quinta-feira, 4 de março de 2010

Nós, Mulheres

Abro o I on line, com frequência. Tudo, porque a minha vida profissional agitada, nem sempre me deixa tempo, para o ler em papel, coisa que prefiro mil vezes. Para já, porque jornal é de papel, e pronto. É daquelas coisas ancestrais. Depois, porque tem um genial agrafo no meio, que lhe vale por si só, a minha simpatia. Acabou de vez com as minhas peregrinações aflitas na areia da praia, época em que leio com assiduidade, em busca de folhas soltas ao vento, enquanto com a outra mão agarrava o chapéu. Nada condigno com uma Senhora, convenhamos.
Fico porém desiludida. Patetice, talvez, pois é só um número que traduz factos que todos nós, tão bem conhecemos. Em média, a Mulher recebe menos 240 Euros mensais do que o Homem. Aprazia-me, saber porquê. Trabalhamos menos? Errado. Na maioria das vezes, trabalhamos igual, ou então mais. Trabalhamos pior? Não. Trabalhamos com o mesmo afinco, dedicação, vontade e competência. Trabalhamos em cargos inferiores? Não, nada disso. Partilhamos cargos de poder e chefia, com os Homens. Que nos leva aqui? O que nos leva aqui, digo eu, numa linha de pergunta e resposta, são tradições de séculos, de subestimação e inferiorização feminina. Se houve mudanças? Houve, claro que sim, mas estamos longe, muito longe. Se existem culturas piores? Claro, mas falo da minha que é a que conheço melhor. Se fico satisfeita com as constatações? Nada. Não tenho qualquer dúvida, de que desempenho o meu cargo com toda a competência, e que nenhum Homem o faria melhor do que eu. Não tenho qualquer duvida também, de que se o meu lugar fosse ocupado por um, teria uma remuneração superior.
Fico peada, e não gosto. Sinto uma impotência tamanha nestes fenómenos sociais, que se entranham nas mentes, e se perpetuam por gerações. A culpa é deles, oiço, por vezes dizer.
A culpa é deles e a culpa é nossa. Em suma, é uma culpa social, logo imputável aos dois. Para mim, ligadas de perto a outras questões, como a Mulher ser da casa e o Homem ser da rua.
Apesar de se caminhar para alguma evolução neste sentido, ainda assisto com frequência a discursos do tipo ( normalmente proferidos por Senhoras):


- A Maria farta-se de trabalhar.
- Pois, mas não faz mais que é a sua obrigação.
- Olha ali o Manel a estender roupa, enquanto a mulher passeia.
- Tens razão. É um desgraçado, coitadinho.

O bom, seria o caminho para a igualdade, com o respeito pelas diferenças. Isso sim, seria bom. Talvez impossível, mas ainda assim, bom.

2 comentários:

  1. Mas esta questao social tem um senao que é a "licença de parto". Os homens nunca vao estar pelo menos 6 meses em casa, e qualquer mulher que trabalhe a recibos verdes, já sabe o que lhe acontece se engravidar... Fico doente com isto!

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  2. Não sabia que a licença de parto agora é de 6 meses!!! E ouvi dizer que os homens também têm direito a ela. O único direito que eles ainda não ganharam foi o de sofrer as dores do mesmo...

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