha; inventar problemas só para arranjar pseudosoluções; desenvolver o síndrome da chatura aguda, e por aí fora. Portanto, caros Amigos, Leitores, Senhoras e Senhores, e Público em geral, umas fériazinhas, sim senhor, todos merecemos, e não fazem mal a ninguém. Agora ficar de perna estendida, ad eternum, sem mexer palha, só vos pode trazer consequências negativas e limitadoras.
Eu sei, eu sei que anda por aí o flagelo do desemprego, mas se for esse o caso, por favor ocupem-se. Leiam, passeiem, andem a pé, saltem à corda, façam paciências, sudoku, cozinhem, varram o chão, esfreguem a banheira duas vezes por dia, contem as pedras da calçada, mas por favor, façam qualquer coisa. Ou então, não façam nada disso. Mas também não me venham chatear o juízo. Boa?
Há, já me esquecia, todos são atinjidos, certo, de qualquer forma, este efeito do ócio, faz-se sentir especialmente nos Homens. Nem digo que não existam tantas ou mais Mulheres afectadas, mas de resto, como elas são são sempre um bocadinho assim, os efeitos não se notam tanto ( vá minhas queridas assumam; somos chatas, pronto). Pior, muito pior, é quando o mal atinge com força os nossos queridos sócios. Aí é que a porca torce o rabo. Apoderam-se destas características tipicamente femininas com um frevor que até assusta. Poças, que ninguém os atura...

Até ao fim do mundo...


Pois. Louvo, quase que invejo, mas não sei se faria... Interessante o artigo. Histórias de vida, de quem por Amor, deixou tudo, ou quase tudo. Família, amigos, emprego, sítio. Uiii, causa-me arrepios. Palavras como " Percebi que deixava tudo por ela", ou ainda "A minha felicidade passava por estar ao lado dele, independentemente do resto", são comuns nas frase proferidas por quem, a troco de uma presença, relegou muitas outras. É um risco, sem dúvida. E o que é a nossa vida, sem riscos? Nada, bem certo. Tudo na vida é um risco, um acaso; sem experimentar não sabemos. Concordo, sem dúvida. De qualquer forma, a mim, e da forma como certas pessoas o fazem soa-me a um risco grande de mais. Uma coisa, são projectos a dois, em vidas consolidadas, sonhos construídos, sob objectivos e destinos comuns. E aí, pode-se mudar o rumo, o poiso. Agora assim, conhecimentos de um mês, dois, levarem-nos para outro País, onde a incerteza reina? Quando a paixão, ainda acesa, nos tolda o pensamento, e nos confunde as ideias? Não sei, parece-me demais para mim. Talvez porque ache que teria muito a perder. Sim, poderia ter muito a ganhar, é certo. Ou não... Não sei se arriscaria.
De qualquer forma admiro que tem força para o fazer. Pela coragem em enfrentar o incerto, pela capacidade de resiliência, pela adaptação. Pronto, por tudo.
Se calhar esta visão, sou eu mais uma vez armada em esquisita. Se calhar é isso... Admito que possa ser... Se calhar até são estas histórias as felizes para sempre...

domingo, 16 de agosto de 2009

A tenda...


Domingo de manhã... Toda a semana, um pesadelo para o arrancar da cama. Ligeiramente mais tarde, da hora a que hoje me arrancou a mim. Posteriormente, enquanto deambulo de olhos meio abertos e meio fechados, diz-me com um sorriso de orelha a orelha: Mãe, to a fazer uma tenda com almofadas. Olha ali no meio, um sítio onde se pode por a cabeça e dormir à vontade...
Há laia de descarado, ainda me lança o engodo.
Dormir à vontade??? Mas isso existe, pergunto eu???
Bom Domingo para todos... Pela minha parte to quase a ir tentar confirmar esta teoria da tenda. Assim, como assim... Vamos que é verdadeira...

Do talvez...


