Quis Deus que eu nascesse pequena. Não em demasia, mas ainda assim, pequena. Ainda por cima, no seio de uma família de gente que se vê. Eu, que gosto de raiar o céu, uso por norma saltos consideráveis. Não fosse a maldita escoliose que me assola o costado, e tudo seria mais fácil. Uma escoliose quase invisível, aos olhos de quem vê, mas extremamente presente a mim, que a sinto. Uma escoliose de raça, como só podia. Já me fez calçar sabrinas durante um bom par de meses, a poderosa. Só mesmo ela, detem tal influência sobre mim. Uma altura da minha vida em que fiquei em baixo, como devem perceber. A sentença, ditada por Médicos e Massagistas, dizia, armada aos cucos, que eu deveria ficar por ali, perdida nas sabrinas, e nos sapatos sem graça, para sempre. Mas eu, que sou do contra, travo uma luta diária com a bandida. Não me dou ao luxo de exageros exacerbados, mas, ainda assim, elevo-me, mais do que devia. Tenho a mania das grandezas, caso ainda não tenham percebido. Em momentos zen, de relaxe total, em que me enfio nas compras como se não houvesse amanha, esqueço-me, com relativa frequência, deste meu handicap duma figa. Adquiri, num desses devaneios, umas botas de cano alto, elevadíssimas. Cada vez que as postava, sentia um remorso. Como que um pré aviso, ou uma manifestação do meu Ego mais realista. Para além de sentir, a maldita da escoliose, claro.
Hoje, pela manha, armo-me de coragem, e rumo ao sapateiro, a fim de cortar um pouco ao salto, e tornar as minhas botas maravilhosas, um pouco mais calcáveis.
Sinto-me muito mais rasteira, por agora. E não, não gosto. Estou quase de neura.
Com o tempo não tive outro remédio senão ir pondo os saltos de lado. De vez em quando, muito de vez em quando, lá vou matando saudades, mas tenho muito menos dores nas costas e isso vale qualquer sacrifício :):)
ResponderEliminarPartilho das mesmas dores e pelo mesmo motivo. Sou de tamanho mediano e também gosto muito de saltos altos. Fazem um upgrade numa mulher, mas não uso. E as costas agradecem...
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