Do que nos transparecem, pouco se nos dão a conhecer, é o que é, que as pessoas são mestras em transmitir constructos, do que lhes apetece, do que consideram ser aceite, do que julgam politicamente correcto e do que intrinsecamente sabem que não as irá comprometer, tal como o vestido preto, ou ainda, só porque sim. Nem que isto seja uma crítica, sendo sim uma característica comum, que todos desenvolvemos e construímos o que transmitimos. E assim se criam imagens, que cremos e seguimos, inundadas de feitiços, que nem sabemos o que escondem por detrás, que pode até ser pouco, ou pode até ser muito, depende. Nem é preciso sabermos, claro que não, que a intimidade é uma coisa nossa, muito nossa, só nossa, arrisco dizer, ou de mais alguém se assim o entendermos, que mesmo quem perto está, pode em nós não entrar, pelo menos no mais profundo Eu. É uma capacidade do ser humano, à qual nem sei bem que chame, talvez reserva não fique mal.
Nem me causa curiosidade essa intimidade alheia, que de resto, nem me baseio nela para nada, que nas relações pessoais julgo saber o suficiente, nem preciso de muito, e as que me estão distantes, em nada me interessam. Gentes há que se alimentam delas, numa busca incessante de vidas de outros, como se delas necessitassem para o avanço das suas, terrível fraqueza, desorganização, o que queiram chamar-lhe, sendo possível até, para uma melhor explicitação, entrarmos em processos psíquicos importantes, mas nem o vou fazer que não vem ao caso.
Não deixo porém de me espantar, quando passo de um nível a outro, coisa que até pode acontecer de forma imprevista, intempestiva, por uma obra de um acaso completamente inopinado, pelo que de repente me encontro com alguém que julgo até conhecer, e conheço, do tal nível inferior. Mas que entra por ora em outro nível, para me deixar transparecer que o ar sério e compenetrado mais não era do que um artefacto, uma imagem, por assim dizer, que na realidade ouve Guns'n Roses e não George Michael, coisa que me espantou em demasia, entre outras coisas. Nem devia, que a tal pessoa, possivelmente, até achava que eu gostava de licores doces, e entretanto descobiu que eu gosto mesmo é de Gin Tónico. Entre outras coisas.
É um desafio conhecermo-nos...é um desafio ainda maior conhecermos os outros...
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