Sou das que acredita que tudo na vida tem um móbil. Que as nossas acções não vêm do nada, e que têm normalmente motor de arranque. Como também acredito que tudo o que fazemos tem consequências.
Obviamente, e como seres únicos que somos, as nossas motivações são diversas. Talvez por isso, muitas vezes, nos custe analisar as atitudes alheias. De qualquer forma, existem algumas, que de tão descabidas nos fazem pensar. PORQUÊ? É a nossa necessidade de encontrar justificações para tudo, que nos atormenta o espírito à espera de uma explicação. Explicação que pode nunca vir. Existirá, decerto, no subconsciente, ou mesmo no consciente de alguém. Mas não é nossa. Não nos pertence.
Faz parte do caminho para a nossa paz de espírito o conseguir viver simplesmente com as nossas certezas, e relegar as certezas, ou quem sabe incertezas, de quem nos rodeia. Que pode estar próximo ou não. A proximidade não implica transparência. Embora por vezes pensemos que sim.
Ninguém é totalmente transparente. Sim, sei que a curiosidade é inerente ao Ser Humano; a necessidade de perceber, de justificar, de entender o que o outro pensa ou julga. O porquê de agir desta ou daquela forma. Só posso concordar. Acho, no entanto que não é possível de concretizar. Podemos tentar, é certo, entrar na mente alheia e procurarmos respostas, que muitas vezes o próprio desconhece. Ficamos então com uma certeza ilusória. Um talvez seja isso... Ou talvez não...
Cada vez me contento mais com um explico-me a mim e chega.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Das procuras...

Um fim, é sempre um fim. É sempre um terminar de qualquer coisa, e por norma, mesmo que seja o melhor remédio, dói. Pelo hábito, pelo que se viveu. Essencialmente, pelo que não se vai viver...
De qualquer forma, parece-me prudente que se encare os fins de algo, como o inicio de uma nova fase, de uma nova era. Fecha-se uma porta, para que muitas se abram. Portas que moldamos, de acordo com as nossas motivações, que vão refinando, à medida que a vida avança.
De certo que para a próxima, se procura alguém melhor. Logo, é sinal que o que se tinha não era perfeito. Sim, eu sei que a perfeição não existe, mas podemos sempre andar à procura dela. Motiva-nos para avançar. E apesar de não existir, quem sabe se a encontramos...

Um beijo minha querida; sim, este texto é para ti...

Sempre

Ontem comprei os primeiros livros para a escola do meu rebento. Um conjunto com Joaninhas, lindo de morrer. Folheamos os dois, e revivi, os meus tempos de escola.
Senti-me feliz. Pelas boas memórias, por o ver crescer a meu lado. Estou numa altura particularmente sensível ao seu crescimento. Ainda hoje, pela manha, olhava-o e admirava o seu cumprimento na cama. Está enorme o meu pequeno... Sim, porque sou mãe, e contra todas as lógicas concretas, mas a favor dos sentimentos, ele vai ser sempre o meu pequeno. Sempre.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Olhos nos olhos...


E depois existem aquelas alturas em que olhos nos olhos chegam. Nada se diz, porque não é preciso. Mas muito se sente.

Dos apertos de mão...


Há de vários tipos.
Na minha profissão, uso e abuso deles. Não sou lá muito beijoqueira com quem não conheço, ou conheço apenas do meandro profissional ( Mais a mais agora com isto da gripe, apre, vai de retro). Portanto, antes que se afortunem a mais, trato logo de estender a mão, seja Homem, ou Mulher. Assim, não há que vacilar.

