sábado, 11 de setembro de 2010

Justiças, Sociedades e outros que nem me ocorrem agora...

Bem sei que julgar actos nem sempre é fácil. Quem julga também peca, mas num estado de direito, liberdade e afins, a Justiça assume-se como um pilar fundamental, e há que crer nela, ou aguardar o colapso.
Ainda assim, por vezes, nem se pratica na hora certa, e gente que se sente atingida, acha por bem agir e cometer aquelas obras de remedeio, que para uns serão umas, para outros serão outras, depende de quem as pratica, vai da mente.

Ele era um rapaz sem juízo, sozinho na vida, que nasceu deficiente e pobre, terrível sina, que é muita desgraça para um Homem só. Cedo iniciou caminhos perdidos, que sem eira nem beira, pouco mais lhe restava, que a sopa da vizinha e o pão da padeira, muito ajudavam, mas nem por isso chegavam. O Pároco também dava uma mão, mas o sacana, devia ser filho do demo, que desrespeitava o Senhor sem saber o que fazia, e a coisa por vezes azedava, que esta gente fraca, nem presta para agradecer e cospe no prato que o serve, que há-de fazer-se a estes casos de pura heresia?
Suspeitava-se de roubos e as queixas surgiram, a quem de direito, que por falta de provas, ou o que quer que fosse, nada fez, e assim se continuou. A sociedade envolta continuou também, para o bem e para o mal.
O Pároco prosseguiu, em sua obra divina, a tentar convencê-lo de que o caminho da fé seria a salvação, intercalando com dias em que a distância emergia, que parecia possuído, e a lonjura da casa do Senhor, era o que mais urgia. Ao senão, a confusão era tal, que quem rezava a bom rezar pelos males do mundo, poderia ainda ficar perturbado, e a reza poderia nem surtir efeito, terrível coisa seria. A padeira continuou a dar pão, a vizinha sopa, e o diminuído continuou a roubar, que nada lhe chegava para a sofreguidão apresentada, horrível pecado, ainda por cima mortal.
O povo insurgiu-se, que quando a justiça não age, a população sente um direito supremo, que nasce cá dentro, como se legítimo fosse, aplicar o que se entende, a fim de punir quem no meio da desgraça, se desgraça ainda mais, como se de resto o caminho, nem fosse sempre esse. E logo um daqueles, que nem é bem gente, não se vai pronunciar sobre nada, que nem meios tem, e ainda para mais, sabe que roubou, logo come e cala, e é mesmo assim que tem de ser.
Ora justiça de mãos iradas é justiça de mãos iradas, que as gentes quando se assanham, ainda para mais em grupo e com sede de vingança, nem olham a meios, e só pensam nos fins, e ali, o fim, era dar uma lição de vida a quem tanto roubava, sem nunca ser punido, ora vamos lá então a isso. Juntam-me mãos e outras partes, unem-se as forças tamanhas e tacanhas, e leva-se aquele ser diminuído para dentro de algo distante. Usa-se, abusa-se, e deixa-se lá, que é para aprender a ser gente.
Descobre-se o crime, nem sei porque meandros, e então surgiu justiça mais séria, parecendo até, que o Mundo em volta acordou. Puniram-se os Homens justos, encaminhou-se o diminuído, e a vida segue assim muito mais calma. O diminuído está agora acompanhado, nunca tinha estado, nem tinha sido preciso. Ele roubava e subsistia, é a lei da vida, foi preciso ser enrabado para darem por ele, o olharem nos olhos, e orientarem caminho. Os outros estão onde merecem, nada mais há a fazer, e finalmente está tudo sossegado lá na aldeia.
E a isto chama-se justiça. Mas poderemos falar ainda de mais coisas, como sociedade, igualdade, direitos e afins. Ou outras ainda que não me ocorrem agora.

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