terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

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Há muitos anos que a minha terra tem uma feira tradicional de comes e bebes. Há poucos anos, mas há alguns, os suficientes para percebermos que não funciona, criou-se uma tenda electrónica aliada ao certame, onde alguns Djs passam música num clima rodeado de vinho tinto vendido a copo de três. Também existe a sangria, feita em alguidares de barro escondidos à asae, ou os licores doces, ginginhas e outros que tais. A bandinha da alegria chegava em tempos para que a noite se acabasse sem grandes desassossegos, mas a tradição já não chega. É preciso inundar a tenda de confusões de pessoas novas e velhas que se abanam ao som electrónico, enquanto as barraquinhas dos bares vendem imperiais em copos de plástico, e fabricam com velocidade alucinante o vómito que se espalha no chão. Já houve brigas, facadas, fechos à pressão. Já se disse que acabou, até porque não vem aliada à tradição, mas volta, volta sempre. Cansei-me da noite, também pode ter sido isso. Não da noite no geral mas da noite que encontro perto, carregada de pretensiosismo, interesse, distracção rápida e barata, em forma de shots verdes e cor de rosa, cores estranhas demais para mim. Gosto do chouriço, da morcela de arroz, da chanfana. Gosto da sandes de leitão, das tortas de Azeitão, das barrigas de freira. Gosta dos Indianos que trazem vestidos coloridos que ponho no verão e que me brindam sempre com um sorriso. Gosto da feira em si, não do redor. O redor está estranho, pestilento. Cheira a azedo e a desperdícios de corpo e de alma.

1 comentário:

  1. Concordo em pleno! Por mim ficava-me pelo pavilhão, pelos petiscos, pelas ginginhas e um ou outro copinho intragável de vinho, pelos queijos, pelo artesanato e pelos doces... Com a devida bandinha da alegria e outras adequadas à tradição. Não gosto da tenda, nunca gostei... Mas os valores económicos devem falar mais alto... C.

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