Mas até aqui sou esquisita. Não gosto de uma aperto de mão qualquer. Gosto de um aperto de mão convicto e como manda o figurino. Constacto, porém, que nem sempre são fáceis de encontrar ( Ufa, até os apertos de mão são dificeis de ser perfeitos, não se pode, não se pode)...
Já tomei contacto com os seguintes ( Só assim por alto, pois haverão mais):
O Feminino; aperto de mão sem sal e sem graça. Somos muito boas em muitas coisas, mas não em apertar mãos. Sai muitas vezes trémulo, medroso, e enfadonho. Apanham-se excepções, felizmente, nas quais eu julgo que me incluo ( como só podia ser, numa acérrima defensora do comportamento)
O Toma lá e vê se aguentas; este é normalmente feito por Homens, espaçosos, e com a mania de deixarem transparecer em tudo o que é coisa a sua superioridade ( física, diga-se). São de tal forma, que, por vezes, a mão fica dorida. Nem vale a pena dizer que os abomino, pois decerto já la chegaram.
O frouxo; numa versão diferente do tradicional feminino, existem os frouxos, independentemente do género. Não raras vezes, temos de ser nós a segurar a mão da Pessoa, senão, quase parece que vai cair. Não caiam nessa. Senhores e Senhoras a frouxidão é sempre um problemas. Em diversos contextos, e também no aperto de mão.
O sacudidor; é aquele que nos faz tremer, tal o balanço. Demonstra convicção, ao contrário dos anteriores, mas vamos lá ver uma coisa; também não é preciso sacarem-nos o braço fora. Ou o pulso, vá, para não ser tão dramática. Um bocadinho de delicadeza, tá bem?
O ideal; ora aí está. O mais procurado, o menos encontrado.
Mas ontem, por sorte, levei com dois. Dois irmão, que me apertaram a mão, ambos da mesma forma. Com determinação comedida, com decisão, e exactidão, mas nada disto em exagero. Um aperto de mão a sério pronto, daqueles que apanho poucas vezes.
Gostei. Já lhes apertava a mão outra vez.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Será desta o regresso??


Mania de criar novo, e não aproveitar o que existe de bom, e que só precisa de algum carinho...
Será desta o regresso do Parque Mayer?

Impunha-se. Ficava tão bem na Cidade de Lisboa. Como sempre ficou... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Não se mudam as tradições...

Sinto muito...


Recomendo, e não podia deixar de o referir por aqui. O que leio, é de uma biblioteca, mas vou adquiri-lo, para o ter comigo, à cabeceira. Gosto de me apropriar do que os outros escrevem. Que se há-de fazer? Um vício, como qualquer outro.
Este livro traz-nos as palavras de alguém, que se entranham em nós com uma força brutal, tal o sentimento que manifestam e a coragem que expressam.
A neurologia pediátrica, é uma área delicada. Lida-se com sofrimentos atrozes, verdades cruéis, sonhos desfeitos. A taxa de sucesso é reduzida, ou pelo menos muito inferior ao desejável ( como de resto, sempre, em qualquer doença grave que atinja crianças).
Lida-se aqui com a morte. E lida-se com ela cedo de mais. Encarar o final do ciclo de vida já se apresenta por si só delicado. Antes do tempo, antes do percurso, antes do crescimento, é o supremo dos sofrimentos.
A dor, a incapacidade, os olhares devastados dos pais, que rezam, que choram, que esperam uma palavra de alento, onde não há. Pais que davam a vida se pudessem. Não podem. A vida não é assim.
Contam-se casos reais, expressos em pequenas crónicas que nos ajudam a tornar a leitura um pouco mais leve, se isso se pode dizer. Descrições e relatos profundos, de histórias de vidas, sentidas por alguém que acompanha de perto estas dores nefastas. Alguém que faz da sua vida uma luta constante, contra a mais cruel das realidades. Realidade que, poderosa, vence muitas vezes. Vezes de mais. Vence crianças, famílias, Médicos, a ciência e a lei da vida. Sinto muito...

Um testemunho considerável do Senhor Doutor Nuno Lobo Antunes. De uma profundeza tal, que só nos pode dar e ensinar muito...Imperdível. E não, não tenho rigorosamente nada a ver com a Editora.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

As aprendizegens de hoje...

