Olha-me a direito, sem receios, gosto disso, não por nada em especial, apenas e só porque me transmite segurança interna. Tem dez anos, uma família estranha, que o julga a ele, estranho também.
Nem por isso é fácil consciencializar quem circunda, que o erro, a falha, a desadaptação, nem será por vezes a pobre criança, mas sim a família envolvente, muitas das vezes carenciada de ajuda e intervenção, impossível de dar à partida, que nem sequer a solicitou, nem sequer a necessita, pior, é quase perfeita, porque há-de querê-la?!?!
A busca da ajuda, quando dela se carece, surge facilmente quando dirigida a terceiros, muitas vezes crianças, que se desadaptam porque são frágeis, o que se revela nos resultados escolares, nos sonhos maus, no medo do escuro, na enurese nocturna. O cerne, porém, está frequentemente no seio familiar, que também ele apresenta sinais, que amiúde nem vê, ou se vê, finge que não vê, atitude típica do adulto. E na procura da solução, inicia-se o processo pelo fim, esquecendo a causa, a origem, somos assim em tanto, que chega a afligir.
E espera-se, não raras vezes com ansiedade estampada no rosto, um resultado efectivo, concreto e palpável, que deverá surgir num instante, como se a criança, fosse um robot programado e eu um programador, que na hora de cinquenta minutos (Robert Lindner assim lhe chamava), faça uma magia de precisa exactidão, sendo que o resultado aceitável, será um menino calmo e tranquilo, sem medos e desadaptações.
Quase tão difícil como o truque de magia, é a tomada de consciência por parte dos pais, de que o ponto de partida, pode até nem ser o pequeno ser detentor do sintoma, mas sim a envolta, por demais agreste para que nela se desenvolva sem desassossegos grandes. E que para que a readaptação se equacione, será necessário o envolvimento efectivo de todos, e não só da criança, que constitui muitas das vezes, apenas e só, o reflexo do problema.
E este foi mais um dos dias, em que me pediram demais.
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