quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fontes



Nas ruas da calçada deste-me a mão, não fosse eu escorregar, que nem por isso me habituo à calçada Portuguesa, até porque, poderia bem ser ela a adaptar-se a mim, que a piso diariamente, e parecer-me-ia prudente aligeirar-se na minha passagem, ao invés de me tornar o caminho numa encruzilhada sem fim, num põe um pé, mas com cuidadinho.
Por entre os muros ainda existem fontes, daquelas de outrora com frases gravadas na pedra, de onde sai uma água claríssima e frequíssima, onde um aviso manda não beber, ao qual eu desobedeço, como sempre. Purezas sempre me fascinam, bem sei que de perigos iminentes, mas ainda assim insisto em desafiar, que é tal e qual como a maçã que como da árvore, tal e qual a azeda que colho do galho, tal e qual os teus olhos ao entardecer, que quase parecendo inofensivos serem, em nada o são.
Nascem flores nas janelas, se há coisa que eu gosto, são janelas enfeitadas de cores, eu, que nem me socorro muito delas, para a mim me embelezar. Talvez por isso, pela minha presença discreta e neutra, as flores me façam falta, ainda que dependuradas em janelas alheias, num contra balanço interno/externo, que em tanto me satisfaz.
Por vezes canso-me. De nada de especial, apenas e só da necessidade de tudo explicar, como se um ser assim, só porque assim é, em nada me chegasse. Uma canseira.

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