Hoje aprendi umas coisas. Estamos sempre a aprender, é bem verdade.
Aprendi ( ou melhor reaprendi, pois já sei há muito), que pessoas de mal com a vida, são sempre pessoas de mal com a vida, e que por muito que nos esforcemos para agradar a essas pessoas dificílmente conseguimos, porque são demasiado amargas para sorrir.
Aprendi ( reaprendi, mais uma vez) que lido mal com este tipo de gente, e apesar de manter a simpatia, arrumei-a na prateleira.
Aprendi que os pneus do meu carro, também furam, e isso até pode acontecer no final de um dia de cão.
Aprendi que não sei mudar pneus.
Aprendi que em certas ocasiões, ser mulher é uma vantagem.
Aprendi que ás vezes tenho sorte, e mal saí do carro a fim de começar a pensar no que fazer, logo apareceu alguém conhecido a fim de me ajudar.
Aprendi que afinal, e como eu venho suspeitando, ainda existem Homens cavalheiros, daqueles capazes de sair do carro, debaixo de 40 graus de calor, e executarem todas as operações necessárias á mudança, sob olhar atento meu e da sua esposa. E ainda capazes de manter um sorriso de orelha a orelha, e no final da empreitada, apenas lhe fiquei a dever um sabonete.
Aprendi que aos 32 anos, e apesar de me julgar Senhora do meu nariz, o que me estava a ocorrer, assim, de repente, antes de chegar a preciosa ajuda, era ligar ao meu pai. Logo, preciso dele, como sempre...
Aprendi que se existem pessoas de mal com a vida, existem outras de bem. O Senhor e a esposa que me auxiliaram são dessas, e eu também... Pois no fim de tudo sorri, e não me julguei com azar pelo que me aconteceu, mas sim de sorte, pela sequência.
Pronto, aprendi que tenho sorte. Os azares são acidentes de percurso.

Das etiquetas...

Há coisas que incomodam. A mim e a toda a gente. Não percebo o porquê de se quererem libertar das que os outros colocam, e insistentemente, passar a vida a colocá-las nos outros.
Já ouviram, por uma acaso falar em não faças aos outros o que não queres que te façam a ti? Giro, não é? Então porque não aplicam?
Eu sei, eu sei que a malícia feminina não deixa muito espaço de manobra, e que por vezes é (quase) mais forte do que nós. Gostamos de etiquetar, pronto!!! É assumido, e quase engraçado, se o conseguirmos fazer sem ofender os outros ( ou as outras, vá).
Pior, é que não escassas vezes, cai-se no exagero. E acaba por se etiquetar de forma rígida, impiedosa. E uma vez etiquetada, a pessoa bem pode esmifrar-se, que dificilmente se lhe muda a etiqueta. E a primeira impressão, muitas vezes errada, é aqui fundamental para os etiquetadores compulsivos.
Logo, caras Senhoras, Senhores, vizinhança, e público em geral, tenham calma. Não etiquetem assim os outros como se não houvesse amanha. Que tal em conjunto, e já que não têm mais nada que fazer, criarem o movimento Vamos retirar etiquetas? Assim, como se faz com as cuequinhas, que apesar de serem pequeninas são portadoras de uns etiquetões enormes, e incómodos que têm a mania de se enfiar onde não são chamados ( de resto, como todas as etiquetas). Que vos parece? Boa?

Do Estio...


Pela janela chega-me o engodo do Estio. Forte, certeiro, directo. Gosto do sentimento a que fico sujeita. Alguma vulnerabilidade física, é certo, mas ainda assim agradável. Paradoxalmente, sinto-me forte no verão. Como se o sol me desse uma força imensa, e me fizesse sentir, uma fortaleza imbatível. Um nada me derruba. Um tudo é possível. Armazeno o que posso para os dias de inverno que se avizinham. Tentam entrar, mas raramente conseguem. Pelo menos de forma tão certeira. A minha capacidade de reserva é considerável, e um dos meus maiores desejos é que nunca desapareça. Não sei o que seria de mim sem ela.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mania que é boa...

