quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

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Às vezes tenho dificuldades em me entender com eles. Não percebem o que eu digo, depreendem o que calha, que pode ir de encontro aos interesses, e maravilha, ou não, um drama, mas raramente entendem exactamente o que eu pretendo explicar. A calma, aquela grande mais valia que nos sossega o corpo quando apetece gritar com alguém, por vezes abandona-me. Não devia, a bandida. E é aí que penso, são velhos. Não me ouvem, ou ouvem mal, estão doentes, cansados, e provavelmente fartos de serem enganados. Foram muitas das vezes largados por aqueles pelos quais deram a vida. De forma certa ou errada, não vem ao caso, deram, nas circunstâncias que tiveram. Têm uns dias já no fim e muito pouco a perder, por isso tentam ainda aproveitar o que podem. Olham-se ao espelho e vêm caras engelhadas, carrancudas, ornamentadas de cabelos brancos e ásperos, um desconsolo. Vêm vê-los ao fim de semana, com o traje de Domingo, lancham, et voilá, tarefa cumprida, pelo que chegou a hora de irem embora, até ao próximo fim de semana. Até lá, tudo na mesma. Dores, bengalas, tardes da Júlia e sopas de café. No lugar deles, era provável que eu também não fosse uma pêra doce. E também não compreendesse o que me queriam dizer, principalmente se não me apetecesse entender aquilo. Queria eu lá saber se era para o meu bem. Do meu bem, quem sabe sou eu.

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