domingo, 24 de outubro de 2010

Tradições

O convite aparece esperado, ou não fora hábito os santos passarem-se na terra, na mesa quadrada onde se senta um considerável número de pessoas, que me faz lembrar tempos idos, outras mesas, com outras gentes, que de súbito se afastaram na ausência do laço, já pressentido ainda antes da partida.
Nem bem sei justificar distâncias, que de resto, não me perco a analisa-las, que a falar coerentemente, quando surgem em imposição de quem por ventura delas necessita, há que respeitar, que no que me toca, nem me presto a rogar presenças, como aliás, não me presto a qualquer rogo, seja ele de que tipo for, para o que for, ou com quem for. Não vem de sempre, que momentos houveram, em que se me insurgiu, até perceber, que o sabor das dádivas que rogava, era detentor de um amargo que nem bem explicava, pelo que por isso, em boa hora os deixei.
O borrego assado no forno constitui invariavelmente o repasto, rodeado de batata e arroz branco, regado com um bom tinto, e rematado com broas de mel e vinho do Porto. Na porta surgem crianças com sacos de atilho, que há anos se usavam para comprar o pão, e que recolhem ainda hoje o de Deus, a um de Novembro, invariavelmente, simbolismo católico que deveremos cumprir, sob pena de castigo divino, como a ausência da fartura no ano novo que se avizinha.
De véspera, na noite que se diz ser pertença dos finados, rumam procissões de candeia acesa em romaria ao cemitério, onde os despojos das gentes que já partiram, recebem rezas, flores e luz. No dia, dos Santos, das broas e do pão por Deus, encontramos pois todas as campas floridas, quer estejamos a Norte, a Centro ou a Sul, enfeitadas de flores secas, plásticas, ou naturais, que dizem a quem lá passa, quais os mortos zelados e quais os que ninguém quer zelar.

Não gosto de cemitérios, não me dou muito a tradições, e complicam-me os actos das gentes.
E actos surgem aqui, tal qual como no Teatro.

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