Já te topei, ouvis-te??? Deves pensar... Deves deves...

Das recordações...

Entrou no meu estaminé, alguém que quase já me pôs de lágrima no olho. Um idoso, que me lembra o meu avô. Um avô que tive, já não tenho, e que não deixou grandes saudades na maioria das pessoas. Tinha personalidade forte, determinada, e quem com ele privou sempre contou o mau viver que circundava a família. Eu, fui a primeira neta. Cresci perto, mas não perto de mais, e a imagem que tenho do meu avô, não coincide com a imagem construída pela boca dos outros. Embora saiba que a boca dos outros sempre falou verdade. Fui uma privilegiada, decerto, não sei. Talvez por ser primeira neta, possivelmente.
Já viúvo, visitava-o com frequência, pois trabalhava perto. Ia com ele ás compras, pois precisava sempre de leite, mesmo que atrás da porta da cozinha estivessem 20 litros... E de fruta, que se amontoava ás pargas lá por casa... E de bolos, que faziam sempre falta para adoçar uma boca que toda a vida amargou...
Nos seus últimos anos, e por razões diversas, a aproximação a ele foi grande, e a nossa relação, que sempre tinha sido boa, intensificou-se ainda mais. Quando partiu deixou-me saudades... Que ainda tenho, que vou ter sempre...
Agora agudizaram. Pelas mãos do Sr J., que me ronda a sala, com a mesma postura, com o mesmo olhar, com o mesmo ar... De qualquer forma, é uma doce melancolia. Gosto de o recordar...

Ai que saudades...


E hoje invadem-me assim umas saudades da espreguiçadeira... Ontem que era do descanso, vento. Hoje que é de labuta, calor ao mais alto nível... Ninguém merece...

domingo, 9 de agosto de 2009

E o resto, são cantigas...


Engraçado como o mundo do espectáculo e da televisão mexe connosco.
Impressionante, como determinadas pessoas, que não conhecemos pessoalmente, nos causam sentimentos estranhos quando partem. Falo, especificamente de Raul Solnado, uma personagem querida de todos os Portugueses. Pela parte que me toca, não o conhecia, a não ser do meio televisivo. Nunca o vi, nem conheço minimamente a sua vida pessoal. De qualquer forma, entrava pela minha casa, frequentemente, e a sua imagem, profissionalismo, e simpatia contagiante, fez com que o considerasse um Actor e Apresentador de referência, e que nutrisse por ele um carinho especial. Não obstante, e apesar de todas as qualidades que lhe eram inerentes, julgo que seria suposto, simplesmente, eu gostar do seu trabalho, e pronto... E de facto, era isso. Gostava do seu trabalho. Mas não era só... Existe aqui mais qualquer coisa que não é assim tão simples, tão linear.
Pensando aprofundadamente, julgo que o cerne, vai de facto um pouco mais longe. É que para além de gostar do trabalho dele, ele fez parte da minha História. Cresci com ele na televisão, e há imagens dele que me fazem recordar tempos idos. Tempos de infância, tempos felizes. Isso, a juntar à Pessoa em si, faz com que o sentimento pela sua perca, acarrete alguma melancolia...
Hoje a homenagem é para ele. Merecida. Muito merecida...
E o resto, são cantigas... Fado das Iscas, sei lá...

Manha de Domingo...


