quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Bom senso

Olhei para os seus olhos, e não sei muito bem o que li. Não gosto disso, porque, por norma, sou boa leitora. Qualquer coisa entre tristeza e dor. Sim, talvez fosse. Por norma, e por uma questão de princípio não distribuo esmola aqui e acolá. É um assunto delicado, eu sei. Nunca saberemos ao certo qual a verdadeira necessidade de quem pede. Abro algumas excepções, que avalio, de forma ténue, e perfeitamente falível. Hoje foi uma dessas situações. No mesmo parque de um grande estabelecimento comercial, encontrei, num espaço de minutos, duas pessoas. O mesmo discurso, o mesmo pedido. Ambos tinham pensos, e ela, tinha ainda o tradicional Almanaque Borda d'água. O meu Bisavô tinha sempre o Almanaque. Lembro-me como se fosse hoje, das mesmas folhas, da mesma capa. Fui abordada primeiro por ela, com uma criança no colo. Uma criança com um ar de desmazelo constrangedor. Confesso que estas são das que mexem comigo. Dei-lhe o que entendi, e não quis nem os pensos, nem o Almanaque. Segue-se o segundo. Já atrasada, e cheia de compras, digo-lhe que não tenho nada. Mas fiquei, a olhar de relance nos seus olhos. Fixos nos meus. Não sei, nem saberei nunca. Nem ao certo o que li, nem se o meu bom senso funcionou.

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