segunda-feira, 30 de novembro de 2009

:(


Pois é, não fui. Mas tive pena... Isto de juntarem dois grandes Concerto no mesmo mês, também tem muito que se lhe diga. Uma pessoa tem de escolher, ou tem de se empenhar até ao tutano. Diz quem viu, que foi monumental. Pois, deve ter sido, deve.
E esta coisa das escolhas da vida, ás vezes irrita-me. Nem sempre, mas ás vezes.

domingo, 29 de novembro de 2009

Coisas...



O avô foi ao estádio. E resolveu trazer uma coisa destas para o neto. E eu estou a modos que chateada. A modos que muito chateada. E agora tenho um pequeno ser, a rondar-me com um pijama verde vestido ( coincidência??), e com aquilo ao pescoço. E ainda com um balão verde, que também tem o nome do clube impresso. E grita coisas estranhas como viva o Sporting e tal. E uma pessoa tem de levar com isto.

Dr Jivago


Livro que li na adolescência e que me marcou profundamente. Não mais o reli, mas após a noite de ontem, estou em vias de o fazer. Por enquanto, não faz parte da minha biblioteca pessoal. Escrito por Boris Pasternak, valeu-lhe a atribuição do Prémio Nobel, em 1958. Prémio esse, que foi impedido de receber, pela União Soviética, que impediu a sua deslocação a Estocolmo.
Um livro que retrata com emoção, a Revolução de 1917, e a Instauração do Regime Soviético. Não sei se os traços de romance são autobiográficos, se pura ficção, mas também não me importa. Importa-me que é um grande clássico da Literatura, e eu gosto de grandes clássicos. Ontem, no meio de chuvas torrenciais, instalo-me no sofá, com um livro na mão. Já a noite ia longa, quando numa pausa da leitura, me deparo, no canal 2, com o filme do Dr Jivago. Que identifiquei de imediato, embora já tivesse iniciado. Experimento então, uma viagem fantástica. Corrida, sem intervalos, até ás quatro da manha. Onde vivi as alterações sociais, a História de Amor, e a vida das personagens, de uma forma apaixonante. Um filme antigo, é certo. Como sempre, ou quase sempre, aquém da obra escrita. Mas ainda assim bom. Muito bom. Recomenda-se, vivamente.

sábado, 28 de novembro de 2009

Chás e outras coisas.


Existem rituais que fazem parte de nós. Que podem ser o chá das cinco, o café da noite, o leite matinal. Ou ir mais longe e abranger pessoas e sentimentos. Tenho alguns desses. Hoje, foi dia de um. Este, especificamente, começou de há cinco anos a esta parte, no seguimento de tantos outros. Fazemos questão de o cumprir, e, coincidência, ou não, chove sempre. Diz ela que é para abençoar. Eu sou mais da teoria, que é por ser no tempo da chuva. Enfim, ideias. De qualquer forma, chova ou não chova, ano após ano, fazemos questão de nos unirmos, a celebrar uma data importante. Estes rituais, começaram em tempos longínquos, ainda de escola. Conheci-lhe outros namorados. Outros objectivos. Outras ambições. Acompanhei as escolhas, as desilusões, as alegrias. Ela acompanhou as minhas. Sempre tivemos rituais em comum. Uns mais triviais do que outros. O cinema à Sexta, ainda na adolescência, o café ao Sábado, no inicio da labuta. Os fins de semana fora, no calor dos primeiros namoros. Os jantares de fim de semana, quando vieram os filhos. As idas ao zoo, anualmente, na primavera, já com a pequenada. No fundo, mais não são, do que um pretexto para nos reunirmos sempre que nos apetece. Ou sempre que pudemos. Ou sempre que se proporciona. Os rituais são isso mesmo. Um hábito que nos faz felizes. E uma certeza apriori, de bons momentos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Caminhos e assim

Ás vezes tem de ser. Mas confesso que me custa olha-lo nos olhos. Tudo porque não o sinto. Porque só sinto que vagueia por aí, e eu não gosto de sentir pessoas sem rumo. A minha veia profissional sente-se atingida, e com vontade de agir. De fazer com ele, o que faço com tanta gente, embora não fosse éticamente possível. Ás vezes sinto que não sou lá muito humana. Que sou uma qualquer espécie de gente estranha, que, por norma, arquiva o que lhe causa mágoa, e age como se nada fosse. Ele não é assim. Continua a impor mágoa no olhar. Ressentimento nas palavras. E vazio, muito vazio.
E independentemente de tudo, o carinho que lhe tenho, será eterno, ou próximo disso. Por estranho que possa soar a muita gente, gostava de o sentir em paz. Com caminhos, com vida. A paz dele, faz falta à minha. Porque na vida, quer queiramos quer não, estamos intimamente ligados a algumas pessoas. Que podem estar longe, perto, ou assim assim. Mas que fazem parte da nossa história, logo, serão sempre um bocadinho nossas. Podemos não ama-las, podemos não quere-las. Mas já amamos, já quisemos.
Nunca ninguém me confirmou tanto, a velha máxima que diz, que quem boa cama fizer, nela se deitará. E eu não queria nada esta confirmação. Até porque a vida é feita de dúvidas e coisas assim. E porque na minha, as certezas são tão poucas, que escusava de ter logo esta.

Sonhos


Eu, CF, aquela que morre de medo de andar de avião, tive, por esta madrugada, um sonho a modos que bacano com um dito. Tudo muito bacano, com envolvência, companhia, destino, e tudo e tudo. Numa profissão onde os sonhos têm um papel fulcral, é em tom de graça que muitas vezes me analiso, sob influência das teorias que se debruçam sobre eles. Logo, este já foi analisado de trás para a frente e da frente para trás. Não retirei nada que não soubesse. Não me deu nada de novo. Talvez tenha somente confirmado as minhas mais intimas suspeitas. Não serviu de muito portanto.
Mas serviu para tornar, nem que fosse num sonho, uma viagem de avião, digamos que animada. E como é final de semana, cansaço que não se pode, frio de rachar, e etc e tal, animação vem sempre a calhar. Por ora, vou-me animar um bocadito ali no meio da papelada. Trago ainda umas gulodices, daquelas que não deveria comer, mas com as quais me vou deliciar já daqui a pouco. Também não devia ter sonhado com o que me povoou a mente esta noite, e sonhei. Faço tanta coisa que não devo, a dormir, e acordada. E ainda bem que faço. Tenho cá para mim, que se assim não fosse, isto por cá não teria tanta piada. Enfim, coisas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Em trabalho...


Os Brasileiros dizem, não sei se em ar de graça, como lhes é típico, se à luz das suas teorias esotéricas, que quando nascemos, ou nascemos para vir de férias, ou nascemos para vir trabalhar. Deus, Alá, ou seja lá quem for, resolveu incluir-me na classe dos que trabalham. Levando a teoria um pouco mais longe, e assumindo subcategorias, eu, CF, incluo-me, sem qualquer sombra de dúvidas, na classe dos que trabalham que nem Mouros. E nisto incluo, diversos tipos de trabalho. O trabalho efectivo, profissionalmente falando, e outros, inerentes a outras condições e domínios da vida pessoal, mas ainda assim, reais. E é nessa categoria que hoje, especialmente hoje, me sinto deveras sobrecarregada. Se encararmos a perspectiva a fundo, e assumirmos que neste nosso mundo perfeito, para a próxima nascerei de férias, terei decerto um destino perfeito. Com sorte, ainda volto a nascer antes das Maldivas darem o estoiro. Logo, posso ficar por aí. Na impossibilidade, qualquer coisa como Polinésia Francesa, ou assim, também me parece bem. Reguladores disto tudo, muito obrigada pela atenção.
E já agora, aos que me circundam em estado de férias, desfrutem por ora, ok? Para a próxima, cá nos encontraremos outra vez. Eu, em nome da boa educação que me caracteriza, abandonarei momentaneamente o meu paraíso terrestre, e darei um salto pelos vossos locais de labuta, a fim de deixar um cumprimento, e matar saudades. Boa???

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Café...