Sempre fui uma amante de praia. De mar, de estar estendida na toalha, de sentir os grãos de areia, e os raios de sol. Actualmente, não sei muito bem porquê, a praia deixou de me entusiasmar como antes. Continuo a amar o mar, continua a fazer-me falta uns diazitos perto dele. Mas é isso mesmo, uns diazitos e pronto, chega. Hoje, toda a parolice rumou para a praia mais próxima. Eu, ainda não me decidi, se me junto a elas mais tarde... Por ora, vegeto no sofá, deambulo aqui por casa... Nem sabem o bem que me sabe estas manhas de Domingo tranquilas, sem horas. Fazendo uma análise mais profunda, julgo ser a correria dos dias, que me motiva este desejo incontrolável de sossego. Sim, deve ser isso. Não me apetece troca-lo por nada...

sábado, 8 de agosto de 2009

Das compras desnecessárias...


Hoje fui fazer uma compra a uma loja de chineses. Uma pequena coisa específica, que sabia encontrar ali, a um baixo preço. Fiz-me acompanhar da minha mãe, que nestas coisas é igualzinha a mim, ou seja, não costuma embarcar no conto do vigário, só porque é barato. Ou melhor, era igualzinha a mim...

Não é que, para pasmo da minha pessoa, começo a vê-la pegar em tudo e mais alguma coisa, desde molas de roupa ( enfim, pronto, eventualmente necessárias), a capas de máquinas de lavar, a escovas de lavar as costas ( credo, daquelas do tempo da Maria Cachucha), e não pegou em mais nada, porque viu a minha cara de pânico, e o meu despacho a querer zarpar dali.

De qualquer forma, é um facto. Tanta pechincha, que quase dá vontade de levar ás pargas, só porque é barato. Mesmo que não se precise, o que torna o artigo caríssimo. Convém algum auto-controlo neste tipo de estabelecimentos, onde tudo custa quase nada, e naquela hora, quase parece indispensável...
Se pensarmos assim, noutro contexto, levaria esta bugiganga para casa? Será possível, em pleno relaxe do fim do dia, estendidos no sofá, ocorrerem-nos pensamentos do tipo o que eu precisava mesmo era de uma escova de lavar as costas? Ou uma capa para a minha máquina de lavar... Ou mesmo, sei lá, outro utensílio importantíssimo, como um apara lápis mecânico? Não... Claro que não.

Laços de armar ao dinheiro, como dizia o meu avô...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O milagre das rosas...


Chego a casa, e, ao estacionar, deparo-me com um vizinho com um ramo de flores na mão. Em turvo de ideias, julguei puder ser um apaixonado secreto, e que as flores seriam para mim. Enganei-me, não eram. Seriam para alguma sortuda, à sua espera em casa, que a esta hora, deve estar deliciada com um ramo lindo de rosas vermelhas na jarra da sala. Se existem coisas onde sou moderníssima, noutras sou conservadora até mais não. Isso, junto ao facto de ser Mulher, faz com que ame de paixão rosas vermelhas, ainda mais se forem oferecidas por um Homem apaixonado. Não me perguntem porquê, pois eu, a que gosta de perceber e explicar tudinho, ainda não me dispus a tentar entender esta minha panca. De resto, julgo não ser uma panca exclusiva, sendo que me parece, que muitas de nós sofremos dela.
Logo, Homens do País, arredores, Marte, e por aí fora, se querem causar boa impressão, se fizeram um convite para jantar, se querem fazer um simples mimo a quem gostam, escolham flores. Flores, fazem a Mulher sentir-se querida, bela, e mimada. E nisso meus queridos, somos todas iguais ( Nisso e noutras coisas, tá bem, pronto...). Um ramo de flores, é sempre um ramo de flores. E quanto menos pretexto existir para o oferecerem, melhor nos sentimos... Agora a sério, vá lá saber-se porquê... Mas também parece-me que aqui o porquê não interessa nada...

Aproveitar o tempo...


Se há expressão que abomino é ajudar a passar o tempo... Como se fosse preciso ajuda. Como se fosse um frete. Pelo menos comigo, ele não passa, corre... Aproveitar o tempo, sim, soa-me bem... É o meu lema diário, em todos os sentidos da minha vida.

