O meu filho baptizou-os de baldas, com ajuda do avô, que se presta a estas paródias. Levam um avental amarelo, um penico na cabeça, e andam assim, até Novembro no mínimo, pelas ruas da cidade. Hoje bem cedo, um grupo considerável contava as pedras da calçada, mesmo em frente ao quiosque onde compro o jornal. Iam-se enganando, e recomeçando do início, que o veterano, de capa em riste, não admitia falhas. Mesmo ao lado, um grupo feminino fazia a dança da chuva, coisa que até parece fácil, que o dia está cinza, mas chuva nem vê-la, pelo que as moças continuavam.
Muito se fala, muito se opina em relação às praxes, adoradas por muitos, repudiadas por outros tantos. Nem me parecem de extrema ofensa quando se mantém a dignidade, encarando-as como uma saudável brincadeira de integração, potenciadoras de uma melhor adaptação de quem chega de novo e ninguém conhece. O problema surge quando se ultrapassam limites, ao que me vem à memória de imediato, a sofrida pela minha irmã, que levou um banho literal de bacalhau apodrecido, ovos e leite, tudo devidamente marinado sob o sol de Outono, durante alguns dias. Um horror, a ser evitado, sem dúvida.
Quanto às outras, as inofensivas, nem me parece que atentem ninguém, embora admita a existência de quem a elas não queira sujeitar-se, a respeitar, obviamente.
Quanto a mim, a memória mais caricata que tenho, é de ter estado umas boas duas horas dentro de um armário, no qual deitava a cabeça de fora e gritava cucu-cucu, a cada quarto de hora.
Um must, sem dúvida.
As praxes, bem como as partidas de carnaval, fazem parte das nossas tradições. Devem manter-se, passadas de geração em geração, serem divulgadas e respeitadas no seu conceito original. O resto são desvios, a irradicar. Boa semana :)
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