Acabei de bebericar o meu último café do dia. Ou melhor, descafeinado, porque o meu sono é sensível e esvai-se, como que por magia, pelas mãos da maldita cafeína. Gosto de todos os tipos de café. Hoje, foi um dos dias em que o cafezito pós almoço, fez milagres pela minha tarde atafulhada em afazeres. Um café quente, é um aconchego dos Deuses. Até hoje, e das vezes que me ausentei do nosso cantinho à beira mar plantado, ainda não descobri nada que se assemelhasse à nossa maravilhosa bica, café, cimbalino, o que quiserem chamar-lhe. Melhor dizendo, fica tudo a anos luz de distância. O pior que já provei, é uma água castanha, com um pó pastoso no fundo, no qual as sapientes na matéria lêem a sina, após bebermos o ( precioso) liquido. Algures, numa Ilha Grega. Terrível.
Dizem que, por terras de Itália, a coisa não é má de tudo. Irei comprovar, se puder ser. Já tenho o convite. O destino certo. A rota traçada. Falta o mais difícil. Outra utopia. Ou não...

Utopia?

O nosso espírito está em constante alternância. Alturas há, em que me sinto forte, sólida como uma rocha. Perturba-me apenas a sensação de conhecimento, de que este estado não é eterno. Eleva-se e desce, ao sabor do meu interior e do que me circunda. Num vai e vem, que tento a todo o custo acalmar, tornar coerente e determinado. Tenho grandes desafios. Um deles é a constância neste estado de resistência. Utopia? Talvez. Mais uma.

Calhambeques e assim...


O dia está de um cinza prateado lindo de morrer. Hoje, pela manha, tive de dar um salto na oficina, porque a minha poderosa máquina tinha uma luz a acender. O meu Pai, aquele que está sempre na retaguarda, acompanhou-me, até porque, poderia necessitar do carro dele para vir trabalhar. Não foi necessário, tudo estava bem, e a luz já se sumiu. Nos entretantos, já no caminho, sou invadida intensamente, pela minha paixão pela condução. Estranha, vinda de alguém do sexo feminino. Uma paixão verdadeira, séria e fugaz. O meu calhambeque não me permite milagres, e costumo dizer em tom de graça, que ainda bem. O meu pé sofre de um qualquer mal, que quando pisa um acelerador de uma máquina potente, não mais se levanta. Ainda possuindo um calhambeque limitado, estes dias frios, que ironicamente me acalentam a alma, aliados ao meu querido Michael Buble e Nelly Furtando, a cantarem um Quando Quando Quando, em elevada sonorização no meu leitor de Cds, fizeram com que o percurso para o estaminé fosse digamos que, efusivo, e relativamente rápido. O pai, galinha como não há, logo após me largar, necessita de me dar um recado. Mal atendo, percebe que já não estou no carro, e sim no estaminé. Pronto. Já me valeu uma série de buzinões aos ouvidos, que se estenderam ainda à minha pobre mana caçula, que é tal e qual eu, e tal e coisa, e patati, patatá. Um querido, o meu Pai. E é só por isto que eu não tenho um Ferrari.
Para os curiosos, a foto lá em cima , é de Havana, Cuba. Onde existem os mais lindos Calhambeques do Mundo...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

...

Não sei muito bem que pense. Alguém afirma peremptoriamente ter dito uma coisa. A outra pessoa vocifera que não ouviu, mas ainda assim, é enxovalhada, e apelidada de incompetente. De repente, Eureka. Lembra-se que afinal, disse sim, mas a uma outra pessoa, que não aquela. Assume que se enganou. Eu, por cá, não sei muito bem se sobressai mais a prepotência, se a honestidade final. Não deixando no entanto de sentir, que é por estas e por outras que não gosto de posições demasiado radicais. E de sentir ainda que, apesar de liderar, não gosto de posições autoritárias. Que a meu ver, não abonam nada a favor de quem as toma. Em situação alguma, e ainda menos, em casos como este. Eu, era menina para, no lugar da enxovalhada, ficar a modos que ofendida. A modos que muito ofendida. Coisas.

Desejo 1...


E como preciso de me distrair, resolvi procurar umas ideias para prendas Natalícias... Prendas para mim, caso não tenha percebido. Estas, aqui ao lado, parecem-me bem... O meu costado dispensa, a vossa carteira também, a minha idem, mas fica a ideia...
E só a título de curiosidade, são Christian Louboutin. Só mesmo, se eventualmente, alguém quiser saber...

Incertezas...

Não gosto nada da sensação de incerteza. Da indecisão, e de muitas coisas começadas por in, salvando as devidas excepções, obviamente. Por norma, e num dia a dia recheado de decisões tomadas, quer a nível pessoal, quer profissional, já o faço com alguma calma, e, por norma, não fico a pensar em demasia no que não fiz. Decido, quando tenho de decidir, de acordo com o que me parece mais sensato no momento. O que decido não fazer, passa ao esquecimento, e não costuma povoar o meu espírito com inquietações e dúvidas, sobre o que aconteceria, se tivesse tomado outro caminho.
Mas existem, algumas, poucas, ínfimas excepções, como de resto, em tudo na vida.

Hoje, o meu coração de mãe, está um pouco apreensivo. Estou à espera que passe. Não tranquilamente, pois tranquilidade absoluta é coisa que não habita corações maternos. Estou à espera. É só à espera...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Desejos...


Neste humilde estaminé, perigosamente influenciado pelas luzes Natalícias, que me invadem a sala desde ontem, pedem-se prendas. Mas pedem-se com um fervor tremendo. E dado o Pai Natal já não existir na cabeça do meu pequeno, eis que o alvo sou eu. E pedem-se desde Play Stations, a Hot Weels, a Gormittis, a Baleias Brincalhonas, e por ai fora. Os pedidos diferem de dia para dia, e, nos entretantos, teria de comprar toda a loja, a fim de corresponder aos pedidos do petiz. A última tarefa, foi recortar de um panfleto de publicidade, todas as delicias que ambiciona. Acho que vou seguir o exemplo. Vou cortar os meus desejos, cola-los numa folha, e esperar que aconteçam...

Desafiaram-me...

O Marquês de Sade é curioso e quer saber umas coisitas sobre mim. Foi ainda um simpático, e ofereceu-me um selo, que agradeço desde já, embora não o vá postar. Dado ser segunda feira, e dado eu ser do contra, logo, gosto de segundas feiras, estou bem disposta. E vou responder ás suas perguntas com todo o gosto:
Mania: Que sou boa cozinheira. Há quem diga que sou mesmo. Mas seja, que não seja, tenho a mania que sou.
Melhor cheiro do mundo: Do meu filho, especialmente quando está a dormir.
Se o dinheiro não fosse problema: Não consigo imaginar isso.
Habilidade doméstica: A cozinha, again...
O que não gosto de fazer em casa: Passar a ferro.
Frase favorita: Nenhuma em concreto. Tenho mais palavras de referência.
Passeio para o corpo: O meu sofá.
Passeio para a alma: Muitos; a praia, o campo, um bom livro, uma boa companhia...
O que me irrita: Injustiças. Mais coisas, mas esta tira-me mesmo do sério.
Frases ou palavras que mais uso: Não me ocorre nenhuma em especial.
Palavrão mais usado: Por norma não digo. E muito menos escrevo.
Vou aos arames quando: Sofro uma injustiça
Talento oculto: Se é oculto não sei qual é. Para além disso, eu estou toda muito descoberta.
Queria ter nascido a saber: nada, para além do que sabia.

Pronto, já está. Não dedico a ninguém, mas quem quiser pode responder. Boa semana...

domingo, 22 de novembro de 2009

Conservadorismo...

