quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dos meus tesouros...


Pela manha, e sob influência de uma boa cor, acordo mais bem disposta. O sol escondido entre a nublina matinal acerta-me, ainda que timidamente, e a péssima disposição da véspera some-se, como que por magia. Após as voltas do costume, solicito um favor ao meu pai. O meu pai, é uma Pai com um P gigante. Um Homem na casa dos 50, reformado precocemente, sob leis abonatórias a quem fez serviço fora, em tempo de guerra. Um serviço que, para sorte dele, ao contrário de muitos, mais não foi do que a estada durante alguns meses, num acampamento, algures em Maputo. Onde se jogava ás cartas e comia lagosta. Desde a reforma militar, dedica-se a actividades, misturadas entre contabilidade, e agricultura. Nada a ver uma com a outra, mas enchem-lhe os dias de prazer, e isso é que importa. No seu percurso de vida, e através da sua capacidade de conquista, encontro muitas vezes resposta, quando me surge a dúvida, de se vale a pena lutar. Nas horas livres, ou nas horas em que se impõe, assume-se como o braço direito das filhas e, acima de tudo, do neto, com uma dedicação como não há. Com um zelo e uma paciência quase infinita, executa muitas das actividades que atribuímos normalmente ás avós. A diferença é que ele é avô. O meu rebento tem nele, sem qualquer dúvida, a maior figura de referência masculina. Logo, para além de um Pai com P grande, é um Avô, com A enorme. Já lho disse, por palavras disfarçadas, porque ele não é lá de grandes lamechices. Mas ás vezes tenho uma imensa vontade de lhe saltar ao pescoço, e lhe dizer que é uma das Grandes Pessoas da minha vida. Se calhar ainda lhe calha, assim, num dia em que me apanhe com uma vontade incontrolável, de manifestar carinho por quem gosto. Ás vezes assaltam-me esses dias, e hoje é um deles. Tem um senão imperdoável. É Sportinguista e tendencioso. Um grave problema, como devem perceber. No meio de tanta coisa, até lhe perdoo esta humilde fraqueza. Só não sei se lhe vou perdoar o arrastamento do neto. Assim, à minha revelia.

3 comentários:

  1. Salta-lhe ao pescoço, sem hesitar. Primeiro para o apertar por causa de estar a arrastar um inocente para uma causa perdida. Depois para lhe manifestares o carinho, pois nunca é cedo para fazer tal coisa.

    Um beijo, gosto mesmo da forma como escreves, jove.

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