O que me faz reflectir... Todos os textos que aqui publico são de minha autoria, e as personagens são fictícias. Excluem-se aqueles em que directamente falo de mim, ou das minhas opiniões, ou onde utilizo especificação directa para o efeito.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Outro
Todas as etapas têm um inicio e um fim, a vida está cravejada delas, sendo até ela própria uma etapa. Faz parte da nossa inerência este sentido, este caminho, os percursos, os objectivos. Ansiamos por norma o culminar de algumas quando nos encontramos no caminho, apressamo-nos, queremos chegar ao fim, seja por algum desgaste sentido, seja pela vontade de experimentar a chegada de uma nova fase, uma nova vida, um novo percurso. Lembro-me sempre de uma das minhas maiores ânsias, e que tratou a minha adolescência, sempre expectante do que seria o passo seguinte, onde a vida me pertenceria por inteiro e o meu arbítrio ganharia forma decente. Nem comento esta ilusão, não me apetece, desconforta-me. Hoje, volvidos muitos, aprendi numa aprendizagem ainda em progresso, a apreciar com outro sabor os caminhos. A ver-lhe as frestas e as luzes, as particularidades, os contornos, senti-los de uma forma mais intensa. Gosto de intensidades, cada vez mais, e sinto isso no decorrer dos meus dias. A vida que se vive só por viver, parece não fazer-me sentido, careço de entrega, de vontade, de desfrute e de apreciação. Aquela ânsia apressada do objectivo, com a desilusão em alguns deles, fez-me crer que os dias e as tarefas deverão valer por si mesmas, ser aproveitadas ao minuto, e naquele exacto instante em que se dão, sem preocupação excessiva pelo tempo seguinte. Se a abordagem for outra, se nos encontrarmos no permanente encalço do que ambicionamos sem vivermos em pleno os caminhos, mais não conseguiremos do que um sentimento de corrida constante, com a inerente consequência da falha, que tantas vezes irá surgir. Isso faz então com que não tenha pressa. Com que tenha calma, e acima de tudo disponibilidade para sentir. A mim, ao tempo, às dádivas, ao outro. Sentir o outro até talvez seja o maior luxo que consegui com o tempo. Cresço com ele, absorvo a sua vida, o seu cheiro, o seu ser e o seu saber, que completa o meu com uma mestria quase perfeita.
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