A Revista Nós desta semana brinda-nos com um conjunto de artigos louvável. Em análise, o conservadorismo. Gosto do tema, independentemente de convicções. O Dicionário da Língua Portuguesa, apresenta-nos uma definição de conservador, atribuída a quem não gosta de mudanças. A quem conserva.
Recordo-me perfeitamente, das aulas de Introdução ao Pensamento Contemporâneo, onde um Professor de bigode nos expunha as ideias conservadoristas de uma forma apaixonante. Onde nos descrevia o Homem como um ser egoísta, que necessitava de ideologias e tradições, a fim de castrar a maldade intrínseca que nos acompanhava à nascença. Em oposição, o Progressismo, que assumia-nos como seres naturalmente bons, moldados e destruídos pela sociedade. Daqui decorre, que o conservador não gosta de mudança, quando considera que a sociedade funciona. Valorizando os pilares reguladores que a compõem.
O progressista, por sua vez, procura uma sociedade ideal, a fim de não existir a danificação do Homem perfeito. Logo, valoriza a adaptação, o movimento, e a mudança.
Eu, encaro este conceito com algum cuidado. Se por um lado, o considero excessivo, quando reivindicado em todo o seu esplendor, por outro, considero-o sem dúvida como um pilar importante, regente da nossa sociedade. Ao ler os diversos depoimentos constituintes da revista, descubro, com algum agrado, conservadores de carácter, sem os exageros da ideologia. Agrada-me esta postura. Da valorização de determinados conceitos regentes. Da Educação, da Família. Muitos, embora não todos, defendem a Monarquia, coisa que, confesso, não me agrada de todo. Mas agrada-me um Cavalheirismo que caiu em desuso e que eu teimo em reiterar. Agrada-me a consistência da família como parte central do indivíduo. Agrada-me a seriedade e as organizações, como orientadoras de massas, que, caso contrário deambulam sem ordem, sem regras e sem rigor. Encaro limites, obviamente. O conservadorismo, de nome e de berço é exagerado. E dificilmente se aplica, muitas das vezes, à sociedade actual, recheada de indivíduos livres e com objectivos próprios. Encaremo-lo como um fio condutor. E deixemos de lado a rígida Doutrina, fanática e castradora. Um meio termo, por assim dizer, se isso se puder aplicar ao tema em questão. Uma liberdade, com alguns princípios. E quanto ás nossas origens, confesso. Julgo-nos muito mais egoístas do que puros. Somos animais. A Sociedade molda-nos, tolda-nos, trabalha-nos, orienta-nos. Perdoem-me a franqueza, mas não acredito no nascimento do Ser Humano, inundado de bondade inata. Perspectivas. Valem o que valem.

Exageros...



Depois do meu dia de ócio, de filmes no sofá, e de alguns afazeres inadiáveis, olho pela janela, e julgo que habito num circo, ou algo do género, tal a diversidade de cores que piscam na mangueira natalícia da casa em frente. Sim, gosto de enfeites de Natal. Não, não gosto nada de exageros exacerbados. Encontro-me por ora em estado de mentalização. De que no próximo mês e picos, acordarei a olhar para umas luzes que piscam sem parar. Os meus olhos, já de si mandriões, vão ficar muito mais tentados, a manterem-se fechados por mais um pouco, todas as manhãs...

sábado, 21 de novembro de 2009

Intocável

Quando nascer outra vez, irei decerto pertencer à classe dos intocáveis. Passo a explicar. Existem determinadas profissões, em que não se pode tocar. Façam elas o que fizerem, como quiserem, e onde quiserem. E isso, leva a que possam usufruir de um certo estatuto, oferecido de bandeja pela Sociedade em que nos encontramos. Logo, os erros, o desleixo e o desrespeito, assumem-se plenamente. Para quem tenha dúvidas do que digo, exponho a definição encontrada no dicionário:
Intocável:
1. Intangível
2. Que ou quem não pode ser atacado, criticado ou castigado, normalmente por estar protegido por grandes influências ou por pessoas poderosas.
E mais não digo. Ou melhor, digo. Não vou nada pertencer a ela. Não se enquadra no meu tipo.

Fim de semana...


E depois surgem aqueles fins de semana em que planeamos ir fazer compras. De Natal, ou assim, porque a Quadra está aí, e não gosto nada, das confusões de última hora. E eis que o dia amanhece cinza escuro e bem regado. E as vontades dividem-se entre o sofá, as mantas, a lareira, o chá e o Bolo Rei ( este malvado, que já se instalou por cá, pelas mãos de não sei quem; se calhar caiu do céu, ou isso). O meu espírito, entrou de mansinho no Outono, e instalou-se, manhosamente. Nestes momentos, fico consciente do poder do aconchego. Eu, que até sou de fortes vontades, deixo-me embalar, e quase nem resisto. Mas estou no ir. Deixo o ócio para amanha. Por ora preciso de dar um salto no estaminé ( aquele que não vive sem mim, mas ao qual eu resisto perfeitamente. Desigualdades, enfim), preciso de fazer umas compras, preciso de dar uns colos. Preciso ainda de mais umas coisas. Mas o que queremos, nem sempre se encontra na soleira da porta. Agora, por tudo isto, encontro-me em carências. Logo, e numa tentativa de reestabelecimento da minha sanidade mental, irei bebericar um café, com Bolo Rei de Chocolate. Daquele que caiu do Céu. Vou agora, antes de enfrentar o dia, a chuva, e isso assim.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Coisas

Os supermercados são sítios que me fazem pensar. Vêm-se coisas estranhas por lá. Olho para ela, e vejo-a a comer chocolates da caixa, ainda sem pagar. Uma caixa de bombons normais. Nada de espectacular, mas estavam, sem qualquer dúvida, a delicia-la. Roliça. Muito roliça. Ar abandalhado, roupa descuidada. Completamente desgrenhada. Saliências tamanhas, saltavam das calças de cintura descida. Daquelas que lhe mostrariam decerto, partes menos próprias, se tivesse de baixar-se. O decote, generoso, e completamente despreocupado.
No final de uma semana, em que me esfalfo para conseguir, o que para mim, também é importante, fico com uma ponta de inveja. Por quem se levanta pela manha, sem se preocupar com o que veste, porque qualquer coisa serve. E o qualquer coisa poderá até ser uma calça ás flores e uma camisola ás riscas, ou aos ziguezagues. Por quem não se preocupa lá muito se o cabelo está limpo, ou nem por isso. Por quem come chocolates até lhe apetecer, sem querer saber das gorduras ou imperfeições na pele. Por quem passa de forma inócua à censura da sociedade.
Também invejo a paciência da minha avó, e não sou paciente como ela. Deve ser mais ou menos a mesma coisa.

Das percas...

Há locais onde me perco. Desde os mais fúteis, aos mais culturais. Por nada em particular, simplesmente porque me fazem sentir bem, e isso, chega para me perder. Perco-me ao desbarato, sem limitações. Não têm própriamente a ver uns com os outros. Nada a ver, na maioria das vezes. Nada a ver uns com os outros, e nada a ver, com as minhas crenças ou convicções. Perco-me em Monumentos Religiosos, por exemplo. Eu, que nem valorizo especialmente nenhuma Religião em particular. Perco-me em lojas de roupa, e em ourivesarias, porque sou vaidosa. Perco-me em perfumarias, eu que uso os mesmos Perfumes há anos. Perco-me na imensidão de uma serra, ou num areal vazio. Perco-me num mar de gente.
Ontem perdi-me numa livraria. Perdi-me durante um tempo considerável. Não preciso necessariamente de comprar para me perder. Perco-me só assim, de os ver, de os olhar, de folhear. Perco-me em grandes clássicos, que posso nem nunca chegar a ler. Esta deliciosa perca, como todas as outras que referi, é um estado sublime.
O conceito de perca está normalmente associado a derrota, a falta de alguma coisa. Um conceito negativo, portanto. A relatividade das palavras assume aqui toda a sua magnitude.
E depois de tudo isso, perdi algo mesmo a sério.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Johnny Depp








E eu que apregoo aos sete ventos que as Mulheres não choram, sinto-me na obrigação de postar aqui qualquer coisita que as faça sorrir. Na página do meu MSN, hoje, diz que esta criatura aqui ao lado, foi considerado o Homem mais sexy do mundo. Não sei por quem, nem onde, porque não me dei ao trabalho de ver.
A mim, também não me interessa lá muito, se é o mais, o topo, o must, o que for. Interessa-me apenas que o Senhor é dono de um charme que não é brinquedo. Digo eu. Que até sou um cadito esquisita nestas coisas...

