segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Injustiças

Às vezes, numa amalgama interna estúpida de tão intensa, ainda consigo intrigar-me com as injustiças do Mundo. Como se nem nascêssemos à partida todos diferentes, como se logo ali, no primeiro rebento do choro, que pode vir de nós e da nossa força ou de alguma dor infligida por algum agente externo que muito nos quer ver a berrar, ou não fôramos nós perecer logo à nascença, não fossemos já todos diferentes, embora se diga que somos todos iguais.
Nem sequer muito me debruço em crises existenciais sem eira nem beira, que é o caso, pela ausência de resposta, nem sequer sobre qual o ser supremo que se incumbe destas amargas divisões, de se poder nascer vivo ou quase morto, ou de se poder viver com alma e com vida, ou num arrastar de corpo mortiço e fraco, com pouco a perder por já nada se ter. Ainda assim, despoletado por alguma leitura, injustiça suprema ou outra que me desperte para a vida em momentos de alguma acalmia interna, entro em desassossego, e acabo por me questionar a mim mesma, nem sei bem o porquê, mas até arriscaria a dizer que o faço, porque em nenhum outro lado encontro resposta, e mais vale procurar em mim, prosseguindo porém na ignorância. Ainda que me canse na busca, que rebusque e procure com o afinco de uma curiosa inveterada, as conclusões a que chego em nada me satisfazem que também peco por isso, poderia concluir que é assim porque assim é, nem exigir mais explicação ou dogma, mas ao invés fico intrigada.
Ainda ontem, mesmo a propósito, sou abordada por duas Testemunhas de Jeová, que me tentam prender na beira delas para me explicar o mal e o bem do mundo, ao que eu lhes sorrio, imediatamente antes de seguir o meu caminho. Até me pareceria bem que a religião me chegasse, que a fé e a doutrina de Cristo me explicassem o porquê de uns terem sorte e outros azar, o porquê de uns serem saudáveis e outros enfermos, o porquê de uns terem anos e outros terem minutos, para além de centenas de milhares de outros pormenores que nos moldam a existência. Podem nem crer, mas até já tentei o caminho, numa infrutífera esperança de compreensão que a nada me levou, pois em nada me simplifico na vida, que seria tão mais fácil explicar tudo à luz dos mitos. Posto isto prossigo, na busca de algumas explicações que me fazem falta, a mim, uma sôfrega na existência. Mas existem caminhos sem fim, temo dizer, e eu às vezes perco-me lá.

1 comentário:

  1. Pior que os Jeovás, só os tipos dos cartões de crédito nos centros comerciais :)

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