Os Funcionários Públicos...

Nada contra os eficientes. Tudo contra aqueles que se encostam, e estão com ar de frete, daqueles muito grandes.
10.30 h, deslocação à futura escola do rebento, a fim de entregar um papel.
Porta do serviço, encostada. Pergunto a alguém que passa, o porquê de não estar ninguém, sendo que me é dito, que a Dona ...., tinha ido tomar o pequeno almoço. Claro, obviamente.
Espero, com calma ( aparente, mas calma), cerca de 15 minutos. Volvidos, volto a perguntar, desta feita a alguém que me pareceu um pouco superior, em termos de funções.
Descoberta a Senhora, via telefone, é-lhe transmitido que tem alguém à sua espera, já há algum tempo. Aparece, uns escassos dois minutos depois.
O bom dia partiu de mim, mas enfim, tinha de partir de alguém. Nem para mim olhou, e sorriso, ou simpatia, nem pensar... Ás vezes pergunto-me se esta gente não tem brio profissional. Será que só o salário importa? Credo, que vida vazia...
Das duas uma, ou sou eu que tenho azar com frequência neste tipo de coisas ( salvo devidas excepções, já referidas por estas bandas), ou existe uma qualquer relação causal estranha entre Funcionários Públicos ( salvo as devidas....), e antipatia. Assim, daquelas giras que estudávamos na Escola, do tipo é Funcionário/a Público/a, logo, é antipático/a...Taditos, se calhar estão tão cansados com a trabalheira a que se vêm sujeitos numa escola, cheia de moscas, em tempos de férias, que nem conseguem ter atitudes minimamente educadas e profissionais. Pronto, Eureka. Deve ser isso...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Homem do leme...

Há coisas que me custam a entender. Uma delas, é a falta de respeito pelos outros. Sinceramente, intriga-me aquela despreocupação total de algumas pessoas, que fazem com que, ou alguém segura o barco, ou o barco se afunda.
Em tempos, já me perguntei, se a culpa seria de quem de desleixa, se de quem assume o comando ( culpa é uma palavra chata. Nem sei se se aplica verdadeiramente aqui).
Se quem assume sempre o comando se desleixar também, pode ser que o facto, por si só, constitua um motor de arranque, para o habitual desleixado assumir as rédeas. É uma perspectiva, é certo. O pior, é que cai por terra em situação de naufrágio, onde as consequências se reflectem em terceiros, eventualmente dependentes. E não no que habitualmente comanda, nem no que se deixa ir...
A vida é uma luta do caraças, nada fácil, e ainda menos, linear e de verdades absolutas. Confesso, que me irritam terminantemente, pessoas com a mania que têm receitas milagrosas para a vida dos outros, como se fosse fácil; e atiram comentários do tipo, faz isso, porque o deixam fazer... A resposta está errada. Porque se calhar, se o comandante deixa, é porque já experimentou outras estratégias, que não resultaram, ou que prejudicaram alguém, que não queria de forma alguma prejudicar. E porque apesar de ficar, muitas vezes com sobrecarga, continua a comandar, em consciência de que, independentemente de não ser a solução ideal, é a melhor que encontra, logo, á a ideal para si. Portanto, a resposta certa é que, muitas vezes, o comandante comanda, porque alguém tem de comandar, assumir e seguir em frente. E é ele que é gente o suficiente, e tem estrutura para o fazer. E se não tinha essa estrutura, arranjou força para a ganhar, criou-a, cresceu. E porque há quem tenha falta de carácter e desleixo suficiente para se acomodar, e ter papel passivo. É mais fácil, menos exigente. Mas perde, perde muito com isso. Nem sabe quanto. Mas eu sei. Na falta da perfeição da partilha, o Homem do leme, é sempre o Homem do Leme. Com tudo o que há de mau, e com tudo o que há de bom.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A idade dos porquês...