Bom senso

Olhei para os seus olhos, e não sei muito bem o que li. Não gosto disso, porque, por norma, sou boa leitora. Qualquer coisa entre tristeza e dor. Sim, talvez fosse. Por norma, e por uma questão de princípio não distribuo esmola aqui e acolá. É um assunto delicado, eu sei. Nunca saberemos ao certo qual a verdadeira necessidade de quem pede. Abro algumas excepções, que avalio, de forma ténue, e perfeitamente falível. Hoje foi uma dessas situações. No mesmo parque de um grande estabelecimento comercial, encontrei, num espaço de minutos, duas pessoas. O mesmo discurso, o mesmo pedido. Ambos tinham pensos, e ela, tinha ainda o tradicional Almanaque Borda d'água. O meu Bisavô tinha sempre o Almanaque. Lembro-me como se fosse hoje, das mesmas folhas, da mesma capa. Fui abordada primeiro por ela, com uma criança no colo. Uma criança com um ar de desmazelo constrangedor. Confesso que estas são das que mexem comigo. Dei-lhe o que entendi, e não quis nem os pensos, nem o Almanaque. Segue-se o segundo. Já atrasada, e cheia de compras, digo-lhe que não tenho nada. Mas fiquei, a olhar de relance nos seus olhos. Fixos nos meus. Não sei, nem saberei nunca. Nem ao certo o que li, nem se o meu bom senso funcionou.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Amigas


Tenho uma relação particular com as minhas amigas. Gosto delas, dedico-me a elas, sou extremamente presente, quando necessitam de mim. Afirmo-o de boca cheia, sem qualquer risco. Mas não sinto qualquer obrigação de contactar, só porque sim, se, por acaso, não se proporcionar. Obviamente que não falo de semanas a fio sem dizer um olá. Nada disso. Falo da necessidade que algumas pessoas têm de contactos quase diários. Eu não tenho. Porque pode não me apetecer. Ou posso não poder. E não sou menos amiga delas por isso. Logo, hoje pela manha, um há tanto tempo que não me ligas ( que corresponde aí a uma semana, dez dias, vá), com tom acusatório, vindo de uma pessoa que é minha amiga há anos, não foi música para os meus ouvidos. Não foi não. Não gosto de discursos de cobrança. Manias, vá.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dúvida

Dúvida. A minha avó, peneirava coisas. O mau caia, e o bom ficava na peneira. A vida também vai peneirando. E o que fazer quando a peneira inverte a acção? Peneira o bom, e guarda o mau? Ele há com cada pergunta que não sei responder.

Confissões...

Aqui me confesso, a fim de não o fazer em outros estaminés menos próprios. Também, de resto, pouca gente sabe quem é a Mulher que não chora. E os que sabem, que se aguentem, ou, ao invés, que saltem o post, a fim de não levarem com esta minha confissão, vinda directamente das profundezas do meu ser.

Sofro, freneticamente de um terrível defeito. Talvez, e numa de desculpa, por tão enorme fraqueza, tenha a ver com o facto de ter uma personalidade forte e marcada. Não suporto, mesmo, que me firam o orgulho. Não sou uma orgulhosa descomedida, de tudo e de nada. Quando me orgulho, é com legitimidade, em algo que construo. Por isso, quando me dou ao desbarato, me esfalfo, visto a camisola, e recebo uma atitude que julgo não merecer, é coisita para me deixar furiosa. E é exactamente aí que me torno perigosa.
Tenho de suportar, são as injustiças do mundo e tal, dirão vocês. Eu sei, eu sei. Mas o pior, é que me atinge deveras, e, por norma, reajo bruscamente nestas situações. Logo, e não obstante o corte nos saltos ainda há pouco, já me ter colocado no limiar do perigo, eis se não quando, levo com uma injustiça laboral. Feita de forma talvez inofensiva, mas feita. Não gosto. E quando me deixam assim, fico fria, dura, e afasto-me de todo. Lamento desiludir quem possa achar-me um doce. Sou, mas também posso não ser. E quando não sou, sou do mais amargo que existe. Não gosto de ser assim. De posições tão extremas. Mas isto de ser Psicóloga, em casa própria não me vale de muito. Limitações. Fosse eu canalizadora, ou assim. Ao menos podia arranjar a torneira da cozinha que pinga há três quinze dias...

Da pequenez


Quis Deus que eu nascesse pequena. Não em demasia, mas ainda assim, pequena. Ainda por cima, no seio de uma família de gente que se vê. Eu, que gosto de raiar o céu, uso por norma saltos consideráveis. Não fosse a maldita escoliose que me assola o costado, e tudo seria mais fácil. Uma escoliose quase invisível, aos olhos de quem vê, mas extremamente presente a mim, que a sinto. Uma escoliose de raça, como só podia. Já me fez calçar sabrinas durante um bom par de meses, a poderosa. Só mesmo ela, detem tal influência sobre mim. Uma altura da minha vida em que fiquei em baixo, como devem perceber. A sentença, ditada por Médicos e Massagistas, dizia, armada aos cucos, que eu deveria ficar por ali, perdida nas sabrinas, e nos sapatos sem graça, para sempre. Mas eu, que sou do contra, travo uma luta diária com a bandida. Não me dou ao luxo de exageros exacerbados, mas, ainda assim, elevo-me, mais do que devia. Tenho a mania das grandezas, caso ainda não tenham percebido. Em momentos zen, de relaxe total, em que me enfio nas compras como se não houvesse amanha, esqueço-me, com relativa frequência, deste meu handicap duma figa. Adquiri, num desses devaneios, umas botas de cano alto, elevadíssimas. Cada vez que as postava, sentia um remorso. Como que um pré aviso, ou uma manifestação do meu Ego mais realista. Para além de sentir, a maldita da escoliose, claro.
Hoje, pela manha, armo-me de coragem, e rumo ao sapateiro, a fim de cortar um pouco ao salto, e tornar as minhas botas maravilhosas, um pouco mais calcáveis.
Sinto-me muito mais rasteira, por agora. E não, não gosto. Estou quase de neura.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Azeitona


Pelo caminho, passo por estradas secundárias, recantos de terras perdidas, ainda vestidas de luto. Debaixo da chuva intensa, que se faz sentir, muitas pessoas, de lenço na cabeça, apanham o ouro negro, com afinco. Redes no chão, baldes pretos de asa colorida. Os cães, observam, como que a guardar um tesouro. Lembro-me de, em pequena, ir para a apanha da azeitona com os meus avós. O Olival ficava situado numa encosta escarpada, batida pelo vento. Era enorme, e levava uns bons dias até estar concluído. Calçava as minhas galochas com olhos de sapo, e deambulava por lá, com os sonhos atrás de mim. Na hora do almoço, sentávamos debaixo de uma qualquer árvore, e comíamos o que a minha avó tinha arranjado de véspera. Recordo-me do orgulho que sentia, de cada vez que enchia um balde. Tarefa morosa, aquela. Mas deveras compensadora ( como todas as tarefas morosas, que concluímos com sucesso). Hoje, os meus avós, velhinhos e cansados, ainda apanham a azeitona. Ou melhor, acompanham a comitiva, e dão apoio de retaguarda. Comitiva essa, constituída pelos meus Pais, Tios, e algumas outras pessoas, prontas a ajudar. O meu filho, também já tem umas galochas. Azuis, e com umas bolas gigantes. Eu, tentarei arranjar um bocado para dar um salto ao meu Olival. Que no meio da correria, será limitado, mas não importa. Preciso de lá ir, sentir-lhe o cheiro. O meu rebento já pergunta, para quando a empreitada. Está para breve meu filho. A apanha da azeitona, do ar livre, e das emoções que guardarás, e que te perseguirão vida fora. Com a força dos bons momentos.

Desafio

Há e tal, é segunda feira, chove a potes, já apanhei uma molha, já tenho o cabelo minado de caracóis, e, ainda assim, obra não sei de quem, estou com uma boa disposição contagiante.
Vai daí, eu que nem sou dada a desafios, apanhei um, pelas mãos da http://sandrablogwithaview.blogspot.com/, e vou, num terreno que me é estranho, visto por este lado, terminar umas frases. Achei caricato, quanto mais não seja, porque utilizo este método, com adolescentes, em contexto de consulta. Hoje, estou do outro lado, portanto. Ora então tomem lá:

a) Eu já chorei, embora diga por aqui que as Mulheres não choram...

b) Eu nunca digo esta palavra. Já sabem que tudo quanto é excessivamente definitivo me assusta...

c) Eu sei algumas coisitas, mas muito menos do que queria ...

d) Eu quero cumprir alguns objectivos de vida. Muitos, vá. Mas quero mesmo...

e) Eu sonho com histórias que se dizem de Contos de Fadas. E mais coisas. Sou uma sonhadora nata, a dormir e acordada...


