domingo, 12 de fevereiro de 2012

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O meu filho disse-me que eu era um bocadinho piegas. Vindo da boca doce que o compõe, a coisa soube-me bem. Disse-o com doçura, tal e qual eu lhe sussurro ao ouvido, quando ele tem febre. Não sejas piegas, filho, já passa, e dou-lhe um beijo na testa quente.
Existe vocabulário que é íntimo, pessoal, e que quando usado no devido local a que pertence, pode ser bom de se ouvir. Fora da esfera ganha um tom ofensivo, perturbador, mesmo em palavra fraca. Temos também a exemplo, mariquinhas, que vai na mesma linha de acção. Há sentimentos que a serem usados em público devem ser criteriosamente estudados, a fim de se encontrar uma palavra que se adeqúe à situação. Sob pena de se entrar num discurso fraco, que verdadeiro ou falso, não vem ao caso, fica ridículo e insignificante. Lembrado apenas pela palavra em questão, pela ofensa, e não pelo que eventualmente se pretendia dizer, se é que se pretendia dizer alguma coisa. Vale zero, portanto.

( O tema é velho, mas olhem, calhou hoje. E para que conste, eu não sou nada piegas. E o meu filho também não.)

1 comentário:

  1. Eis uma prova, de que uma palavra tanto pode ser bonita, como ordinária. Tude depende da boca que a diz :)

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