O meu pequeno, encontra-se há um tempo considerável, ou melhor, há um tempo muito considerável, na idade dos porquês. Só para terem uma ideia, hoje, já levei com algumas do tipo, como é que se chama o sítio onde o cabelo está agarrado, onde fica o Egipto, se fica mais perto de Portugal ou da Grécia, se vamos de barco ou de avião, se o ornitorrinco é marsupial, se em Portugal existem baleias, se nas casas habitam sanguessugas, porque é que os espinafres têm ferro, e acreditem, isto é só meia dúzia daquelas que me lembro, assim, de repente, e sem pensar...
Em estado de semi-desespero, vou tentar enfia-lo na cama, e sou bombardeada com um onde ficam as Ilhas Egeas... Lá lhe tento explicar, mas não tava fácil, e as perguntas continuavam... Balbucio um já chega rapazito, tanta pergunta... Oh filho, vamos lá mas é dormir, que está na hora, e a paciência da mãe também tem limites ( e acreditem que sou muito paciente, as perguntas é que foram mesmo muitas )... Resposta pronta: Explica-me lá melhor o que é isso da tua paciência ter limites mãe??? Oh god, help...

Eles andam aí?

Os cavalheiros again...Vocês sabem que eu gosto. Também sabem que é raro. E das duas uma, ou estão a voltar, ou eu sou sortuda, e na minha frente, reside um projecto. Hoje, mais uma vez para além de muitas outras, encontro o meu vizinho da frente a subir a escada. Para variar, alombo com uma parga de sacos considerável. Ainda respiro, mas já mal falo... Eis se não quando, me é oferecida ajuda para levar os sacos para casa. Ando a ficar surpreendida. O espécime adulto que já por cá residiu, fugia dos sacos como o Diabo da cruz, o lobisomem do alho, ou eu das borboletas... Estou esperançada. Eles estão a voltar...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

E o regresso tem sido assim...


Esta é uma das alturas da minha vida, em que gostava de ter uma daquelas profissões, que nos levam de férias, e nos trazem, como se nada fosse. O trabalho não acumula, e está tudo calmo no nosso regresso...

Eu, acabadinha de chegar, encontro a minha secretária ( ou melhor, não a encontro, pois está de tal forma atafulhada, que mal se vê), minada de papeis, com montes de meio metro de altura.

E é ver-me lá no meio, sem saber se me vire para o monte da esquerda, se da direita, ou se dou primeiro cabo do do meio, a fim de pelo menos conseguir vislumbrar quem necessita de se sentar em fronte a mim... E depois também, mais uma vez concluo que sou fantástica. É que desde o meu regresso, que sou metralhada com telefonemas, de pessoas que precisam de me falar, com uma urgência imensa, que já tentaram mil vezes na minha ausência, e se esperarem mais uns escassos minutos, são capazes de colapsar, tal o desespero.
O computador, tem mails por abrir até dizer chega, todos, obviamente de carácter urgentíssimo, que nem sei por onde começar. Ainda não comecei por nenhum, porque ainda não tive tempo.

E surgem ainda situações imprevistas por resolver, daquelas que nas minhas férias, não aconteceram... Aguardaram-me, para me acontecer todas a mim. Claro, só podia... Como exemplo, posso referir o lago central dos peixes que deixou de bombear água, a câmara frigorífica que pifou, e a central de videovigilância, que resolveu também tirar férias. Portanto, os Técnicos também andam a rondar, de forma deveras intensa...

Nos entretantos, e se quiserem falar-me, procurem-me, sei lá, assim, lá bem por detrás da secretária, tapada com mil dossiers, toneladas de papel, e meia dúzia de telefones, que tocam desenfreadamente. Posso também estar protegida por barreiras daquelas pessoas que querem falar-me pessoalmente... Mas no fundo, no fundo, eu estou lá... Só é preciso procurarem-me bem...
Ufa, acho que estou a precisar de férias :)

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