O desafio dizia que tenho de fazer mais umas coisas, mas não vou fazer. Para além de sonhadora, sou um bocadito do contra. Coisas, enfim.
E agora vou ali assim trabalhar, e já volto. Boa semanita para todos ( Não estou a entender esta minha excessiva utilização de diminutivos. Não sei se repararam. Coisitas, bocadito, semanita... Quererá dizer qualquer coisa??? Hum...)

domingo, 15 de novembro de 2009

Dias assim


Estes dias de dolce fare niente, têm uma vertente antagónica. Se por um lado nos lavam a alma, e nos permitem repousar, por outro, dão-nos tempo para lembrar, o que queremos esquecer. Ás vezes quase que sinto, que me empurram de mansinho, pelos meus terrenos pantanosos. Vale-me o novo livro de Saramago (sim, tb já se perdeu por cá), e um pequeno traquina que me assola a alma, e não me permite excessos de devaneios. Para além disto, rendo-me a um novo perfume, onde me envolvi a título de experiência, e que me está a aquecer o ânimo. Há coisas a que sou fiel. Não sei se eternamente. Que este conceito de eterno, é traiçoeiro o suficiente, para não me deixar ir assim, ao Deus dará. Por norma não vario, para além do Eternity ( Eterno, pelo menos no nome), da Calvin Klein, no Inverno, e o Pleasures, da Estée Lauder, no Verão. Mas confesso, que estou quase rendida aos encantos do Wanted, da Helena Rubinstein. Quente, como se quer em dias de Inverno. Doce, como se quer, em qualquer Mulher. Se há coisa que me toca é o cheiro. Os meus cinco sentidos merecem sempre toda a minha atenção. Devemos estimar o que nos dá prazer.

Da noite


Ainda no rescaldo da noite, tenho de postar por aqui umas palavras. Eu, que me posso dar ao luxo de comparações, pois já assisti a concertos de grandes Bandas. Sou suspeita, é um facto. Logo a seguir a Pearl Jam, esta é sem dúvida, a minha Banda favorita. Mas só me ocorrem adjectivos poderosos para definir o que assisti ontem à noite. Fabuloso, talvez encaixe bem, embora, ainda assim, não sei se farei justiça. Num Pavilhão Atlântico completamente esgotado, com muito cabelo grisalho, entre outro que nem tanto, os Depeche Mode, deram, sem qualquer dúvida, um Concerto memorável. Eu, ainda me portei bem, batendo palmas e mantendo a postura, durante um bom bocado. Mas quando aparece um Enjoy the Silence, e a minha amiga T me dá o mote, levanto-me para não mais me sentar. Faltaram algumas das minhas favoritas, sendo que Just Can't Get Enough e Strangelove, ficaram-me no goto. Estavam para desertar, sem nos brindarem com Personal Jesus, mas ninguém deixou. Voltaram ao palco, para mais umas quantas, incluindo essa. Há segunda que desapareceram, já não voltaram. Pela parte que me toca, e eu, que nem sou de fáceis perdões , já os perdoei da ausência do Super Bock. E podem voltar. Lá estarei para os ouvir.

sábado, 14 de novembro de 2009

Querida T


Hoje o dia vai ser assim, a atirar para o comprido. Ruma-se à Capital, o que é sempre um bom destino. Tenho saudades dela, como sempre. Faz-me falta.

Hoje é também o dia em que veio ao mundo a minha querida T. Que por deliciosas razões está de retiro, e possivelmente, nem lhe porei a vista em cima. De qualquer forma, não posso deixar de a referir por aqui. É uma boa pessoa, as boas pessoas merecem ser referenciadas. Uma pessoa que, à revelia do mundo, procura sempre a felicidade. Por muito que ela lhe tente fugir. Uma lutadora, portanto. Detém ainda a particularidade, de ser das poucas que me ouve os desaires, e isso, lhe devo eternamente. Um beijo, um xi-coração, e uma rosa para ti, minha linda.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Do outro lado

Ás vezes, do outro lado da linha percebemos mau estar. De alguém de quem gostamos, e que não queríamos que estivesse assim. E ficamos a pensar no que fazer, no que dizer, a fim de amenizar algum sofrimento que se instalou, em quem não merece. E depressa concluímos, muito para nós, que o mundo é um lugar estranho onde se vive. Onde a injustiça impera, e nós, obrigatóriamente, levamos com ela. Logo após, leio um post num blog que sigo, que fala disso mesmo. Da injustiça. Não sei muito bem, mas a mim, parece-me que se assume, como um lugar comum demais. Digo eu. Que não gosto dela, nem à lei da bala.

Coincidências


Ontem, fui alvo de uma coincidência enorme. Daquelas que dizem que não existem. Que só não culminou num momento mais desagradável, porque o meu instinto de orientação, ainda que débil, safou-me desta. Faz-me pensar, que, não raras vezes, a vida apresenta-nos momentos, como que se de um teste se tratasse. Um e agora, vá desenrasca-te, que eu fico-me por aqui a espreitar... Não lido muito mal com estas imprevisibilidades, mas ainda assim, dispenso-as. Principalmente desta ordem.

Hoje, diz-se por aí que é dia de azar. Não ligo nem muito, nem pouco a esta superstição. Como também não ligo ao gato preto, ao espelho partido, ou ao cruzar de talheres. Qualquer dia, alguma bruxa estapafúrdia, lança-me um feitiço. A minha Avó, dizia que não acreditava nelas, mas que as havia, havia. A minha Avó era uma Mulher de saberes. Mas cada um acredita no que quer. Eu, por exemplo, acredito em coincidências. E ainda acredito no amor. É quase o mesmo que acreditar em bruxas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Agradecimentos

Após as brincadeiras, tento iniciar arrumações. Enquanto beberica o leite, vai-me dando instruções, de dedo no ar. Gormittis na bolsa azul, Raymans, na branca. Berlindes na bolsa opaca, Indios na caixa de sapatos. Draggons na bolsa transparente. Regra geral, é ele que se ocupa da divisão. É necessário que eu dê uma mão, uma vez por outra, quando o sono já aperta. Tento respeitar esta meticulosa ordenação, que, confesso, não sei de onde lhe vem. Ambiciono que o persiga. Dizem que os bons ou os maus hábitos vêm de pequenino. Só isso me faz, ao fim de um dia de trabalho, não enfiar a bonecada toda no mesmo saco. Sacrifícios de mãe, em prol do futuro. Um dia, e se o moço for casadoiro, quem o levar, dever-me-á agradecimentos eternos.

Das terapias...


Entram, olham-me, ás vezes de soslaio, e começam. Falam, abrem-se, ou fingem que se abrem, e julgam que me enganam. Constroem o que podem, ou o que acham que devem construir. Não raras vezes, focam tudo, menos o que os preocupa. Principalmente se o assunto for sexo. Como se ele não fizesse parte da vida, e não constituísse muitas vezes, o cerne do problema. Rodeiam, passeiam, e eu oiço, com a calma e a paciência, de quem anda nisto já há uns anitos. No fim das deambulações, olham-me e sai o típico e agora Doutora? E agora não sei. E agora, pergunto eu. Respondo. E é mais ou menos aqui, que o trabalho a sério começa. Quando a pessoa toma consciência que um consultório de psicologia não é um bazar, onde se entra, e se adquire o que mais ou menos se queria, ou até nem se queria, mas acabou por se querer, por estratégia do vendedor. O trabalho terapêutico, envolve uma relação dual, de partilha e de confiança, onde nós, absorvemos o melhor que pudermos o problema alheio, e ajudamos a encontrar caminhos e soluções. Mas ajudamos. Não damos. Há quem tenha dificuldades em aceitar esta postura. Corro sempre o risco de me virarem costas e não entrarem ali nunca mais. E de procurarem respostas mais concretas, aqui e acolá, numa amiga, ou na revista Maria. Porque aquela ali, não me soube ajudar. Disse-me que, e agora perguntava ela. E vai uma pessoa pagar para isto.
Felizmente, por norma, e após o choque inicial, percebem o caminho e trabalhamos em conjunto.
O choque de hoje foi significativo, tal a ânsia de resposta pronta na ponta da minha lingua. Percebo-a, coitada.
É esta a parte da minha profissão que mais me empolga. Não obstante a minha especialização serem as crianças, são os adultos que mais exigem de mim. E são eles que me dão as maiores lutas. Apraz-me encontrar sucessos que acompanhei. Méritos duplos, relações de empatia, partilhas, caminhos. A dois, sempre.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Divagações...

Na minha profissão lido com problemas. Das mais diversas ordens e origens. Já estive presente a sérias situações dramáticas, com desfechos menos bons. Directamente, nunca acompanhei nenhum que culminasse em suicídio. Mas poderá acontecer um dia. É uma problemática séria, de difícil abordagem. Os sinais, o que se pode dizer antes do acto em si. O que se pode fazer, a fim de o prevenir. Apesar de não ter experiência directa, julgo ser um tema por demais delicado. Primeiro, porque só uma situação de desespero extremo, nos pode levar a contrariar todas as leis da natureza. O instinto de sobrevivência, é dos mais básicos que nos assiste. A nossa auto-protecção, e defesa de adversidades potenciadoras de perigo. Um suicídio, é um estado limite. Sempre. Uma desordem total de ideias, onde o vazio se assume em toda a sua dimensão. Um vazio de tudo, um nada onde agarrar. O que faz pessoas chegar aqui, não se sabe ao certo. A mesma adversidade que leva determinada pessoa ao descontrolo extremo, poderá ser ultrapassável para outra, com diferente estrutura psíquica. A mim, e do que conheço de personalidades Humanas, parece-me ser sempre um desconforto profundo, onde nada aquece, onde nada apazigua, onde tudo perde o sentido.
Hoje, a vida perdeu o sentido a mais alguém. Conhecido de muitos. Como todos os dias perde para muita gente, incógnita. Não aceito que os chamem fracos. Serão desistentes, talvez, mas o nome aqui nem interessa nada. Se têm ou não esse direito, não sei. Pensando o indivíduo como Ser detentor de vontade própria, sim. Pensando como um Ser social, e interdependente, não. Mas enfim, são pensamentos apenas. Sobre um assunto demasiado sério e dúbio para se tecerem considerações muito concretas.

Manias, pode ser.

Talvez, mania, não sei. Sou assumidamente minada delas. Não gosto de justificações, à giza de desculpa. Soa-me a que de facto, algo foi feito, pensado, e com um sentido. Se agirmos com naturalidade, não vemos defeito, logo, não explicamos, a não ser se nos perguntarem. Eu até sou da boa paz, logo, façam o que entenderem, como entenderem. Não sou de cobranças, já sabem. Só agradecia que depois, não me maçassem com desculpas da treta, a fim de se sentirem um bocadinho menos mal. São aquelas desculpas que não abonam nada em vosso favor. Que não vêm com verdadeira vontade em anular ou ilibar o acto, mas sim, como necessidade extrema de quietude, perante algum erro. Auto-terapia barata, portanto. Dispenso-as. De todo.

Dos meus tesouros...


Pela manha, e sob influência de uma boa cor, acordo mais bem disposta. O sol escondido entre a nublina matinal acerta-me, ainda que timidamente, e a péssima disposição da véspera some-se, como que por magia. Após as voltas do costume, solicito um favor ao meu pai. O meu pai, é uma Pai com um P gigante. Um Homem na casa dos 50, reformado precocemente, sob leis abonatórias a quem fez serviço fora, em tempo de guerra. Um serviço que, para sorte dele, ao contrário de muitos, mais não foi do que a estada durante alguns meses, num acampamento, algures em Maputo. Onde se jogava ás cartas e comia lagosta. Desde a reforma militar, dedica-se a actividades, misturadas entre contabilidade, e agricultura. Nada a ver uma com a outra, mas enchem-lhe os dias de prazer, e isso é que importa. No seu percurso de vida, e através da sua capacidade de conquista, encontro muitas vezes resposta, quando me surge a dúvida, de se vale a pena lutar. Nas horas livres, ou nas horas em que se impõe, assume-se como o braço direito das filhas e, acima de tudo, do neto, com uma dedicação como não há. Com um zelo e uma paciência quase infinita, executa muitas das actividades que atribuímos normalmente ás avós. A diferença é que ele é avô. O meu rebento tem nele, sem qualquer dúvida, a maior figura de referência masculina. Logo, para além de um Pai com P grande, é um Avô, com A enorme. Já lho disse, por palavras disfarçadas, porque ele não é lá de grandes lamechices. Mas ás vezes tenho uma imensa vontade de lhe saltar ao pescoço, e lhe dizer que é uma das Grandes Pessoas da minha vida. Se calhar ainda lhe calha, assim, num dia em que me apanhe com uma vontade incontrolável, de manifestar carinho por quem gosto. Ás vezes assaltam-me esses dias, e hoje é um deles. Tem um senão imperdoável. É Sportinguista e tendencioso. Um grave problema, como devem perceber. No meio de tanta coisa, até lhe perdoo esta humilde fraqueza. Só não sei se lhe vou perdoar o arrastamento do neto. Assim, à minha revelia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Desabafos...

E depois surgem dias, que não começam bem, e que terminam a roçar o assim assim, para não dizer, o mau. Quando questionamos coisas e posturas, que nos movem. Porque nos apetece seguir em frente, no fio condutor que nos guia, mas as dificuldades surgem a cada esquina, e apetece-nos fazer um reset, e recomeçar outro caminho. Ou melhor, não nos apetece, mas o tem de ser, ou o quase tem de ser, tolda-nos, com penas pesadas se não for como ele quer. Não gosto do sentimento de convicções abaladas. Nem gosto que factores que fogem ao meu controlo, me tentem castrar. Não sou muito boa resignada. E desta feita, tenho para mim, que também não irei ser. Mas hoje e agora estou no meu lado lunar. E só gosto dele cantado pelo Rui Veloso, ao longe, ou à distância de um CD. O meu lado lunar, aquele que me pertence, é tramado. Potente e perturbador. Não gosto dele. Afasto-o, normalmente com todas as minhas forças. Mas ás vezes, clandestinamente instala-se. Instalou-se. Espero que por pouco tempo.

Da ortopedia...

-Mããããeee, o que são coisas ortopédicas??
Eu, armada da minha experiência, tento, utilizando um exemplo de sapatos, explicar o melhor que sei, para que serve material ortopédico, a um fedelho de 6 anos.
- Sabes filho, por vezes é necessário utilizar, coisas correctivas, quando algo não está bem. Tem o objectivo de curar qualquer anomalia, ou apoiar alguma dificuldade. Como por exemplo no caso do pé, que pode não ter a curva bem definida. Usa-se uma bota, com o objectivo de ajudar o pé a fazê-la. E existem também materiais adequados, com função correctiva, ou de apoio, para outras partes do corpo, percebes?
- Sim, percebo. E então para que serve uma cueca ortopédica???
( A modos que fiquei sem fala. Andamos para não parar de rir. Eu do que ele disse, e ele de me ver ás gargalhadas. Confesso, que até tinha vontade de divagar sobre o assunto. Ontem com ele, e hoje por aqui. Ontem, por motivos óbvios, não pude fazê-lo. E hoje também não o vou fazer. O meu blog é um blog muito sério, ok???)

Da solidão...

Pela manha, o habitual. A correria do costume, o caminho da escola, a paragem para o café. Mal paro o carro, deparo-me com um cenário aterrador. Um idoso passa de bicicleta, debaixo de chuva. Uma bicicleta antiga, de rodas grandes e um cesto na frente. Sem qualquer agasalho, ou artefacto que o protegesse, segue o seu caminho, não sei se com algum destino marcado. Numa poça de água, tropeça e cai. Exactamente na mesma altura em que uma carrinha passa, e que, miraculosamente, o consegue evitar. Os transeuntes mais próximos correm em seu auxilio. Por momentos, e num rasgo de crueldade, da qual também sou vítima, confesso, julgo que estaria sob efeito de álcool. Porque é fácil, atribuir rótulos aos mais fracos. Entretanto percebo que não, e irrito-me comigo por tê-lo pensado. Fui injusta, e não gosto mesmo nada disso.

Oiço-o depois a falar com a Dona R., onde parei para comprar o jornal, e fico a olha-lo, num sentimento estranho. De compaixão, misturado com alguma ira virada a mim.
Sim Dona R, eu sei que já não tenho idade para estas coisas. Mas não, não tenho dinheiro para uma motoreta daquelas fechadas. A minha reforma não chega para isso. Medicamentos, água, luz. Sou sozinho, sabe como é.

Nós pensamos que sim, mas julgo que poucos saberemos como é. Percebo, que é esta a Solidão, que por vezes se fala por aí.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Futilidades...


A minha mais recente descoberta... Amei

Do preço das coisas...

Hoje, quando deixo o rebento na Escola, caminho ao longo do parque de estacionamento, e penso, ainda que internamente, que deveriam existir eleições mais uma vez. Não obstante ainda me encontrar a modos que farta, de cartazes ridículos e músiquinhas a dar para o pimba, a verdade, é que o período pré eleitoral, é sem dúvida abonatório, ao desenvolvimento de qualquer terra. Passo a explicar. A Escolinha do meu rebento, é novinha em folha. Foi iniciada e terminada a contra relógio, numa maratona considerável, impulsionada pelo Executivo da altura, e concluída, digamos que, num bom tempo. Por dentro, e no espaço em redor. Os acessos, dado serem considerados secundários, ficaram adiados. Por aquilo a que costumo chamar, tempo indeterminado. Já passaram uns bons dois meses. Já começaram as primeiras chuvas, e as poças acentua-se, assassinando qualquer bom par de sapatos, que tenha o azar de por alí passar.
Hoje, eu, euzinha, já sonhava, logo pela manha, com um par de galochas, no lugar do meu sapato creme de salto alto. Que teimava em enfiar-se perigosamente, nas areias quase movediças, do chamado parque de estacionamento. Parque esse, ainda detentor da interessante particularidade, de ser completamente desnivelado. Se não procurar criteriosamente um lugar, em alturas do meu dia em que os olhos ainda não se encontram no seu melhor, tarefa árdua portanto, corro o risco de, mal abro a porta e meto um pé de fora, zás... Levo com ela no nariz, tal a inclinação da viatura. Só coisas boas, logo de manha, como podem ver.

Quase arrisco, numa tentativa ilícita de decretar novas leis, a sugerir alterações de fundo. Eleições já para 2010. Autárquicas, principalmente. Levamos com a campanha, é certo. Mas vemos as obras concluídas. Tudo na vida tem um preço.

Fim de semana e prognósticos...

O fim de semana foi envolto em coisas. Muitas coisas, entre as quais, mantas, almofadas e sofás. Na noite de Sábado, arrisco um nariz na rua. A fim de vislumbrar as parolas reunidas. Faltava uma, que andava em altos voos, algures em capitais de moda e coisas assim. Nós, a ralé, ficamos perdidas na nossa linda terrinha, envoltas no ambiente de sempre, com as mesmas caras, e as mesmas gentes. Para a próxima, voo com ela. Se ela preferir a minha companhia, aquela que teve. Não me parece, mas enfim. Eu sou sonhadora.

O meu nariz na rua durou escasso tempo. O frio da noite Outonal, mandava-me para casa, e eu obedeci, logo após matar saudades. E rendi-me a alguns prazeres. Daqueles muito meus.
Ainda me lembro de quando achava que os tempos de relaxe eram um desperdício. Um desperdício tal, que se me dedicasse a eles por mais do que uns minutos, algo em mim fervia. Como se o mundo fosse acabar ou assim. Hoje, mesmo com o prognóstico, dado não sei por quem, de que acaba dia 11, ou seja, depois de amanha, o que me apetece mesmo, são momentos assim.

A semana por sua vez, avizinha-se calma. Pelo menos aparentemente. No entanto, este prognóstico de calma, é muitas vezes desfeito, pelas vicissitudes de profissões onde se trabalha com gente. E onde o inesperado se assume em todo o seu esplendor.

Numa ânsia, que por momentos ainda me povoa, aguardo com expectativa o próximo fim de semana. Em que irei postar os olhos numa das minhas bandas de culto. E esperar sair de lá a cantar, do fundo das minhas entranhas, um All I ever wanted All I ever needed Is here in my arms...
Espero esse momento. Em que possa cantar com a alma de quem o sente. Provavelmente esperarei sempre. O nosso percurso, é um constante encalço. Mas pronto, qualquer coisa que se assemelhe, parece-me sempre bem.

domingo, 8 de novembro de 2009

Verdades...


Um tema de conversa do jantar familiar, foi a frontalidade. Tenho cá para mim, que a frontalidade é coisa de gente. Que se preze, e que se orgulhe de o ser. Vale sempre mais uma verdade, mesmo que um bocadinho a atirar para o amargo, do que uma mentira piedosa, que mais não faz do que encobrir, temporariamente, situações mais obscuras. Mas ainda assim, julgo ser necessário algum savoir faire, e sentido de oportunidade, a fim de não magoarmos quem nos ouve. Recordo-me como se fosse hoje, de um episódio que marcou a minha adolescência. O meu namorado, que anos mais tarde passou a marido, para actualmente assumir a posição de ex marido ( muitas posições, portanto), andava caído de amores por mim. Eu, na fase do tudo cor de rosa, tudo corações e love is in the air, escrevo-lhe, armada em Florbela Espanca, qualquer coisa semelhante a um soneto de amor. Não cumpriria de certo as normas de escrita, mas ainda assim, foi escrito e inundado de paixão, do meu (ainda) coração de menina. Entreguei-lho, cheia de orgulho pela minha obra de arte, e fiquei a observá-lo a ler, o que para mim, eram as mais doces palavras do mundo. Quando termina a leitura, olha-me nos olhos, e quando eu já esperava um beijo, ou alguma palavra de agrado, lança-me um tens aqui um erro ortográfico. Assim, a frio. Ok, ok, é certo que nunca fui mestra em Português. É também certo que o erro lá estava. Mas será que não poderia ter saído nada antes, e o erro vir depois? Não sei, digo eu. A quem a experiência assumiu carácter de eternidade. Quem sabe, por ela, nunca mais ninguém será bafejado, por uma carta de amor de minha pessoa. Porque estas coisas traumatizam, ora pois. E eu entendo-me é com os traumas alheios, não é cá com os meus. Eu, que até me ajeitava para essas coisas das cartas. Desperdício...
Serviu, e vendo a parte boa das coisas más, para hoje ter consciência, estendida a qualquer situação, que verdade, sempre. Mas na altura certa. A nua e crua, lançada tipo míssil, magoa. E nós não andamos aqui para magoar ninguém... Digo eu, mais uma vez.

sábado, 7 de novembro de 2009

Do mal o menos...


Peguei-lhe ontem pela enésima vez. E reacendemos um namoro profundo, numa proximidade como não há. Um têt a têt, pela noite dentro, aquando, por norma, já não sou incomodada. O outro membro da casa, já dorme a sono solto. Cada vez que lhe pego, entro nas histórias com uma intensidade fantástica e uma vivência do que leio, clara e concisa, apesar da personalidade atribulada e caótica do Autor. Não sei se quererá dizer alguma coisa sobre mim. Já vos tinha dito por cá, que me ofertaram esta edição de oito livros reunidos. Do mal o menos... Já os tinha lido todos à excepção de um, que tenho relegado nem sei porquê. Peguei-lhe ontem, com um misto de calma e uma vontade sôfrega de o ler. Como se já o devesse ter feito há muito tempo. O mesmo caos. A mesma mistura de ideias. A mesma crueza de palavras. A mesma genialidade, portanto.
Continua a ser o meu eterno livro de cabeceira. O que pego sempre. Quando me apetece. Quando estou bem, ou menos bem. Porque sempre que lhe pego, encontro algo novo. Com a particularidade de poder começar do início, do fim ou do meio. E começar sempre bem. Um verdadeiro namoro portanto.
" Podemos começar por qualquer lado que tanto faz. Havemos de chegar lá. Não me perguntes onde. Quando chegarmos saberás. Agora é cedo para perguntar. Ouve só."
Pedro Paixão, in Muito, meu amor

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Colar de Pérolas


Eu sei, eu sei que o meu aniversário já passou. Sei ainda que o Natal vem longe. Não me encontro a pedinchar. Até porque, me pareceria improvável, algum resultado da minha pedinchice. Mas sei também que hoje me parou nas mãos, com tantas outras mãos onde poderia ter parado, um catálogo com colares lindíssimos. Um deles bem semelhante ao da foto ao lado. Lembro-me de, em pequena, roubar os colares de pérolas do baú da minha avó. E ficar horas em frente ao espelho do quarto dela, numa postura um tanto ou quanto narcísica, a mirar-me. Em adolescente passar por uma fase, em que não lhes ligava grande coisa. Para se reacender posteriormente uma paixão, ainda que platónica, vá lá saber-se porquê, que julgo, me vai perseguir até sempre. Quem sabe um dia, perco a cabeça por um destes. A cabeça, a carteira, o carro, a casa... Ok, ok. Devaneios, pronto. Me confesso.

Dissertações de Estados de Espírito...


Hoje não se trabalha na minha rica terrinha. Quis a minha sorte que trabalhasse fora do Concelho, e não pudesse usufruir do feriado Municipal. Enfim, azares. Hoje, o meu tempo amanhece cinzento, por dentro e por fora. Saio de casa, um pouco mais tarde do que o habitual. Paro, para comprar um Jornal, e bebericar um café. Nas mesas, encontro pessoas, com ar de quem não vai fazer nada o resto do dia. Senhoras em amena cavaqueira, das que não vão fazer nada hoje, e que não fazem nada nunca. Senhores, a folhear jornais, quase de baixo de chuva, a fim de poderem fumar o cigarro matinal, proibido no interior do estabelecimento. O ar geral é de relaxe e sossego. Há excepção de mim, que me encontro em ala de marcha, rumo ao estaminé.

Como já vem sendo hábito, assolam-me pensamentos. Hoje, perco-me essencialmente na necessidade que temos de comparação ao Outro. É como uma escala, uma medida. Julgo que será geral, ou quase. Pegando no meu exemplo, posso dizer-vos que me custou mais ter de ir trabalhar hoje, quando quem me circunda não o faz, do que habitualmente. Quando todos se encontram no mesmo barco, a nossa capacidade de resignação aumenta significativamente.

Já tenho analisado este fenómeno amiúde, em outras circunstâncias. Estende-se em diversos domínios. O ser Humano tem uma necessidade imperial de se comparar ao Outro. E aí, descobrir se está melhor, pior, ou na mesma. Expressões como Não estou muito bem de finanças, mas fulano ainda está pior, servem como um contrabalanço necessário, regulador de emoções internas. Se o contrabalanço estiver negativo, ou seja, se nas comparações efectuadas, o individuo perder constantemente, iniciam-se processos de mau estar, que, por norma, tendem a ser complementados com outros termos de comparação, onde se possa sentir vitorioso. Como por exemplo, Estou mal de finanças e fulano está bem. Mas tenho uma vida sentimental estável e ele não...

Deste contrabalanço constante, surgem estados de espírito. Mais ou menos felizes. Mais ou menos realizados.

Como bom Ser Humano que sou, hoje, internamente digo a mim mesma, trabalho e os outros descansam, é um facto. E por esta hora da manha, tento a todo o custo arranjar um contrabalanço. E o sacana não aparece. E não me atirem cá com um Não trabalhas no 19 de Março, que não me aquece. Está por demais longe, para o fria que estou.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Da noite precoce...

Vou agora abandonar o estaminé. Não de vez, mas pelo menos até amanha. Eis uma das coisas que abomino no Inverno. Talvez a única. A escuridão que nos rouba os dias, cedo demais. Gosto da noite. Não me confunde, não me assusta. É-me muitas vezes excelente conselheira. Sim, porque eu passo a vida a aconselhar, mas ainda assim, por vezes ( mas só por vezes), também preciso que algo, ou alguém me aconselhe. Mas sou esquisita nesse aspecto. Não me contento com qualquer conselho. Não aceito qualquer palavra. Oiço, se os tiver pedido, com calma, e sem resignação. Mas, se alguém ousar emiti-los, sem solicitação prévia da minha pessoa, assumo uma postura um tanto ou quanto altiva, e não ligo. Não sou boa de aconselhar, admito. É uma fraqueza, como outra qualquer. Por isso, elejo a noite, a almofada, e outras maravilhas da natureza. Mas ainda assim, e gostando dela, gosto também de abandonar o meu local de trabalho e encontrar pássaros na rua, luz nos caminhos, e outras particularidades do dia. Eu e a mania de exigir perfeições que não existem, nem aqui nem na Lua. Mas eu, que sou dos sonhos, ando no encalço dela. Ela julga que me foge, tadita.

Clean...

Tenho um visual mais lavado. Demasiado clean, acharão alguns. Talvez seja eu que necessite estar assim.

Os Homens preferem as louras???


Sem dúvida. É um facto consumadíssimo, salvo as devidas excepções. Como mulher, e à revelia do que possam sentir, tento enquadrar esta preferência, e talvez os entenda. Uma loura, tem por norma um ar doce, delicado, e subtil. Um ar feminino, que agrada ao sexo oposto. As morenas, são por norma de aspecto mais rude. Menos delicadeza, longe do ar de anjo característico das suas rivais. Há quem diga que as louras puras estão condenadas à extinção. Existe até uma data definida, que não me lembro agora, na qual irá nascer a última loura pura, algures num País Nórdico. A partir daí, nascerão apenas combinações diversas, oriundas das misturas de raças. Por Terras Lusas, louras puras e genuínas, sem recurso a madeixa ou a a descolorante, julgo já não existirem muitas. Talvez no norte, perdidas nos campos de trigo, ainda existam algumas. Rodeadas de serra, e campos de soalheiro.

Talvez seja também o carácter de raridade, o responsável pelo seu valor, não sei . Qual diamante em bruto, ou assim.

Não obstante ser Mulher, admiro a beleza feminina. Um particular estilo, uma maior sensibilidade à estética. Por isso mesmo, não entendo algumas louras. Não as discretas e sabedoras dos limites que devem ter. Mas as platinadas de ar estranho, com tons completamente desfasados da cor da pele, e das sobrancelhas. No conjunto, não mais conseguem, do que assumir um visual descuidado e vulgar. Capaz de arrancar alguns piropos, mas que, arrisco dizer, pouco mais faz do que isso.
Ontem vislumbro uma dessas, numa série de minha eleição.
Não obstante ser um papel, na vida real, encontramos uma em cada esquina. Será falta de amor próprio? Será vontade em chamar a atenção? Inquiro-me o que fará uma Mulher que fica bem morena, optar por ser loura, quando isso a desfavorece.
Mas isto sou eu, obviamente. Uma morena assumida, e tudo e tudo, que não se preocupa muito, se pertence à classe da preferidas ou das relegadas. E roída de inveja, já dirão por aí alguns. Ou algumas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Da máquina de costura...

Vou restaura-la, diz-me a minha mãe, referindo-se à máquina de costura da minha avó. Eu não sei mexer nela, mas tu sabes. Tremo. Não tenho por hábito ser atingida por coisas que pertenceram a alguém que me foi querido. Não costumo fazer projecções para objectos, e transporta-los no tempo. A pessoa valeu por si. Tenho uma fotografia dela, que vislumbro de longe a longe, quando a saudade é mais forte. Os sítios onde esteve, ou o que lhe pode ter pertencido, não costuma ter para mim grande significado. Como de resto na maioria das coisas. O valor que lhes atribuo é sempre relativo. Porque me sensibilizei? pergunto-me a mim mesma.

Concluo, julgo que com alguma precisão, que foram memórias. Muitas memórias envolvendo aquela máquina, velhinha, preta e carunchosa. Em pequena, ficava a mirar a minha avó enquanto ela costurava com dedicação as roupas do marido, dos filhos e dos netos. Acrescentos ali, remendos acolá, que a vida nessa altura não se compadecia. Recordo-me de a ver por uns acrescentos de pele nos joelhos das calças de ganga. Nada estéticos, mas extremamente resistentes. E a estética que se lixasse. Ladinamente, roubava-lhe o dedal que usava para proteger os dedos. Cabiam dois dos meus lá dentro, o que deveras me irritava, pela consciência exacta da minha pequenez. No sótão, onde habitava a costura, existiam uns baús de madeira, velhinhos e cheios de tesouros. Que mais não eram do que trapos velhos e outros artefactos ali depositados, que poderiam sempre ser serventia para qualquer coisa. Haviam também brinquedos, antigos e usados. No meio desse sótão, existia um varão que segurava a telha vã que o cobria, e no qual eu gostava de andar à volta até cair para o lado. Da janela, via-se uma antiga casa, de uma velha senhora de ar misterioso. Havia quem por lá dissesse que era bruxa. Eu via-a muitas vezes, envolta num xaile preto, e aqui vos confesso, que morria de medo dela. Fantasiava mil histórias macabras, que poderiam passar-se dentro daquelas quatro paredes. Acentuadas pelas leituras de contos antigos, que contavam histórias de papões e outros que tais. Portadores de enormes facas, capazes de definhar golpes fatais em criancinhas indefesas, com o intuito único de as comer. Terrível. Ainda hoje me inquiro, com existiam, e eram lidos a crianças. Nos nossos dias, seria um atentado.
O acesso ao sótão, era feito por uma longa escada, onde brinquei horas a fio. Enquanto a minha avó costurava, a um ritmo calmo e regular. Recordo-me com uma exactidão precisa, do barulho que a máquina fazia. Temo ouvi-lo de novo. A mim, o definitivo não me soa bem. O nunca mais, o para sempre. É demasiado forte, e têm uma carga emocional elevada. Essa carga, aliada a boas memórias, transporta-me por meandros profundos que tento evitar. Porque os sentimentos agregados são por demais marcantes. E porque não voltam mais.

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